62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
FOLHA TOUROS (SB.25-V-C-II): o uso do sensoriamento remoto para avaliar a evolução temporal dos depósitos eólicos não-vegetados.
Lucyanno dos Reis Fernandes 2, 1
Ricardo Farias do Amaral 2, 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
2. LABORATÓRIO DE ESTUDOS GEOAMBIENTAIS - LEGEO - DGEO - UFRN
INTRODUÇÃO:
A realidade do litoral norte riograndense, em virtude de sua paisagem natural (dunas, falésias, recifes de arenitos, etc) e do clima tropical, tem atraído pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo, viabilizando o desenvolvimento da atividade turística de caráter litorâneo no Estado. Todavia, a indústria do turismo é grande geradora da degradação ambiental diminuindo a qualidade dos serviços ambientais fornecidos por essa zona litorânea. Dentro da perspectiva de monitoramento ambiental das praias, outro componente sensível às pressões antrópicas são as dunas. As forças expressivas das correntes de vento implicam num efetivo transporte de sedimentos, conseqüentemente as dunas não-vegetadas apresentam grande mobilidade, tornando o ecossistema dunar altamente dinâmico e frágil, uma vez que ao ser invadido por construções torna-se objeto de fácil degradação. Sendo assim, o trabalho proposto tem por objetivo analisar a zona costeira emersa referente à Folha Touros (SB.25-V-C-II) sob ponto de vista da evolução temporal (1988 à 2001 - LandSat5 TM - LandSat7 ETM+, respectivamente) dos depósitos eólicos não vegetados (dunas livres ou não-vegetadas), por meio de técnicas de sensoriamento remoto, processamento de imagens digitais e dos sistemas de informações geográficas (SIG).
METODOLOGIA:
A metodologia foi dividida em duas etapas. CAMPO (1): Identificação das unidades geológicas com relevância ambiental presentes na área de estudo (limites da F.Touros). Com a finalidade de realizar um posterior mapeamento temático, antecipadamente, foram definidos pontos (coordenadas geográficas - UTM: WGS 84-25s) para que fossem correlacionados os padrões exibidos pela imagem de satélite (paisagem de Folha Touros) com a realidade de campo. O intuito foi demarcar os afloramentos de rochas com uso do GPS (Global Position System), além das coordenadas, os afloramentos foram registrados em fotos. MAPEAMENTO (2): Processamento de imagens digitais (PDI) para avaliar a evolução temporal das dunas móveis. Na geração da imagem colorida, optou-se pela combinação RGB742 para diferenciar e destacar na imagem as unidades da paisagem. Com o intuito de extrair informações de textura e relevo das dunas o sistema usado foi o espaço de tratamento de dados espaciais HSI742. A partir deste ponto, as duas imagens foram classificadas pelo método supervisionado (maxver) gerando um produto temático final, que ilustrou a disposição espacial dos campos de dunas para 1988 e 2001. Quantificou-se a área total das dunas, onde a diferença entre áreas retrata a evolução temporal das dunas no intervalo de 13 anos.
RESULTADOS:
Na etapa 1, foram coletados cerca de 126 amostras dos 146 afloramentos de rocha visitados. As fotos, os pontos plotados na imagem e as amostras analisadas, permitiram o mapeamento das seguintes unidades da paisagem (depósitos): Depósitos eólicos não-vegetados, eólicos vegetados, eólicos de lençóis de areias, lacustre, aluvionares recentes e Formação Barreiras. Na etapa 2, as imagens foram trabalhadas em 2 sistemas de tratamento, o rgb742 e o hsi742 (estatística das bandas); o primeiro tem por objetivo extrair informações inerentes a diferenciação das unidades geológicas (e ambientais). Como resultado foi gerado uma imagem com diferentes tonalidades de magenta à ciano, onde as dunas não-vegetadas destacaram-se pela cor vermelha. O segundo sistema gerou um novo produto imagem com as mesmas diferenciações de cores, no entanto, para o alvo de estudo em questão a grande vantagem de manipular a imagem no sistema IHS foi o realce, nesse tratamento foi possível observar visualmente a direção dos campos de dunas em função da suas formas. Por fim, foi gerado um mapa temático de uso e ocupação do solo (classificação estatística) e a partir deste, a área dos campos de dunas foi quantificada em km². Em 1988 a área total das dunas foi 67 km² caindo para 35 km² em 2001, perda aproximada de 46%.
CONCLUSÃO:
O esforço de campo foi fundamental para que o mapa criado resultasse em uma ilustração temática fiel e representativa da paisagem Folha Touros, em função, evidentemente, das unidades geológicas definidas. A análise e a manipulação das imagens digitais permitiram identificar, extrair informações e transformar a imagem de tal modo que as dunas não-vegetadas fossem facilmente discerníveis na imagem. O processamento no sistema IHS permitiu categorizar grande parte das dunas livres presentes na Folha Touros como dunas em formato parabólico. A falta de planejamento para ocupação da área costeira implicou no comprometimento da dinâmica natural das dunas não-vegetadas, onde as mesmas, devido expansão dos grandes empreendimentos turísticos, sofreram uma relativa perturbação ambiental. A perda considerável de 46% da cobertura original (em 1988) é de fato conseqüência direta do uso e ocupação do solo mal organizado. Evidentemente, que a falta planejamento sustentável sugerido aqui, tem intuito de proporcionar acima de tudo a preservação da zona costeira da Folha Touros, dos seus dinâmicos campos de dunas não-vegetados e principalmente, das unidades geológicas presentes na área.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES (bolsista)
Palavras-chave: Dunas não-vegetadas, Gerenciamento Costeiro, Sensoriamento Remoto.