62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
INTERAÇÕES INSETOS-PLANTAS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA PRÓXIMO A NATAL, RN.
Paola Arielle Ferreira Nobre 1
Sayonara Laine do Nascimento Silva 1
Talita Yohana Freitas Teixeira 1
Brunno Freire Dantas de Oliveira 1
James Lucas da Costa Lima 1
Adriana Monteiro Almeida 2
1. Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia, CB - UFRN
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto de Botânica, Ecologia e Zoologia, CB - UFRN
INTRODUÇÃO:
Em um contexto de crescente perda de habitats naturais e transformação de florestas contínuas em pequenos fragmentos, o desenvolvimento de pesquisas visando o monitoramento dos recursos ambientais torna-se cada vez mais importante. A cobertura original da Mata Atlântica representava aproximadamente 15% do território brasileiro. No Rio Grande do Norte está restrita a uma pequena faixa litorânea, com sua área original representando 6% da área do estado e estando hoje restrita a 1,5% do original. O conhecimento das plantas hospedeiras de insetos herbívoros é importante, pois com ele é possível conhecer a diversidade de insetos, de hospedeiras e das interações entre eles. Lepidópteros são invertebrados terrestres utilizados ou propostos para conservação e manejo de áreas naturais, sendo consideradas espécies indicadoras. São espécies conspícuas e sensíveis a distúrbios no habitat, muito relacionadas às condições físicas e recursos vegetais, e relativamente fáceis de identificar e reconhecer.
METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido na Mata do Jiqui, fragmento de Mata Atlântica próximo a Natal. Na área de estudo foram realizadas coletas mensais de fevereiro de 2008 a fevereiro de 2010 de plantas hospedeiras de lepidópteras na Mata do Jiqui. A mata foi classificada em três ambientes distintos: Borda: caracterizada por uma grande quantidade de espécies pioneiras como ervas e cipós; Interior da Mata: caracterizada pela maior umidade, menor insolação e predomínio de árvores de grande porte; e a Borda do rio Pitimbu: caracterizada como região de baixio com muitos arbustos e grande umidade. Foram instalados transectos permanentes de 500m de comprimento divididos em seções de 25m. A cada coleta são sorteadas quatro seções, totalizando 100m de comprimento, 2m de lado e 2m de altura para cada ambiente. Em cada visita, todos os imaturos de lepidópteras observados dentro do transecto são coletados e levados ao laboratório onde são mantidos até a fase adulta, quando são identificados. Cada lagarta é coletada com material vegetal para a alimentação delas em laboratório, assim como material é prensado para identificação. Adultos de Lepidoptera até o momento foram agrupados em morfotipos. O Material vegetal é depositado no herbário e adultos de Lepidoptera na coleção entomológica, ambos da UFRN.
RESULTADOS:
Durante o estudo foram coletadas 282 amostras de lagartas e suas plantas hospedeiras. Até o momento foram identificadas 153 amostras de hospedeiras em nível de família, 125 em nível de gênero e 68 em nível de espécie. Ao todo obtivemos 19 famílias e 33 gêneros. Os três ambientes amostrados na área de estudo apresentaram diferenças quanto ao número de amostras coletadas e famílias de hospedeiras mais representativas. A borda foi o ambiente com maior número de amostras coletadas (152), tendo a família Fabaceae como mais expressiva, com 33 amostras identificadas. Em seguida temos o ambiente de borda do rio com 74 amostras, onde a família Rubiaceae foi a mais coletada (nove amostras identificadas). O ambiente de interior de mata apresentou menor número de amostras, sendo apenas 56, onde a família Myrtaceae (10 amostras) foi a mais abundante. Para os lepidópteros amostrados, foi possível obter com sucesso 69 amostras com indivíduos adultos, que foram classificados em 41 diferentes morfotipos. Dos lepidópteros identificados, o maior número de coletas ocorreu na borda (30), seguido pelo rio (13) e pelo interior de mata (7). Apesar de o esforço de coleta ter sido o mesmo nos três ambientes, eles apresentam clara diferenciação em seu uso pelos imaturos de Lepidoptera na área de estudo.
CONCLUSÃO:
O presente estudo mostra que as assembléias de Lepidoptera e suas plantas hospedeiras estão distribuídas de maneira desigual entre os sítios de amostragem (borda, interior de mata e borda do rio), com diferentes comunidades em diferentes ambientes, assim como maior riqueza na borda da mata. Herbívoros preferem se alimentar de plantas que tem elevada taxa de renovação foliar e baixo investimento em metabólitos anti-herbivoria, que são características das plantas pioneiras, que dominam o ambiente encontrado na borda das florestas, como visto neste estudo. As plantas de estágios tardios, que dominam o interior das matas, investem em defesas químicas contra herbívoros, sendo mais utilizadas como fonte de alimento por insetos especialistas. A Mata do Jiqui, apesar de ser considerada um fragmento de tamanho pequeno, apresenta diferentes ambientes, que estão sendo utilizados de formas diferentes pelas espécies
Instituição de Fomento: Primeira autora recebe bolsa REUN de iniciação científica.
Palavras-chave: Lepidoptera, Herbivoria , Mata do Jiqui .