62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
FLURAZEPAM REDUZ A ANSIEDADE EXPERIMENTAL EM RATAS NA FASE DO PROESTRO, MAS NÃO DO DIESTRO.
Gabriela Dantas Muniz 2, 1
Joaquim Luiz de Figueiredo Neto 2, 1
Wallestein Ramos Banza de Arruda Junior 2, 1
Ramsés Dantas da Costa 2, 1
Francisco Márcio Gomes Pinheiro 1
Vanessa de Paula Soares Rachetti 1
1. Departamento de Biofísica e Farmacologia, CB / UFRN
2. Curso de Graduação em Medicina, CCS/UFRN
INTRODUÇÃO:
Estudos eletrofisiológicos realizados em ratas de laboratório têm demonstrado alterações conformacionais em receptores do subtipo GABAA presentes em áreas relacionadas ao controle da ansiedade decorrentes de variações hormonais que ocorrem durante o ciclo estral (Brack e Lovick, 2007; Lovick, 2008). Tais alterações, que ocorrem em resposta à queda de progesterona durante a fase tardia do diestro (que seria correspondente ao período pré-menstrual em mulheres) poderiam reduzir a sensibilidade de tais receptores ao neurotransmissor endógeno GABA, levando a uma redução no tônus GABAérgico inibitório (Lovick, 2006). Assim, o objetivo do presente trabalho foi o de testar a hipótese de que a hiporresponsividade de receptores GABAérgicos ao GABA durante a fase do diestro alteraria o efeito do tipo ansiolítico promovido pelo fármaco benzodiazepínico flurazepam. Para tal, investigamos se o flurazepam (em dose ansiolítica) alteraria igualmente a resposta de ratas na fase do proestro ou do diestro no modelo de ansiedade do labirinto em cruz elevado (LCE, Pellow e col., 1985).
METODOLOGIA:
Ratas Wistar obtidas do Biotério do Depto. de Biofísica e Farmacologia (CB-UFRN) pesando entre 200 e 260g no dia do teste foram submetidas, durante 7 dias anteriores ao teste entre as 12 e 17h, à coleta da secreção vaginal para análise do ciclo estral. No dia do teste foram selecionadas 14 ratas que estavam na fase do proestro, bem como 10 ratas que estavam no diestro. Imediatamente após a coleta do material biológico e análise do mesmo, as ratas foram divididas nos seguintes grupos experimentais: proestro-salina (n=7), proestro-flurazepam 7,5 mg/Kg/mL (n=7), diestro-salina (n=5) e diestro-flurazepam 7,5 mg/Kg/mL (n=5). Trinta minutos após a administração de flurazepam ou salina, as ratas foram submetidas ao teste no LCE, onde permaneceram por 5 minutos tendo seu comportamento registrado por câmera de vídeo. Foram manualmente analisados a frequência e o tempo de permanência dos animais nos braços abertos, nos fechados e no centro do labirinto. Os dados foram à ANOVA de uma via seguida pelo teste de Duncan. Um valor de p<0,05 foi considerado significativo.
RESULTADOS:
Os dados obtidos mostraram um aumento na porcentagem de tempo de permanência no braço aberto do LCE de ratas que estavam no proestro e que foram tratadas com flurazepam. Tem sido observado na literatura (Pellow e col., 1985, Ramos, 2008) que fármacos ansiolíticos clinicamente empregados aumentam a porcentagem de tempo de permanência dos animais nos braços abertos do LCE. Dessa forma, nossos resultados estão de acordo com dados previamente obtidos no Laboratório de Farmacologia Comportamental, do DBF-UFRN, já que a administração aguda de flurazepam na dose de 7,5 mg/Kg promoveu um efeito do tipo ansiolítico no LCE. De maneira oposta, o tratamento com flurazepam não alterou o comportamento das ratas que estavam na fase do diestro (média±EPM: proestro-salina=22,42±7,64; proestro-flurazepam 7,5 mg/Kg=53,23±4,70; diestro-salina=31,33±11,75; diestro-flurazepam 7,5 mg/Kg=33,66±3,22; p<0,05, teste de Duncan). Tais dados sugerem que, de acordo com a teoria de Lovick e col., receptores do subtipo GABAA estejam menos responsivos ao GABA, bem como a compostos benzodiazepínicos.
CONCLUSÃO:
O flurazepam, promoveu um efeito do tipo ansiolítico na dose de 7,5 mg/Kg em ratas no período do proestro, mas não no diestro. Nossos dados estão de acordo com aqueles obtidos em registros eletrofisiológicos (Brack e Lovick, 2006) demonstrando uma modificação estrutural do receptor GABAA na fase do diestro, podendo levar a uma redução na resposta desses receptores ao neurotransmissor GABA, bem como a fármacos benzodiazepínicos.
Palavras-chave: ciclo estral, receptores GABAérgicos, ansiedade experimental.