62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM CRIANÇAS INTERNADAS EM UMA UNIDADE PÚBLICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS
OMAR KHAYYAM DUARTE DO NASCIMENTO MORAES 2, 1
SAULO TARSO DE SOUSA MUNIZ 2, 1
ELDA PEREIRA NORONHA 2
RAQUEL SILVA SANTOS 2
LUCIANA CRUZ RODRIGUES VIEIRA 2, 1
TIAGO MESQUITA COSTA SILVA 2, 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
2. HOSPITAL DR. ODORICO AMARAL DE MATOS - Grupo de Farmácia Clínica
INTRODUÇÃO:
Rotineiramente temos observado que nas redes hospitalares o risco biológico tem sido uma das maiores preocupações terapêuticas no que tange aos cuidados do paciente. A infecção hospitalar é um acometimento sofrido pelo paciente, que por motivos de exposição ao ambiente hospitalar pode manifestar estados patológicos quando permanece internado ou após a alta, e que está relacionado a internação ou a procedimentos hospitalares não apropriados.Este critério foi adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil, estava expresso na portaria 2.616/982. O CDC, Centro para Controle e Prevenção de Doenças estima que 5-15% de todos os pacientes hospitalizados adquirem alguns tipos de infecção. Cerca de 20.000 pessoas morrem de infecção hospitalar por ano (TORTOTA,et al,2003). De acordo com (CASE et AL,2003), os possíveis motivos pelos quais um paciente pode sofrer algum tipo de infecção hospitalar esta relacionado a interação de diversos fatores, como: microorganismos em ambiente hospitalar, o estado comprometido ou enfraquecido do paciente e a cadeia de transmissão no hospital. Portanto, este trabalho tem como foco realizar um estudo retrospectivo quantitativo quanto ao perfil epidemiológico de infecção hospitalar em crianças de uma unidade de saúde do município de São Luís, já que a resistência aos antimicrobianos tem aumentado progressivamente a morbidade, mortalidade e custos de tratamento das doenças infecciosas em geral e das infecções hospitalares em particular. Nesse contexto, tem sido um grande desafio para os gestores de saúde nas mais variadas esferas desenvolver estudos nessa área diante da relevância do tema e inesgotável matéria prima.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo em 10 crianças que apresentaram quadros de infecção hospitalar em uma unidade pública de saúde do município de São Luis. Foi feito um levantamento nos prontuários, no plano terapêutico e no serviço de estatística da unidade pesquisada relacionando os resultados encontrados às variáveis de idade, peso e patologia, tratamento farmacológico e duração do tratamento descrevendo a evolução do paciente. O período de estudo foi de agosto a novembro de 2009. A coleta de dados, foi realizada em duas etapas, deu-se após concordância da direção da referida unidade de saúde por meio de assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido. Foi utilizado como instrumento de pesquisa um questionário considerando as diversas variáveis representadas em gráficos e tabelas utilizando o programa de planilha eletrônica EXCEL que configuraram os dados obtidos.
RESULTADOS:
Os resultados da pesquisa sobre infecção hospitalar ressalvam uma faixa etária prevalente de 0 a 3 anos (80%) com idade mínima de 14 dias e máxima de 13anos. Para variável da idade das crianças com intervalo de 3 anos: 80% entre 0 e 3 anos, 10% entre 7 e 9 anos, 10% entre 10 a 12 anos; entre 4 a 6 anos e maiores a 13 não houve casos de infecção. Dos 10 casos analisados, 4 (40%) apresentaram sepse e 6 (60%) apresentaram enteroinfecção. As infecções hospitalares são iatrogênicas decorrentes da hospitalização do paciente e que se tornaram importante foco de atenção nas ultimas décadas, embora desde a antiguidade existissem relatos sobre a disseminação de doenças epidêmicas. A freqüência das infecções hospitalares varia com as características do paciente, consideradas como determinantes na suscetibilidade as infecções. Constitui também para este fato as características do hospital, os serviços oferecidos, o tipo de clientela atendida, ou seja, a gravidade e complexidade dos pacientes, e o sistema de vigilância epidemiológica e controle de infecções hospitalares adotadas pela instituição de saúde (GOLDMANN,1986). Quanto ao peso, 60% dos casos apresentaram infecção de 0 a 10kg; 20% de 11 a 20kg, 10% de 21 a 30kg; 10% de 31 a 40kg. O peso das crianças varia de 2,4kg a 40kg. Pode-se observar uma prevalência de infecção hospitalar em crianças com peso entre 0 e 16 kg, ao qual foram pesadas no inicio do tratamento, podendo estas pesagens diminuírem devido aos sintomas que os pacientes apresentam decorrentes das infecções como vomito, diarréia, fadiga e reações relacionadas ao tratamento farmacológico. O tratamento principal das infecções hospitalares utilizadas foi penicilina em 30% (03) dos casos e ampicilina em 70% (07). Ainda utilizada com terapia principal, houve a hidratação venosa presente em 100% dos casos, pois é a primeira etapa para realizar o tratamento em um paciente. Devido aos sintomas que os pacientes apresentaram, houve a necessidade de utilizar uma terapia complementar com antimicrobianos, antiemético, antitérmico, analgésico e antifisético. Observa-se em relação ao tempo de internação e duração do tratamento, que se iguala, que a variação foi de 5 a 22 dias com uma prevalência de 8 a 12 dias sendo que 9 (90%) dos pacientes obtiveram alta hospitalar e 1 (10%) paciente evoluiu a óbito que apresentou uma duração de tratamento de 22 dias. O controle da infecção hospitalar esta regulamentado desde 1982 pelo ministério da saúde, quando da criação do Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar. Contudo só foram desenvolvidos estudos mais sérios e normas de controle nos hospitais a partir da comoção popular provocada pela morte de Tancredo Neves (POLIT).
CONCLUSÃO:
Para compreender melhor o comportamento das infecções hospitalares e elaborar as medidas de controle e prevenção pertinentes é preciso conhecer quais os fatores de riscos envolvidos nos desenvolvimentos das infecções hospitalares. Como afirmam FREEMAN, MEcGOWAN, um fator de risco para infecção hospitalar e simplesmente um indicador de risco ou um fator associado a infecção hospitalar. Reconhecidamente, o hospital é um importante reservatório de agentes patogênicos para a infecção hospitalar. Frente a uma infecção, se o paciente estiver em boa condição clínica recomendamos manter uma conduta de rotina, caso o paciente esteja piorando, devemos trocar o antibiótico atualmente administrado. As medidas mais importantes são as de prevenção, evitar o uso abusivo de antibióticos, lavagem obrigatória das mãos antes e após de qualquer procedimento, reduzindo a transmissão destes microorganismos entre o corpo clinico e os pacientes hospitalizados. Um estudo envolvendo diferentes profissionais da área da saúde poderia mostra outras percepções em relação aos fatores de risco. Considerando-se que os dados encontrados podem servir de referencia para futuras investigações, refletindo sobre a prática hospitalar buscando aperfeiçoamento do trabalho.
Palavras-chave: EPIDEMIOLOGIA, INFECCAO, CRIANCA.