62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 3. Oceanografia Geológica
CONTRIBUIÇÃO DO EMISSÁRIO SUBMARINO DE FORTALEZA NA SEDIMENTAÇÃO DE LAMA TERRIGENA NA PLATAFORMA INTERNA ADJACENTE.
Francisco Jailton Nogueira Silva Filho 1
Ítalo Gois Miranda 1
Pedro Ângelo Silva de Morais 1
Giullian Nicola Lima dos Reis 1
Maria Ozilea Bezerra Menezes 1, 2
Lidriana de Sousa Pinheiro 1, 3
1. Instituto de Ciências do Mar/LABOMAR, Laboratório de Oceanografia Geológica, UFC
2. Profa. Dra.
3. Profa. Dra. / Orientadora
INTRODUÇÃO:
O Sistema de Disposição Oceânica dos Esgotos Sanitários de Fortaleza (SDOES) atua no tratamento e disposição final, de maneira rápida e segura, dos esgotos gerados na região. A eficiência desse sistema se dá aproveitando-se a elevada capacidade de autodepuração das águas marinhas que promovem a diluição, dispersão e o decaimento de cargas poluentes a elas lançadas. Os esgotos domésticos contêm aproximadamente 99,9% de água e 0,1% de sólidos. Apesar das etapas de pré-tratamento para retirada de sólidos, parte do material em suspensão associadas às altas vazões são transportados para a plataforma interna. Os sedimentos carreadores são fontes potenciais de contaminantes nos sistemas aquáticos (Murray et al., 1999), a exemplo dos metais pesados. Esses sedimentos, tipicamente finos, devido seu escape das grades de filtração, ao se depositarem no fundo oceânico em torno do difusor submarino podem acarretar diversas modificações no ambiente marinho como aumento da turbidez, soterramento da fauna e flora bentônica e outras características ambientais da micro-região onde se encontram. Portanto, o objetivo deste trabalho foi identificar a influência do emissário, a partir da distribuição de fácies sedimentares, no aporte e espalhamento de lama terrígena na área de entorno.
METODOLOGIA:
As coletas de amostras do substrato marinho nas estações fixas em torno do emissário submarino de Fortaleza (CE) foram realizadas no dia 03 de dezembro de 2009 à bordo do barco Martins Filho, do LABOMAR/UFC com o uso de um amostrador de fundo do tipo Van Veen. As amostras foram colocadas em sacos plásticos devidamente identificados e armazenadas no congelador até serem enviadas para análise no Laboratório de Oceanografia Geológica (LOG)/LABOMAR. Em laboratório, a fração granulométrica foi determinada pelo método de peneiramento úmido e seco. O teor de carbonato de cálcio foi determinado pelo ataque de HCl(10%) e matéria orgânica por queima em mufla à 450ºC.  Os parâmetros estatísticos foram calculados no programa ANASED. As fácies sedimentares foram classificadas segundo Larsonneur e correlações com barreiras físicas e processos costeiros atuantes na região foram realizados para maior entendimento da sedimentação nos entorno do SDOES.
RESULTADOS:
Os valores das frações granulométricas inferem a predominância de areias litoclásticas marinhas, todas com mais de 70% de areia, com granulometria variando de fina a muito fina.  As estações D3 (38°54'81"W/3º68'41"S), D7 (38º52'22"W/3º69'20"S) e C2 (38º54'11"W/3º68'62"S), são caracterizadas por lamas terrígenas arenosas, com percentual de 53,36% de lama argilo-siltosa na última estação. A estação acima citadas estão próximas ao primeiro difusor do SDOES, o que justifica a elevada concentração de material terrígeno fino a exemplo do silte e argila transportada em suspensão no efluente, com predominância do silte grosso. Bioclastos marinhos estão associados aos cascalhos litoclástos e fragmentos de concreções rochosas, possivelmente associadas, aos afloramentos do Barreiras na plataforma interna observados nas estações D4 (38º54'86"W/3º68'94"S) , E4 (38º57'43"W/3º67'94"S) e C3 (38º54'07"W/3º69'10"S).  A concentração e distribuição de matéria orgânica no sedimento foi semelhante ao material fino de fundo, variando de 0,10 (estação D7) a 0,49 na saída do segundo difusor (estação A1 38º53'59"W/3º68'78"S). A concentração média foi de 0,29. O teor de CaCO3 variou de 18,39 a 43,26%, com valores mínimos e máximos observados nas estações B1 (38º53'63"W/ 3º68'56") E4, respectivamente.
CONCLUSÃO:
A sedimentação de lama terrígena possivelmente associada à contribuição do emissário ficou restrita a uma área de aproximadamente 1,3 km2 a oeste dos difusores. O percentual de lama percentual de lama argilo-siltosa foi superior a 30%, com predominância de silte. Na estação B1 a redução das concentrações está associada à diluição do CaCO3 pelas águas de origem continental.
Instituição de Fomento: Companhia de Água e Esgoto do Ceará - Cagece
Palavras-chave: Esgoto, Sedimento, Fortaleza.