62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
COMPARAÇÃO DA TAXA DE HERBIVORIA FOLIAR EM PRAIAS URBANAS E NÃO URBANAS NA ILHA DO MARANHÃO, BRASIL.
Marcela de Matos Barbosa 1
Adalberto Alves Pereira Filho 1
Jair Francisco Mendes Júnior 1
Priscila Marlys Sá Rivas 1
Jorge Luiz Silva Nunes 2
1. Curso de Ciências Biológicas. Departamento de Biologia - UFMA.
2. Centro de Ciência Agrárias e Ambientais - UFMA. Professor Orientador
INTRODUÇÃO:

A herbivoria corresponde à relação de predação de plantas por animais e patógenos, cuja é possível encontrar diferentes taxas a depender das diferentes estratégias de defesas de plantas. Áreas ainda não urbanizadas e que não sofreram desequilíbrios com a ação humana, tendem a apresentarem um maior índice de diversidade seja faunística ou florística, já que nessas áreas a diversidade de habitats proporcionada permite uma maior diversidade de espécies. Teoricamente, em áreas de mata não preservadas, o número de espécies de plantas diferentes tende a ser reduzido, e consequentemente os níveis de herbivoria tendem a ser tornar altos. Já em áreas bem preservadas, o número de diferentes espécies vegetais tende a ser maior, o que possibilita uma maior diversidade de insetos predadores, que controlariam o número de insetos herbívoros, diminuindo assim os níveis de herbivoria. Dessa forma, este trabalho teve por objetivo avaliar se existe diferença significativa da taxa de predação em áreas consideradas preservadas e áreas de praias consideradas não-preservadas.

METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado em seis praias na Ilha de São Luís (S 2º31, W 44º16), estado do Maranhão. O critério para separação das praias urbanas e não-urbanas baseou-se em dados da Secretaria de Turismo do MA (2009), que lista as praias mais afetadas pela ação humana, tomando por base a frequência de visitantes. As praias não urbanas escolhidas foram: Panaquatira (2º27'30''S, 2º31'15''S, 44º03'07,5'' e 44º01'15'' W), Juçatuba (2° 31' 50.71" S  44° 20' 21.08" W) e Raposa (Lat. 2º24' e 2º 28' S e Long. 44º01' e 44º06' W). As praias nurbanas escolhidas foram: as praias do Araçagy (2° 27' 53.65''S e 44° 11' 50.99''W), Ponta d'Areia e Praia de São Marcos. Em cada praia foram sorteadas três parcelas de 25m², nas quais foram amostradas as espécies vegetais, o número de indivíduos de cada espécie e o número de folhas predadas em cada uma das parcelas que foram utilizadas para a realização de cálculos de diversidade. Ao final, foram somadas a quantidade de folhas predadas total para as praias urbanas e não urbanas. As espécies foram identificadas e para comparação da diversidade nos dois tipos de praias, utilizou-se o Índice de Simpson. O teste-T foi realizado para verificar diferenças estatisticamente significantes (p<0,05) entre o número médio de plantas predadas por parcela em ambas as áreas.
RESULTADOS:

Nas três praias não urbanas, foram encontradas apenas duas espécies: Ipomoea pes-caprae e Avicennia germinans. A espécie Ipomoea pes-caprae foi a mais abundante nas praias, predominando nas praias Panaquatira e na Raposa, e a outra espécie predominou na praia de Juçatuba. Já nas praias urbanas foram encontradas quatro espécies: Ipomoea litoralis, Calotropis procera, Ipomoeae pes-capra e Stenotaphrum secundatum, O índice de Simpson de praias urbanas foi 0.95, bem maior que o encontrado para praias não urbanas (0.173), confirmando o observado em relação ao número de espécies. Nas praias não urbanas o número médio de folhas predadas (168.22 folhas) foi significativamente maior (p<0.001; T = -6.4347) do que nas praias urbanas (37,94 folhas). As áreas mais perturbadas sofrem alterações na fauna entomológica, atenuando a quantidade de insetos Sabe-se que em áreas de monoculturas (semelhante ao observado em praias não urbanas) as espécies apresentam o "efeito de sinergia", onde as plantas não investem energia em mecanismos de defesa, resultando em uma maior taxa de predação.

CONCLUSÃO:
O presente trabalho verificou que em praias não urbanas, com baixo número de espécies de plantas, a taxa de predação tende a ser maior quando comparado as praias urbanas, que apresentam um maior número de espécies de plantas. A estrutura da comunidade vegetal e as populações de animais são claramente alteradas com a ação antrópica e tais modificações aparecem em diversas interações ecológicas, inclusive a herbivoria e a predação.
Palavras-chave: efeito de sinergia, herbivoria, praias urbanas.