62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional
RESERVAS INTERNACIONAIS DO BRASIL: UMA ANÁLISE DE INDICADORES MACROECONÔMICOS DE 2000 - 2009
MAGILA SOUZA SANTOS 1
MAGALÍ ALVES DE ANDRADE 1
JAMILLY DIAS DOS SANTOS 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INTRODUÇÃO:
Ao comparar o Brasil com os demais países emergentes, este assume posição de destaque diante dos grandes investidores estrangeiros. São inúmeros os motivos para esta mudança de paradigma, um dos destaques é o aumento considerável das reservas internacionais brasileiras. Com base nesse contexto, o objetivo desse trabalho é investigar o comportamento das reservas internacionais fazendo um comparativo com alguns indicadores macroeconômicos, utilizando o período de 2000 à 2009. Nas décadas de 60 e 70, período que mais tiveram produções sobre o tema, Heller (1966), com análise de custo-benefício para a escolha ótima da razão reservas/importações. Os pioneiros a utilizar técnicas econométricas foram Kenen e Yudin (1965). Autores como Frankel e Jovanovic (1981), desenvolveram um modelo de reservas ótimas baseado no papel das reservas como "buffers"(amortecedores). Flood e Garber (1984), discutiram o papel das reservas como mecanismo de adiar as crises. Ben-Bassat e Gottlieb (1992), com um modelo que media o efeito das reservas na probabilidade de crise. Dentre esses modelos várias foram as aplicações e extensões, como Jeanne e Ranciére (2006). Além de autores como Cavalcante e Vonbun (2007;2008) e a análise da relação custo-benefício.
METODOLOGIA:
Para atingir o objetivo proposto o procedimento metodológico utilizado foi uma pesquisa bibliográfica e uma análise de dados secundários. A pesquisa bibliográfica foi constituída de livros, publicações periódicas, artigos científicos, relatórios técnicos divulgados pelo Banco Central do Brasil e alguns impressos. Já a pesquisa documental foram utilizados documentos e dados disponíveis em sites como os do IBGE, IPEADATA, Banco Central do Brasil. A pesquisa bibliográfica foi utilizada para dar o aprofundamento teórico e a documental, para através dos dados, comprovar as hipóteses estudadas. Os principais indicadores utilizados, para fazer a análise, foram os montantes de reservas internacionais, a partir do conceito liquidez internacional e do conceito caixa, importações brasileiras, o Ibovespa como proxy da confiança dos investidores estrangeiros, rentabilidade das reservas internacionais, dívida externa, Produto Interno Bruto (PIB) entre outros. Em alguns casos foram calculadas as relações entre eles, como por exemplo, Reservas Internacionais/PIB no Brasil, na América Latina e no Mundo. A base de dados, como já supracitado, foi de 2000 à 2009.
RESULTADOS:
Ao relacionar as reservas internacionais brasileiras com PIB percebe-se que desde 1990 esses indicadores seguem trajetória crescente e concomitante, apresentando descolamento a partir de 1998, como resultado da crise asiática em 1997 e a crise na Rússia em 1998, onde as reservas atingem 5,2% do PIB. Nesse período o governo brasileiro recorre a empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), e em 1999 desvaloriza o Real o que elevou o nível de reservas em porcentagem do PIB, refletindo na queda do valor do PIB em dólar, devido à desvalorização da moeda brasileira. A partir desse contexto, apesar de todas essas medidas, o Brasil só retoma o patamar anterior a crise, em meados de 2000, quando as reservas retomam a trajetória ascendente. O crescimento efetivo do acumulo das reservas evidenciou-se entre os anos de 2006 e 2007, apresentando uma variação de 110%, chegando a representar 150% das importações e 75% da dívida externa brasileira. Dessa forma, as reservas internacionais tem acompanhado a tendência, de certo modo, crescente do PIB com um leve descolamento apenas no ano de 2009 quando o PIB apresentou retração de 0,2% devido a ultima crise mundial, enquanto que as reservas internacionais bateram recorde histórico de US$ 209,224 bilhões.
CONCLUSÃO:
Sabe-se que as reservas internacionais de um país representam o total de moeda estrangeira mantido pelo Banco Central (BCB). A maior parte desses recursos é aplicada em títulos da dívida de outros países e tem como origem os superávits do balanço de pagamentos, de forma que quando ocorre mais entrada de divisas que saídas, o Banco Central acumula reservas tornando o país superavitário. Analogamente, o país é deficitário quando há uma saída de reservas que o BCB cobre utilizando as divisas acumuladas. Apesar da divergência entre correntes a respeito do acumulo de reservas, ora como um seguro contra crise, ou gerando custos fiscais. A manutenção das reservas internacionais serviram como proteção contra crises financeiras internacionais e na diminuição da variabilidade externa, refletidos na menor queda do PIB e do consumo interno durante crises internacionais. Contudo, frente a aparente "robustez" da economia percebe-se que o acumulo de reservas internacionais tem conseqüências negativas como abdicação dos retornos ao deixar de investir em algumas aplicações alternativas, como o investimento produtivo. Entretanto alguns pontos positivos podem ser observados, como diminuição da vulnerabilidade do país e suavização dos impactos causados por crises internacionais.
Instituição de Fomento: CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Palavras-chave: Reservas Internacionais, Produto Interno Bruto, Indicadores Macroeconômicos.