62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica
PREVALÊNCIA de Intercorrêcias clínicas e Obstétricas em Adolescentes
Samia Valeria Ozorio Dutra 1
Anna Cristina da Cruz Bezerra 2
Camila Nunes dos Santos Cavalcanti 2
Francisco Arnoldo Nunes de Miranda 3
1. Curso de Enfermagem - UNP. Mestranda PGENF - UFRN
2. Curso de Enfermagem - UNP
3. Graduação e Pós-graduação em Enfermagem - UFRN
INTRODUÇÃO:

Em nível mundial, de cada 100 adolescentes entre 15 e 19 anos, 5 se tornam mães por ano, o que corresponde a cerca de 20% de todos os nascimentos. O dado per si torna-se preocupante, pois, se reconhece que a gestação nesta faixa etária caracteriza-se como gestação de alto risco, portanto, uma das principais preocupações obstétricas em geral, particularmente em adolescentes. Sabe-se que a adolescência compreende, para efeito metodológico e terapêutico, aquelas situadas na faixa dos 12 aos 15 anos, consideradas como vulneráveis e potencialmente maior prevalência e incidência de complicações do que naquelas na faixa dos 16 aos 19 anos. Neste sentido, o presente estudo objetiva: diferenciar as intercorrências de gestantes adolescentes por ocasião do parto nos dois grupos etários a partir da pesquisa documental.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo documental, com abordagem quantitativa e descritiva, realizado através da consulta aos prontuários de gestantes adolescentes atendidas na Maternidade e Hospital Dr. José Pedro Bezerra, no Município do Natal/RN. Destaca-se o deferimento pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Potiguar, Protocolo 0099.0.052.00-09. Para a coleta dos dados, partiu-se de um universo de 386 prontuários no setor de arquivos da instituição. Determinou-se um plano amostral ao nível de 5% que resultou em uma amostra aleatória de 196 prontuários relativos ao primeiro semestre de 2009, estratificados proporcionalmente de acordo com os meses: janeiro (29); fevereiro (27); março (29); abril (38); maio (33) e junho (40).

RESULTADOS:

A partir do número absoluto de casos de intercorrências, utilizou-se o cálculo de percentual simples, obtendo-se a prevalência das intercorrências na amostra do estudo. Assim, do universo de 196 parturientes, 128 apresentaram intercorrências (65%) no intercurso do pré-parto ao puerpério. Os achados de maneira geral apresentam-se consoantes aos demonstrados na literatura pertinente, os quais influenciam tanto nas intervenções do parto quanto nas sequelas da mãe e do bebê: Doença Hipertensiva Específica da Gravidez(DHEG) com 48 casos(26,7%), trabalho de parto prolongado com 48(26,7%), prematuridade com 39 (21,7%), anemia com 33(18,3%), infecção puerperal com 9(5%), hemorragia pós-parto com 2 (1,1%) e ruptura prematura de membranas com 1(0,5%). Em atenção ao objetivo do estudo a partir dos dois subgrupos, obteve-se: nas adolescentes precoces (30, de um universo 196), a intercorrência mais vista foi a DHEG, com 9 casos (30,6%). Em seguida, a anemia com 8 (27,3%) e, então, 6 de prematuridade (20,5%). Com menor incidência, houve: trabalho de parto prolongado com 3 casos (10,5%), infecção puerperal com 2 (7,2%) e hemorragia pós - parto  com apenas 1 caso (3,9%). Apesar de bastante citada na literatura, nesse sub-grupo etário não foi encontrado nenhum caso de ruptura prematura de membranas. Já nas adolescentes tardias (166 prontuários do universo total - 196), a principal complicação foi o trabalho de parto prolongado com 45 casos (28,5%), seguido de DHEG com 39 (24,8%), prematuridade com 33 (21,1%) e anemia com 25 (16,3%).As menos incidentes foram: infecção puerperal com 7 casos (5,5%), hemorragia pós-parto e ruptura prematura de membranas, cada uma com 1 caso (1,9%).

CONCLUSÃO:

Sem as pretenções de generalização conclui-se que a maioria das gestantes adolescentes (65%) apresentou algum tipo de complicação corroborando com a literatura por encerrar a maior incidência de complicações obstétricas nesta faixa etária. Quanto às complicações, destaca-se uma incidência em comum de DHEG e prematuridade nos dois sub-grupos avaliados (adolescentes precoce e tardio), assumindo a posição das três intercorrências mais incidentes e prevalentes. Constatando-se que não existe uma diferença significativa de intercorrências entre adolescentes precoces ou tardias, uma vez que seus valores são semelhantes se comparados proporcionalmente. De modo geral, a participação de adolescentes e jovens nos serviços de saúde no Brasil ainda é muito pequena havendo a inserção deste público no serviço apenas no início da vida sexual. Tal fato, demonstra a demanda de construção de uma proposta metodológica sobre a atenção à adolescência e à juventude no SUS, garantindo a autonomia e liberdade das mulheres e meninas sobre seus corpos como dimensão fundamental da saúde, ou seja, de um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não de mera ausência de enfermidade.

Palavras-chave: Gravidez., Gravidez na adolescência., Complicações na gravidez..