62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 3. Oceanografia Geológica
MORFOLOGIA E FACIOLOGIA DE FUNDO DO ESTUÁRIO CURIMATAÚ/RN (NE BRASIL)
Flavo Elano Soares de Souza 1
Helenice Vital 2
Venerando Eustáquio Amaro 2
1. Depto. de História e Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN
2. Depto. de Geologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
A análise de dados batimétricos é uma das ferramentas fundamentais para o estudo de morfologias, padrões morfodinâmicos de sedimentação e erosão, como de circulação estuarina. Os estuários têm se revelado como estruturas mais complexas nesse contexto devido as diferentes formas de interação dos fluxos de energia gerados pelas ondas, marés e descarga fluvial no seu interior, as quais reproduzem variadas formas de leitos e de fácies sedimentares (MIRANDA et al., 2002). Neste trabalho foi realizado um levantamento batimétrico por meio de sísmica rasa do tipo eco-sonda (echo-sounder) e sonográfico de sonar de varredura lateral (side-scan sonar) através do eco-batímetro da marca Odom, modelo Hydrotrac, na freqüência de 200kHz. Objetivando caracterizar a geometria e a morfologia da calha principal do estuário Curimataú/RN, foi analisado o padrão de distribuição das fácies sedimentares, como a sua textura e morfometria. A referida análise foi consignada através da integração das análises de dados geofísicos (batimetria e sonografia) com dados geológicos de análises granulométricas dos sedimentos de fundo amostrados. Esta técnica vem sendo empregada com sucesso na interpretação de morfologias de fundo de variados ambientes costeiros.
METODOLOGIA:
O levantamento de dados batimétricos e sonográficos foi realizado utilizando o ecobatímetro e sonar de varredura lateral da marca Odom modelo Hydrotrac, operando na freqüência de 200 kHz, com resolução de 0,01 m de profundidade, acoplado ao Sistema de Posicionamento Global - GPS (Global Positioning System) de marca Furuno modelo GP-31. A correção de posicionamento na ordem de 1 a 3 m foi obtida por meio de rádio-DGPS (Differential - GPS) modelo GR-80 da marca Furuno acoplado ao GPS do registrador. O modelo batimétrico foi gerado interpolando as profundidades registradas pelo método isotrópico de krigagem, extraindo isóbatas de 1 m de intervalo correspondente aos contornos das formas de fundo do estuário. Amostras de sedimento de fundo do estuário foram coletadas utilizando a draga do tipo Van Veen como amostrador, o que pontualmente recolheu o material sedimentar penetrando cerca de 10 a 20 cm na camada superficial do leito da calha principal do estuário. As coletas foram realizadas em 03 seções transversais distribuídas ao longo da calha principal do estuário. As amostras foram submetidas à análise granulométrica para a caracterização textural dos sedimentos de fundo.
RESULTADOS:
A interpretação dos perfis sonográficos de acordo com ASHLEY (1990) evidenciou variadas formas de fundo, entre elas: dunas a megadunas subaquosas, ondas de areias de baixa a alta energia, ondas de areias, ondas areno-argilosas, estruturas mais suavizadas, no caso das margens lamosas, além de afloramentos rochosos. Estas diferentes formas de leito expressaram a diversidade de ambientes deposicionais encontrados no estuário representando as diferentes formas de interação dos fluxos gerados pelas ondas, marés, e descarga fluvial. As profundidades médias variaram em torno de 6,0 a 7,0 m. A largura da calha principal é de 250 m, tanto próximo da foz quanto na confluência com o rio Cunhaú, e de 500 m na sua porção intermediária. A extensão da calha principal do estuário é de cerca de 7,0 km. A classificação faciológica de acordo com FREIRE et al. (1997), enquadrou variadas fácies sedimentares marinhas através da granulometria e do percentual de material carbonatado. Destacaram-se as fácies de lamas terrígenas, areias litoclásticas a areias litoclásticas com cascalhos esparsos no caso das amostras com conteúdos inferiores a 30% de carbonatos. Entre 30 a 40% de carbonatos, destacaram-se as areias litobioclásticas, e entre 50 a 70% de carbonatos as areias biolitoclásticas.
CONCLUSÃO:
No que tange aos aspectos geomorfológicos, a batimetria refletiu a morfologia de fundo diferenciando zonas do estuário. A região da desembocadura foi caracterizada pelas feições de bancos e barras as quais se trata de morfologias geradas por correntes de marés e ondas, respectivamente, relacionado ao domínio de fluxo turbulento e intenso de correntes, como as fácies arenosas e de afloramento rochosos. A porção intermediária da calha principal é composta de bancos, franjas, pequenas barras, refletindo nestas morfologias o domínio das correntes de maré de menores intensidades e de fácies areno-argilosas. Na região próxima a desembocadura, evidenciaram-se um maior variação de formas de leito, demonstrando ser esta uma zona de maior variabilidade morfo-sedimentar em relação às mais internas do estuário. A porção intermediária da calha principal do estuário correspondeu as fácies estuarinas relacionadas a um regime de escoamento mais afetado pela ação das marés, reproduzidas nas formas de ondas areno-argilosas, e pequenas ondas de areias no canal. Nas áreas imersas próximas as margens colonizadas pelos manguezais, as fácies estuarinas corresponderam as de mais baixas velocidades de fluxo, caracterizadas pelas morfologias planas e suavizadas de lamas argilo-siltosas.
Instituição de Fomento: CAPES-Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, UFRN
Palavras-chave: Formas de Fundo, Estuário, Eco-sonda.