62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NA ZONA RURAL DO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO
Maria Soraya Pereira Franco Adriano 1
José Ferreira Lima Junior 2
Rosimeire de Farias Oliveira 3
Fabiola Galbiatti de Carvalho 4
Franklin Delano Soares Forte 5
Fábio Correia Sampaio 6
1. Escola Técnica de Saúde de Cajazeiras, Universidade Federal de Campina Grande.
2. Escola Técnica de Saúde de Cajazeiras, Universidade Federal de Campina Grande.
3. Escola Técnica de Saúde de Cajazeiras, Universidade Federal de Campina Grande.
4. Laboratório de Biologia Bucal - LABIAL / UFPB.
5. Departamento de Odontologia; Laboratório de Biologia Bucal - LABIAL / UFPB.
6. Profº. Dr. / Orientador - Departamento de Odontologia; Laboratório de Biologia B
INTRODUÇÃO:

As alterações no ambiente interferem na saúde humana e contribuem para elevar os custos empregados no tratamento de doenças . Nesse sentido, a vigilância da qualidade da água para consumo humano compreende um conjunto de ações adotadas continuamente pela saúde pública, para verificar se a água consumida pela população atende aos padrões ministeriais e para avaliar os riscos que os sistemas e as soluções alternativas de abastecimento de água representam para a saúde humana. A água para consumo humano deve atender aos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos para que seja potável e não ofereça riscos à saúde. A vigilância e controle da qualidade da água impõem a constante análise dos laudos para verificação dos seus resultados em conformidade com os padrões de potabilidade e critérios estabelecidos pela portaria 518/2004 do Ministério da Saúde. Frente ao exposto, coloca-se como desafio a vigilância das fontes de águas em zonas rurais onde há dificuldade decola e operacionalização nas análises. O objetivo desta pesquisa foi verificar os padrões de potabilidade das águas para consumo humano na região de Brejo das Freiras, zona rural do município de São João do Rio do Peixe, área do semi-árido paraibano.

 

METODOLOGIA:
As amostras de água foram coletadas em 7 poços artesianos e 2 reservatórios de superfície da zona rural de São João do Rio do Peixe/PB em agosto de 2009.  As fontes de coleta foram selecionadas pela comprovação de uso da água para consumo humano. Nas coletas foram usados sacos plásticos de coleta assépticos (Colilert). Foram analisadas in loco em veículo-laboratório da Divisão de Engenharia de Saúde Pública (DIESP) da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA (Paraíba). O substrato cromogênio (Colilert) definido ONGP-MUC quantitativo para detecção via enzimática de Coliformes e Escherichia coli foi adicionado ao recipiente de coleta. Uma alíquota de 100 ml foi retirada em um frasco, que foi agitado até a completa diluição e transferida para uma cartela que através de uma seladora possibilitou a distribuição da amostras nas caselas. Em seguida, a cartela foi incubada a 35ºC em estufa por 24 horas. A leitura foi feita com auxílio de uma lâmpada ultravioleta (115 volts, 6hz, 20 AMPS), quando da presença de coloração amarela na solução da cartela. O teste era positivo para coliforme total se a cúpula mantivesse a coloração amarela e, para coliforme fecal se apresentasse coloração azul. O teste era negativo com ausência de coloração. Os resultados foram expressos de acordo com a tabela NMP .
RESULTADOS:

Todos os poços avaliados apresentaram Coliforme total. A maioria com valores acima de 200,5 NMP.  Das 9 fontes de água avaliadas, a presença de Escherichia coli foi observada em 8 amostras . Observou-se que na maioria dos poços houve contaminação após a saída da fonte, um resultado indicativo de contaminação de rede. Portanto, a avaliação microbiológica realizada nas águas que abastecem as comunidades em tela revela que não estão de acordo com as normas de potabilidade para o consumo humano. Considerando que os coliformes estão presentes em grandes quantidades nas fezes do ser humano e dos animais de sangue quente, é possível que a contaminação seja minimizada pelo adequado uso do solo, manejo agropecuário e principalmente normas de higiene e reposicionamento de fossas e áreas de dejetos. A presença de coliformes na água não representa, per si, um perigo à saúde, mas indica possível presença de outros organismos causadores de problemas sanitários. A presença de Escherichia coli evidencia a contaminação fecal da água, pois tal bactéria é exclusiva da microbiota intestinal de mamíferos. Vale ponderar que a idéia de que as águas subterrâneas estão livres de contaminação externa não é verdadeira e estas podem ser contaminadas por fezes humanas ou de animais. 

CONCLUSÃO:

As águas de consumo humano na Vila do Brejo, zona rural do município de São João de Rio do Peixe - PB, necessitam de implantação de sistema de tratamento da água que contemple um processo de cloração coletiva da caixa de abastecimento público; bem como distribuição de hipoclorito de sódio a 2% para as famílias que utilizam fontes alternativas de abastecimento de água in natura, tais como poços, cacimbas e cacimbões. Frente aos resultados apresentados, é premente a necessidade de se adotarem medidas para minorar o risco dos agravos a saúde. Dessa forma, vislumbra-se que o processo de cloração contribua para prevenção das doenças de veiculação hídrica na comunidade, para que as águas distribuídas possam contemplar os requisitos estabelecidos pela legislação vigente, reduzindo os altos indicadores de doenças diarréicas historicamente presentes. Portanto, cabe aos responsáveis pelos sistemas de abastecimento manter e controlar a qualidade da água produzida e distribuída, observar o preceito da promoção de boas práticas em todo o sistema de produção/abastecimento e prestar contas ao setor de saúde e ao poder público consumidor.

Instituição de Fomento: CNPq (Processo: 576703/2008-7 - Edital CT-Hidro/CT-Saúde nº 45/2008 - Água e Saúde Pública e Edital
Palavras-chave: Consumo Doméstico de Água , Coliformes, Vigilância, CT-Hidro nº 22/2009) .