62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO - UMA FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Rosângela Gondim D´Oliveira 1
Newton Pereira Filho 1
Raphaella Madruga 1
Janaína Calado 1
Leonam Rodrigues 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE -DEP. BOTÃNICA,ECOLOGIA E ZOOLOGIA
INTRODUÇÃO:
Uma retrospectiva histórica mostra-nos quanto tem sido difícil estabelecer um pacto de convivência pacífica entre o homem, o ambiente e os interesses dos diferentes grupos sociais, no direito e no acesso aos bens e recursos naturais e sobre suas formas de uso. A educação ambiental auxilia os atores sociais de uma comunidade, na compreensão do ambiente e na percepção desse ambiente como um conjunto de práticas sociais permeadas por contradições, problemas e conflitos que tecem a intrincada rede de relações entre os modos de vida de cada um e suas formas peculiares de interagir com os elementos físicos - naturais de seu entorno, de significá-los e manejá-los. O objetivo desse trabalho é apresentar o resultado de um diagnóstico participativo dos desafios sócios ambientais apontados pelos diferentes atores das comunidades tradicionais de três municípios do litoral do Rio Grande do Norte que pertencem a uma Unidade de Conservação Marinha, denominada de APARC -Área de Preservação dos Recifes de Corais. Os resultados obtidos subsidiaram o plano de Manejo e Zoneamento da área possibilitando relacionar a preservação com a possibilidade de participação de diferentes grupos sociais na busca de alternativas para a solução dos problemas locais.
METODOLOGIA:
Tendo por finalidade mobilizar os diferentes atores sociais no envolvimento sobre as questões socioambientais das comunidades que compõe a APARC, foram realizadas três oficinas com a temática Educação Ambiental, utilizando-se questionários e dinâmicas de grupo, propondo-se assim uma metodologia participativa e inclusiva. Para a realização do diagnóstico, optamos pela utilização dos seguintes instrumentos para coleta de dados: questionários com perguntas abertas e fechadas, matrizes para planejamento participativo e confecção em TNT do mapa da APARC. A técnica de dinâmica de grupos buscou principalmente a integração grupal por meio da espontaneidade e da participação, permitindo assim o compartilhar no fazer coletivo. Objetivando a realização de um diagnóstico coletivo das questões socioambientais da APARC a partir da percepção de cada ator social, grupos foram formados, tendo-se o cuidado para que os componentes interagissem de forma aleatória e onde todos tiveram a oportunidade de participar Partindo da premissa que quanto maior for o número de pessoas presentes, menores são as possibilidades de participação, optamos em dividir os trabalhos durante a realização da oficina em momentos distintos, onde todos tiveram a oportunidade de participar, ora no grande grupo, ora nos pequenos grupos de discussão.
RESULTADOS:
Desafios socioambientais diagnosticados e soluções: Maracajaú (comunidade 1): Dos nove grupos participantes, o lixo foi o principal desafio apontado por seis grupos, seguido da educação e saúde. Como solução: coleta seletiva, aterro sanitário e lixeiras. Rio do Fogo (comunidade 2) Dez grupos apontaram o desemprego, a falta de "preservação" do parracho (arrecifes) e a pouca organização da comunidade em associações, como os desafios mais relevantes, seguido pela falta de políticas públicas e a educação. Para solucionar a questão do desemprego, foi sugerido o oferecimento de cursos (qualificação),bem como a presença de empresas, para gerar empregos. Já para a questão "preservação" foram apontadas, palestras, conscientização, regras, cada embarcação levar lixeiras e o pescador fiscalizar um ao outro. Para a educação, foi sugerido mais e melhores professores e as condições (estrutura física) das escolas.Touros (comunidade 3)O desemprego foi principal desafio apontado, seguido da falta de incentivo ao turismo, as deficiências referentes a urbanização , saneamento, a saúde, bem como a pesca predatória. A criação de Cooperativas e fábricas, programas de pesca e artesanato para as marisqueiras foram sugestões apresentadas como solução para o principal desafio.
CONCLUSÃO:
O DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO (DRP) como ferramenta de Educação Ambiental permite que a população participe da busca de soluções para os problemas que vivencia e aponta os eixos norteadores para responder esses desafios. Também estimula o debate e as possibilidades de ação de todos os grupos sociais minimizando as diferenças entre cada um deles. A metodologia empregada, de técnicas com dinâmica de grupo buscando principalmente a integração grupal por meio da espontaneidade e da participação, permitiu o compartilhar no fazer coletivo, objetivando a realização de um diagnóstico rápido e participativo das questões socioambientais da APARC a partir da percepção de cada ator social. Esse instrumento sinaliza para os gestores que, mais do que se incentivar estratégias e/ou metodologias de manejo é necessário desenvolver mecanismos de inclusão social na busca da harmonia entre as políticas de conservação com as de desenvolvimento socioambiental sustentável. Assim a Educação Ambiental contribui para abrir espaços de dialogicidade entre os grupos que vivenciam de modo diferente a mesma problemática. Analisando os resultados, os desafios socioambientais apontados como a saúde (9%), desemprego (8%), educação (7%), o lixo (6%) e parrachos (uso de balsa, proibição da pesca artesanal destruição, empreendimentos), permitem um diagnóstico preliminar onde a realidade socioambiental da APARC pode ser vislumbrada e o que reforça que nenhum planejamento de caráter ambiental se efetiva verdadeiramente, sem a participação popular e sem uma forte proposta de educação ambiental.
Instituição de Fomento: IDEMA/RN
Palavras-chave: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO.