62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE BORO EM MILHO E FEIJÃO-CAUPI
Magna Maria Macedo Ferreira 1
Alex Ricarte Linhares de Sá 1
Francisca Alves dos Santos 1
Julio Augusto Melo Schwengber 1
Luis Augusto Melo Schwengber 1
Marcelino da Silva Pereira Neto 1
1. Depto. de Fitotecnia, Universidade Federal de Roraima - UFRR, Boa Vista/RR
INTRODUÇÃO:

O milho é uma gramínea tropical originária do México, sendo o terceiro cereal mais cultivado no mundo, ficando atrás apenas do trigo e do arroz. É cultivado em todos os estados brasileiros e em quase todas as propriedades agrícolas, tanto na agricultura familiar quanto na de exportação, envolvendo um contingente significativo de mão-de-obra rural.

O feijão-caupi, também conhecido como feijão macassar, é uma leguminosa tropical originária da África e trazida para o Brasil durante o tráfico de escravos. É cultivado normalmente pelos pequenos produtores das regiões Norte e Nordeste do Brasil, adaptando-se bem às diferentes condições de clima e solo.

O sintoma inicial de deficiência de boro (B) é a inibição do alongamento dos ápices da raiz, seguida da inibição da divisão celular no ápice da parte aérea. Em geral, as flores não chegam a se formar. O boro desempenha papel importante no alongamento do tubo polínico. Participa da síntese de ácidos nucléicos, do funcionamento da membrana e das respostas hormonais.

O objetivo da pesquisa foi avaliar os sintomas visuais de deficiência de boro em plantas de milho e feijão-caupi, uma vez que essa deficiência seja talvez mais comum do que a deficiência de qualquer outro micronutriente, principalmente em solos arenosos.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi conduzida em casa-de-vegetação do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Roraima (CCA/UFPB), entre 07 de maio e 29 de junho de 2009.

Foi utilizado o híbrido simples de milho BRS 1010 a cultivar de feijão-caupi Pretinho Precoce.

O experimento foi conduzido em vasos de Leonard. Na parte superior do vaso colocou-se um substrato confeccionado com areia lavada mais vermiculita na proporção de 1:1. O substrato foi molhado com água destilada até a atingir a Capacidade de Campo.

Na semeadura, foram utilizadas quatro e cinco sementes por vaso, para o milho e o feijão-caupi, respectivamente, as quais germinaram aproximadamente cinco dias depois. Quando a plântula atingiu o estágio de folhas cotiledonares mais duas folhas definitivas, foi feito o desbaste, deixando-se apenas duas plantas por vaso, escolhendo-se as que apresentavam o melhor aspecto visual.

As plantas de milho e feijão-caupi receberam solução nutritiva com todos os nutrientes que as plantas necessitam para crescer e desenvolver. Concomitantemente também receberam a mesma solução, mas com omissão de B.

A água destilada foi fornecida às plantas no decorrer do experimento, sendo colocada na parte inferior dos vasos.

Os sintomas de deficiência de boro foram descritos tão logo surgissem.

RESULTADOS:

Nas plantas de milho, a deficiência de boro reduziu o porte em relação ao tratamento que recebeu todos os nutrientes. As folhas apresentaram uma cor verde mais intensa devido à diminuição na taxa de crescimento, o que promoveu aumento na concentração de clorofila. As folhas mais velhas apresentaram um amarelecimento e/ou arroxeamento interneval, que surgia na base e progredia em direção ao ápice. Já as folhas mais novas enrolavam-se na base e tomavam a forma de um "canudo", o que na literatura científica é chamado de "coração".

Nas plantas de feijão-caupi, a deficiência de boro promoveu redução acentuada no porte da planta em relação ao tratamento que recebeu todos os nutrientes. As folhas apresentaram uma cor verde deveras intensa, pois a deficiência de boro reduz muito mais a taxa de crescimento do que o teor de clorofila. Além disso, apresentavam-se viradas para baixo, o que na literatura científica denomina-se "copo". Posteriormente essas folhas senesciam precocemente e caíam.

Como o B tem a função de interligar os polímeros da parede celular, as folhas de plantas deficientes em B são muito frágeis e quebradiças. O B também tem papel no funcionamento da membrana plasmática e no metabolismo das auxinas. Além disso, a deficiência de B reduz a absorção de K e P.

CONCLUSÃO:

Plantas deficientes em boro reduzem o porte e ficam mais "esverdecidas".

Apesar de ser considerado um nutriente que a planta necessita em pequenas concentrações, o boro, quando em faixa deficiente na solução do solo, pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento da planta tal como um nutriente exigido em altas concentrações, como o nitrogênio e o potássio, apresentando sintomatologia bem nítida.

Recomenda-se que a adubação com boro para as culturas do milho e do feijão-caupi sejam tão bem programadas como as adubações com os nutrientes exigidos em altas concentrações.

Palavras-chave: Zea mays L., Vigna unguiculata (L.) Walp, Diagnose visual.