62ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior |
PARA ALÉM DOS CURSOS PREPARATÓRIOS COMUNITÁRIOS. OS IMPACTOS E DESAFIOS DA EXTENSÃO EM COMUNIDADES DO DISTRITO FEDERAL |
Darlan Quinta de Brito 1 Larissa Castro 1 |
1. Universidade de Brasília |
INTRODUÇÃO: |
Diante de um mercado de trabalho dinâmico marcado por exigências de qualificação acadêmico-profissional, a pressão por vagas no ensino superior nas universidades públicas tem sido uma vertente. Nesse contexto, o crescimento dos cursos pré-vestibulares comunitários torna-se uma expressão da demanda por reconhecimento do direito ao acesso ao ensino superior por setores excluídos da sociedade. Os preparatórios comunitários inserem-se como parte de um movimento que promovem a reivindicação e discussão de mecanismos mais eqüitativos de ingresso no ensino superior e das políticas de ações afirmativas. Singularizam-se por, além de sanar deficiências básicas dos jovens para um sistema competitivo, promover uma consciência crítica, uma releitura da sua comunidade e o comprometimento social a partir de uma metodologia diferenciada no processo de ensino. Nessa perspectiva, o ingresso dos jovens que participam dos preparatórios comunitários à universidade supera o acesso individual ao ensino superior ao se verificar impactos coletivos tanto nas comunidades de origem quanto no espaço acadêmico a partir da produção acadêmica relacionadas à temática de cunho social. Este estudo centra-se na análise destes impactos, notadamente das experiências do pré-vestibular comunitário. |
METODOLOGIA: |
O desenvolvimento da curso comunitário foi desenvolvido no âmbito do Programa Conexões de Saberes da Universidade de Brasília entre os anos de 2007 e 2008 em três comunidades populares do Distrito Federal: inicialmente no Recanto das Emas e Santa Maria e, posteriormente, na Ceilândia. Devido o número limitado de vagas e a grande procura pelo curso, foram adotados alguns critérios baseados essencialmente no perfil sócio-econômico e no interesse dos jovens. A equipe do preparatório constituía-se por estudantes universitários integrantes do Programa Conexões, graduandos voluntários como também de professores. Para análise das informações coletadas foi realizada uma abordagem qualitativa, por meio de roteiros de entrevistas e fichas de observação. As análises desenvolvidas não são definitivas, no entanto alguns aspectos e reflexões discutidos são destacados. |
RESULTADOS: |
O projeto contemplou inicialmente 60 jovens. A maioria entre 17 e 25 anos além de uma parcela significativa de estudantes acima dessa faixa etária. A característica da idade mais avançada tem sido uma característica dos cursinhos comunitários. De fato, a convivência de um grupo mais maduro com os jovens aliada a proposta político-pedagógica do curso facilita torná-los sujeitos ativos do processo de aprendizagem. Embora a grande maioria do público dos preparatórios alternativos seja composta por jovens que trabalham, observou-se que os jovens não desempenhavam atividade remunerada. Os docentes são em sua grande maioria pertencentes a comunidade e se identificam nas atividades, reconhecendo-se nos alunos, e por conseguinte, valorizando os seus saberes. Ao procurar unir a ciência, a práxis e a cultura popular em um permanente exercício de questionar, promovem uma ressignificação do seu espaço no mundo. O forte compromisso político-pedagógico e o engajamento dos estudantes-educadores na persistência e motivação diante dos obstáculos encarados são aspectos marcantes dessas inciativas. Além do ingresso efetivo de jovens nas universidades, nota-se a inserção e mobilização de jovens dentro da comunidade no envolvimento de projetos e ações sociais. |
CONCLUSÃO: |
Os preparatórios comunitários tornam-se espaços de formação de educadores populares. Frente às limitações, conflitos e desafios encontrados, tem-se uma prática inovadora, por vezes, despercebida pelos discentes. Dessa forma, mais que um preparatório com fins de aprovação, propõem-se a defesa das comunidades populares, o fortalecimento das oportunidades de aprendizado, a ampliação do universo cultural e o incentivo à participação pública. Entre os desafios a serem superados ressaltam-se: I. O esforço permanente da equipe de estimular a capacidade de leitura crítica do mundo com o ingresso do jovem a universidade; II. A alta taxa de evasão; Estratégias de auto-suficiência; III. Estudos que permitam apontar dos impactos (diretos e indiretos) dessas ações na comunidade comunidade. Almeja-se que propostas como essas possam disseminar e inspirar outras ações no empoderamento comunitário e no desenvolvimento local. Considera-se ainda importante o levantamento dessas ações na medida em que possam contribuir para organizar a memória dos grupos, mostrar a importância e dimensão dos trabalhos e compreender os cursos pré-comunitários hoje em decorrência de sua trajetória histórica. |
Instituição de Fomento: Programa Conexões de Saberes - MEC/SECAD |
Palavras-chave: preparatórios comunitários, comunidades populares , acesso ao ensino superior. |