62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
AVALIAÇÃO DO AVANÇO DA POLUIÇÃO EM UMA LAGOA URBANA DE FORTALEZA-CE - LAGOA DE PORANGABUSSU
Aline de Araujo Viana 1
Karla Érica dos Santos Lima 2
Glairta de Souza Costa 3
Raimundo Bemvindo Gomes 1
1. Depto. de Química e Meio Ambiente - Instituto Federal do Ceará / IFCE
2. Depto. da Construção Civil - Instituto Federal do Ceará / IFCE
3. Depto. de Biologia - Universidade Federal do Ceará / UFC
INTRODUÇÃO:
A Lagoa de Porangabussu situa-se na zona noroeste da cidade de Fortaleza, bairro Rodolfo Teófilo, o qual é preponderantemente residencial, mas com alguns estabelecimentos comerciais, de prestação de serviços e dois hospitais públicos. Integra a bacia hidrográfica do rio Cocó, a maior em área das quatro bacias que corta a cidade, sendo utilizada para pesca de subsistência e lazer. A lagoa recebe, de forma pontual e difusa, grande aporte de contaminantes provenientes das várias atividades desenvolvidas na área de influência e da ocupação residencial, visto que a rede de esgoto ainda é precária; de modo que as águas residuárias não tratadas de restaurantes, supermercados e residências são aportados direta ou indiretamente ao ecossistema. Estes impactos contribuem decisivamente para o agravamento de suas condições ambientais com reflexos no avanço da poluição. Este trabalho avaliou a qualidade de água da lagoa através de parâmetros físicos, químicos e biológicos, analisados entre Junho/2007 e Julho/2008, visando identificar as alterações ocorridas.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada seguiu, de modo geral, as diretrizes de APHA et al., 2005, com exceção dos métodos para as determinações de amônia total, nitrato e clorofila "a", realizadas conforme APHA et al., 1989, RODIER et al., 1975 e JONES et al., 1979, respectivamente. Foram realizadas coletas superficiais entre 30 e 50cm de profundidade, com frequência bimestral, em três pontos (Entrada do Tributário Principal, Centro e Sangradouro), em isóbata de no mínimo 1 m de profundidade, no período Junho/2007 a Julho/2008, utilizando frascos limpos e adequados conforme parâmetros a serem analisados. As amostras foram acondicionadas em caixas isotérmicas entre 4 e 10 ºC e analisadas no Laboratório Integrado de Águas de Mananciais e Residuárias do IFCE - LIAMAR/IFCE. Para a avaliação do estado de poluição da Lagoa de Porangabussu foram utilizados parâmetros físicos (pH, temperatura-T), químicos (oxigênio dissolvido-OD, clorofila "a"-CLa, alcalinidade total-AlcT, amônia total-N-NH3, nitrito-N-NO2, nitrato-N-NO3, fósforo total-PT, ortofosfato solúvel-OPS) e bacteriológicos (coliformes termotolerantes-CTT e Escherichia coli-Ec).
RESULTADOS:
Ao longo do período de monitoramento o pH da lagoa oscilou (7,9 a 9,5), modificando a AlcT (entre 85,3 e 359,7mg CaCO3/L) e mantendo a oxigenação (OD = 6,7mg/L, em média) do corpo hídrico, mesmo com flutuações freqüentes devido às constantes entradas pontuais de esgoto. A temperatura manteve-se entre 28o e 30oC, favorecendo o crescimento e reprodução da biota autotrófica (CLa média de 56 g/L). Quanto às frações nitrogenadas e fosfatadas, o ecossistema apresentou boa capacidade de nitrificação, apesar do aporte continuo de esgoto, razão porque o teor de N-NH3 (entre 0,124 e 1,118mg/L) e N-NO2 (entre 0,274 e 0,697mg/L) mostraram-se em quantidades significativas, caracterizando poluição recente. Além da disponibilidade de nitrogênio inorgânico (teor de N-NO3 entre 0,216 e 1,161mg/L) o teor de fósforo diretamente assimilável é significativo (OPS entre 0,012 e 0,471mg/L), proporcionando aceleração do metabolismo autotrófico e consequentemente da eutrofização. Quanto à qualidade sanitária, a média de CTT (13200 NMP/100mL), ficou acima do padrão para águas de classe II (5000 NMP/100mL) de acordo com CONAMA 357/05, com alta incidência de Ec, (média de 5380 NMP/100mL), o que comprova que, em sua maioria, o aporte pontual é de água residuária doméstica bruta ou insuficientemente tratada.
CONCLUSÃO:
Os resultados mostraram que o processo de poluição avança gradativamente no ecossistema que, apesar de não ser usado para abastecimento humano, tem ainda grande importância na composição do cenário da cidade e no atendimento a outros usos como manutenção das macro e microbiota aquáticas, pesca de subsistência e lazer. Apesar das melhorias físicas conseguidas na área de entorno como limpeza, recuperação do sistema de drenagem, alguma desocupação da APP, pouco tem sido feito para interceptar as entradas pontuais de esgoto bruto, que piora a qualidade de suas águas. A continuidade do monitoramento e o uso desta base de dados para subsidiar as ações de proteção e recuperação na área tornam-se fundamentais, especialmente a sua utilização em programas de educação ambiental. Mas é preciso ressaltar estas ações só sortirão os efeitos salutares se todo o processo de saneamento básico na área de influência for efetivado.
Instituição de Fomento: Laboratório Integrado de Águas de Mananciais e Residuárias-LIAMAR/IFCE,Prefeitura Mun. de Fortaleza-PMF,Autarquia de San. Amb. de Fortaleza-ACFOR
Palavras-chave: Lagoa urbana, Qualidade de água, Eutrofização.