62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
TECENDO A MEMÓRIA LÚDICA NA PERSPECTIVA  DA AUTOFORMAÇÃO HUMANESCENTE
Massilde Martins da Costa 1
Katia Brandão Cavalcanti 1
Áurea Emilia da Silva Pinto 1
Maria das Dôres da Silva Timóteo 1
Lisiê Marlene da Silveira Melo Martins 1
Kelia da Silva Carvalho Luz 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho apresenta um recorte de uma pesquisa realizada a partir das nossas experiências vivenciadas no ateliê de Corporeidade, Ludicidade e Educação do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Trata-se de um estudo de caso sobre o fenômeno da ludopoiese através da memória adulta como uma das ferramentas valiosas para fazer aflorar lembranças do sujeito como ser histórico capaz de autocriação e autotranscendência ao longo de sua história vivida.

METODOLOGIA:

Partindo das histórias de vida do grupo investigado, foram realizadas interpretações e reconstruções sobre a memória lúdica com três adultos, sujeitos da pesquisa. Esses atores sociais contaram suas histórias, tendo  possibilidades para refletir e compartilhar suas vivências marcantes e escolhas profissionais atuais. Para a realização desse trabalho, foram realizadas quatro entrevistas com profissionais graduados na área de educação e de saúde na faixa etária entre 23 a 50 anos, do sexo feminino. Para tanto, procedeu-se à aplicação de um questionário contendo questões abertas e fechadas. A metodologia utilizada é de natureza etnofenomenológica, baseada na teoria da autopoiese de Maturana e Varela (1997) quando afirmam que "tudo é dito por um observador". Os depoimentos foram realizados no local de trabalho, uma vez que para que ocorresse em outro local, seria necessário ter maior disponibilidade de tempo para as entrevistadas, o que geralmente não existe. O procedimento adotado valorizou o depoimento individual através de perguntas sobre como o sujeito vivencia a ludicidade em sua vida enquanto seres humanescentes. É interessante salientar que a pesquisa foi bem aceita pelos participantes. Apontamos os aspectos ontológicos e epistemológicos que fundamentam a proposta de formação ludopoiética da Base de Pesquisa Corporeidade e Educação (BACOR)  da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).  

RESULTADOS:

 Como resultados da pesquisa, podemos perceber que, os relatos estão impregnados de emoção, sentimentos. Destaca-se na análise fenomenológica das narrativas palavras entrecortadas por lágrimas e silêncio quando se fala em ludicidade na vida adulta: "Hoje, para o meu habitual, o lúdico é precário. Como cinéfila, venho optando por rever alguns filmes. Tenho lido por lazer, mas gostaria de ter mais atividades lúdicas... Falta companhia!". Verifica-se no grupo que existe uma dedicação a atividades culturais; assistência à TV/ filmes; relacionamentos interpessoais; passeios/lazer fora de casa. Evidencia-se o afastamento do adulto nas práticas lúdicas. Com as transformações decorrentes de mudanças na organização da sociedade contemporânea, as atividades lúdicas, pelo menos no caso dos adultos, parecem já não ter tanta participação em tais vivências como em épocas passadas. O ser humano, à medida que vai se tornando adulto deixa de considerar fundamental o significado do lúdico para a sua vida, devido ao uso exacerbado da racionalidade e também por causa dos padrões culturais impostos pela sociedade de consumo.

CONCLUSÃO:

Cabe ressaltar a constatação de que a ludicidade aflora em qualquer idade, ainda que em nossa sociedade as relações da pessoa adulta com o lúdico sejam moldadas pelos valores da produção e consumo que revelam couraças sociais que se corporalizaram ao longo do tempo, estando impregnadas de preconceitos que limitam suas representações, pela própria história do ser na sociedade. É necessário que haja uma ação que combata e lute pela superação dessas barreiras. A ludicidade é pouco valorizada no mundo do adulto e quando existe é, muitas vezes, ridicularizada pelo próprio adulto ou pelo meio em que este está inserido. A educação dos educadores deve assumir a tarefa de reverter este quadro se considerar a ludicidade como uma vivência autopoiética fundamental para uma vida humana plena.

Palavras-chave: Ludopoiese , Memória lúdica, Educador.