62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
DIVERSIDADE DA MALACOFAUNA DE OPISTOBRÂNQUIOS NO LITORAL DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.
Marlon Delgado Melo 1
Rosângela Gondim D´Oliveira 2
1. Departamento de Oceanografia e Limnologia - DOL/UFRN
2. Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia - DBEZ/UFRN
INTRODUÇÃO:
Opisthobranchia é um grupo de gastrópodes marinhos que se caracteriza pela perda parcial ou completa da concha em espécimes adultos e pelo significativo processo de destorção da massa corpórea. A perda da concha ao longo da evolução fez com que alguns desses animais fizessem uso de outros métodos de defesa, principalmente através de toxinas secundárias obtidas a partir da alimentação como esponjas, cnidários e ascídias ou sintetizadas pelo próprio animal. Com cerca de 6.000 espécies em todo o mundo, relativamente pouco se conhece sobre o táxon no Brasil há cerca de 208 espécies listadas, sendo a maioria delas reportada para os Estados de Rio de Janeiro e São Paulo, havendo poucos registros na zona costeira da região nordeste. A maior parte dos estudos sobre opistobrânquios foram realizados nas décadas de 50 a 80, pelo casal alemão Ernst Marcus e Eveline Marcus em áreas específicas do litoral brasileiro, atualmente esses estudos vem dando continuidade por pesquisadores de instituições importantes com o objetivo de esclarecer as diversas lacunas sistemáticas e biogeográficas do grupo.
METODOLOGIA:
Como parte de um projeto pioneiro no litoral norte-riograndense, com o objetivo de ampliar o conhecimento do grupo no estado. Desde janeiro de 2008 coletas manuais vem sendo realizadas nas praias rochosas do litoral sul e norte em poças nas zonas entremarés e profundidades variando de 1 a 20 metros através de mergulho livre e autônomo. Os exemplares coletados foram medidos e fotografados vivos em loco ou no Laboratório de Invertebrados Bentônicos - LIB e, posteriormente, fixados e preservados em álcool a 70%. A identificação foi realizada através de consulta a literatura específica, como descrições e ilustrações originais e subsequentes.
RESULTADOS:
Foram identificadas 30 espécies nas quais pertencem a cinco grupos: Anaspidea, Cephalaspidea, Pleurobranchoidea, Sacoglosa e Nudibranchia. Todos os táxons identificados correspondem a novos registros para o litoral do Rio Grande do Norte, com exceção da A. dactylomela. Dentre essas espécies, reporta-se pela primeira vez para o litoral nordestino: Navanax aenigmaticus (Cephalaspidea), Elysia subornata (Sacoglossa), os nudibrânquios Berghia rissodominguezi, Chromodoris binza, Cadlina rumia e o gênero Taringa para a região nordeste que antes eram registrados apenas para região sudeste. Há três novos registros de espécies para o Brasil nas quais se destacam: o sacoglossa Elysia papilosa, os nudibrânquios Flabelinna dana e Sclerodoris prea que antes eram todos registrados apenas para a região do caribe. Também, é registrado para o Atlântico Sul, o gênero Cerberilla e Crosslandia daedali (Nudibranchia), sendo esta última anteriormente citada para o Pacífico.
CONCLUSÃO:
Os resultados preenchem uma lacuna na distribuição geográfica conhecida para as espécies encontradas, além da descoberta de Cerberilla sp., enfatizam que a diversidade de opistobrânquios no Brasil encontra-se pouco conhecida, sendo necessária a continuidade dos estudos em andamento e o surgimento de novas pesquisas voltadas para o grupo no litoral brasileiro.
Palavras-chave: Novos Registros, Opistobrânquios, Rio Grande do Norte.