62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
VIOLÊNCIA OCUPACIONAL RELACIONADA AOS TÉCNICOS E AUXILIARES DE ENFERMAGEM QUE TRABALHAM EM UM SERVIÇO DE URGÊNCIA, EM NATAL/RN. 
Ana Cristina Feitosa de Oliveira 1
Luiz Alves Morais Filho 1
Glaucea Maciel de Farias 1
Karolina de Moura Manso da Rocha 1
Ilana Barros Gomes 1
1. Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
INTRODUÇÃO:

a violência é um problema de abrangência mundial e tem se manifestado no ambiente de trabalho, sendo classificada como violência ocupacional. (DI MARTINO, 2002; FREIRE, 2008; BRASIL, 2005). A Comissão Européia de 1995 em Dublin definiu essa violência como "[...] incidente em que pessoas são abusadas, ameaçadas ou agredidas, em circunstâncias relacionadas ao seu trabalho". Cezar e Marziale (2006) ao pesquisarem sobre esta violência no serviço de urgência em Londrina (PR), com 33 trabalhadores de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem) encontraram que 100% dos enfermeiros, 88,9% dos técnicos, 88,2% dos auxiliares de enfermagem referiram ter sido vítimas de violência no trabalho. A enfermagem tem contato direto com vítimas desse fenômeno, além de se constituir na categoria que mais tem sofrido violência ocupacional. Sendo assim, nos questionamos: quem são os técnicos e auxiliares de enfermagem que sofreram violência nos últimos 12 meses, em um serviço de urgência em Natal/RN? Quais os tipos de violência sofrida por estes profissionais? Temos como objetivo: caracterizar os técnicos e auxiliares de enfermagem, que sofreram violência nos últimos 12 meses; identificar os tipos de violência sofrida por esses profissionais, em um serviço de urgência em Natal/RN.

METODOLOGIA:

trata-se de um estudo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa e dados prospectivos, realizado nas Unidades de Urgência do Pronto Socorro Clóvis Sarinho (PSCS), anexo do Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) em Natal/RN. O projeto foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética, com Parecer nº 052/2009, obedecendo a Resolução 196/96 (BRASIL, 2000). A população contou de 95 técnicos/ auxiliares de enfermagem, com erro amostral de 5%. Fizemos uso de um instrumento com questões fechadas, sobre a caracterização sociodemográfica, profissional e dos vários tipos de violência ocorridas no trabalho.  A coleta de dados ocorreu nos meses de abril e maio de 2009. Abordávamos os participantes selecionados por sorteio de modo individual e apresentávamos a pesquisa. Para os que se dispunham participar, apresentávamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), solicitando a leitura e assinatura. Informávamos que sua participação era voluntária. A seguir entregávamos o questionário, identificado apenas por um número, ressaltávamos a importância do preenchimento completo e solicitávamos a devolução até o final do horário de trabalho. Os dados foram categorizados, através dos softwares Microsoft-Excel XP e Statistic 8, e analisados pela estatística descritiva.

RESULTADOS:

dos 95 auxiliares/técnicos de enfermagem estudados, 73 (76,84%) eram do sexo feminino e 22 (23,16%) do sexo masculino. Quanto à faixa etária destacaram-se 27 (28,42%) entre 41 e 45 anos, seguido de 17 (17,9%) entre 45 e 50 anos. Em relação à violência ocupacional 69 (72,63%) desses profissionais não consideram como parte de sua profissão, e 26 (27,37%) como algo inerente a profissão. Referente aos fatores de risco para a violencia, 84 (88,42%) afirmaram que o acompanhante violento é o principal fator;  68 (71,58%) consideram que a falta de policiais facilitam a ocorrência destes episódios; 64 (67,37%) acreditam que a estrutura física inadequada favorece a violência no trabalho. Ressaltamos que os profissionais podiam assinalar mais de uma alternativa, sendo assim, o percentual foi calculado individualmente para cada fator. Quando questionados sobre terem sofrido algum tipo de violência ocupacional nos últimos 12 meses, 75 (78,95%) dos auxiliares/ técnicos de enfermagem relataram vivenciar esse tipo de violência.  Do total de 95 dessa categoria 72 (75,79%) sofreram agressão verbal; 27 (28,42%) assédio moral, 09 (9,48%) agressão física e 03 (3,16%) assédio sexual, nesta questão destacamos que o mesmo profissional pode ter referido que foi vítima de mais de um tipo de violência.

CONCLUSÃO:

observamos que do total de 95 auxiliares/técnicos de enfermagem, 73 (76,84%) eram do sexo feminino, 27 (28,42%) tinham entre 41 a 45 anos, e 17 (17,90%), 45 e 50 anos. Quando abordados sobre os aspectos relacionados a violência ocupacional, 69 (72,63%)  não consideram a violência ocupacional como parte de sua profissão, 84 (88,42%) afirmaram que os acompanhantes violentos é o principal fator para a ocorrência deste evento. Quando questionados sobre terem sofrido algum tipo de violência ocupacional, 75 (78,95%) dos auxiliares/técnicos sofreram violência nos últimos 12 meses. Dentre os  tipos de violência ocupacional mais sofrida por auxiliares/técnicos de enfermagem, destacou-se 72 (75,79%) vivenciaram a agressão verbal; seguido do assédio moral relatado por 27 (28,42%) dos profissionais auxiliares/técnicos de enfermagem.  Nesse contexto, faz-se necessário que essa temática passe a ser mais visualizada e estudada, a fim de minimizar o impacto da violência no ambiente de trabalho, possibilitando uma maior sensibilização de toda população, em especial dos profissionais da saúde, contribuindo desta maneira para desenvolvimento de políticas institucionais que visem o combate à violência, e a criação de um espaço específico para a notificação e resolução dessa problemática.

Palavras-chave: violência, ambiente de trabalho, enfermagem.