62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
A QUEBRA DE VÍNCULOS E A DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A SOCIEDADE CONJUGAL.
Janielle Guedes Pontes 1
Moíza Siberia Silva de Medeiros 2
Maria Thaianna Barbosa Simplício 1
1. Curso de Serviço Social - CESA - UECE
2. Mestrado Acadêmico em Políticas Públicas e Sociedade - MAPPS - UECE
INTRODUÇÃO:
Conviver pressupõe fazer parte da sociedade, auxilia na manutenção dos laços afetivos, no desenvolvimento da cidadania e respeito aos outros indivíduos. Historicamente, a valorização social do casamento fez com que as pessoas casadas fossem de alguma maneira, mais respeitadas do que as solteiras e divorciadas. Neste sentido, o casamento teria uma função social determinada: A de dignificar o indivíduo. Porém, vivemos em uma época em que, quase nada é feito para durar para sempre, e leva a marca do temporário e do transitório, desde os bens de consumo, até as relações sociais e afetivas. Nesse contexto, tornou-se comum na nossa sociedade, os casais passarem por vários divórcios e recasamentos. Tais fenômenos parecem estar associados também às diferenciações do papel da mulher no seio da família e do mercado de trabalho. Avaliando a família como cerne principal de transferência de valores sócio-culturais, de valores subjetivos e simbólicos, a relevância deste trabalho está associada à necessidade de entender sobre o que contribui para o decaimento da família nuclear a partir da dissolução do casamento. Este trabalho teve, ainda, por objetivo, desvendar quais as possíveis motivações e condicionantes que impulsionam a dissolução do casamento por meio do divórcio.
METODOLOGIA:
A fim de alcançar os objetivos elencados para a pesquisa que deu base a este trabalho, foi realizado estudo misto complementar, posto que o estudo primordialmente qualitativo foi complementado por dados estatísticos. Estes correspondem aos dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, acerca do número de divórcios e casamentos realizados entre os anos de 1993 a 2003. Como método de pesquisa para coleta dos dados qualitativos, utilizou-se a história oral, pois permite partir da concepção conferida pelos próprios sujeitos às suas experiências e motivações e como técnicas de pesquisa a história de vida e, de forma complementar, a entrevista semi-estruturada. O grupo pesquisado foi indivíduos separados, mais especificamente, homens e mulheres divorciados legalmente, em condições de falar sobre esse processo. Os dados foram analisados a partir da técnica de análise de conteúdo, embasada pelo estudo bibliográfico, empreendido acerca das seguintes categorias: família a partir de Bruschini (1995) e Engels (1884), casamento e suas implicações através das formulações de Maldonado (1995) e Campos (2003) e para vislumbrar as atuais configurações da sociedade contemporânea e dos vínculos sociais, Bauman (2004).
RESULTADOS:
A análise dos dados coletados pelo IBGE revela que o índice de divórcios no país tem tido crescimento contínuo, e cresce na mesma proporção que aumenta o número de casamentos. As possíveis interpretações para tal fenômeno podem estar associadas aos fatores descritos a seguir. Nos casais entrevistados percebeu-se que a motivação para o casamento, em sua maioria, não é a construção de uma vida nova, mas o desvinculamento da vida anterior. Algumas uniões são mantidas como verdadeiro ato heróico em que ambos, ou somente uma das partes sacrificam-se para manter a relação. Busca-se muitas vezes relações paralelas à relação conjugal devido à crise e à frustração na união, em alguns casos, buscadas com o fim de disfarçar a sensação de aprisionamento. Outro possível fator motivador, é o casamento por conveniência, neste, o que une o casal são as relações de interesses materiais e sociais, com o fim de dividir despesas. Por esse motivo, também há dificuldades no divórcio, pois para alguns separar-se significa perder um meio de vida, uma renda mensal.
CONCLUSÃO:
Percebeu-se que algumas das possíveis motivações do divórcio e da quebra de vínculos podem estar associadas, em síntese, a condicionantes subjetivos, objetivos e sociais, os quais estão intrinsecamente ligados. As principais causas da dissolução da sociedade conjugal se relacionam, em sua maioria, às configurações da sociedade contemporânea que são permeadas por relações facilmente solúveis, líquidas e pautadas, em geral, pela falta de tolerância e respeito ao outro. Também existem novas possibilidades de arranjos familiares, muitos deles influenciados pelo forte apelo ao individualismo, pela necessidade incessante de novas realizações, pelo consumismo desenfreado como forma de autodeterminação, ligados à lógica consumista e às modificações nas relações de produção que, consequentemente, interferem e refletem nos vínculos humanos.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Programa de Monitoria Acadêmica - PROMAC - PROGRAD - UECE
Palavras-chave: Casamento, Divórcio, Sociedade Conjugal.