62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
BULLYING: SOCIABILIDADE E VIOLÊNCIA ENTRE PARES NO AMBIENTE ESCOLAR
Sammy Silva Sales 1
Bárbara Duarte de Souza 1
André Dantas 1
Cícero Pedrosa Neto 1
Luciane Tavares 1
Izabela Jatene de Souza 1
1. Universidade Federal do Pará
INTRODUÇÃO:

O tema da violência ocupa espaço central nas discussões contemporâneas e sua relevância condiz com sua expansão em diversos aspectos da sociedade, além de que esse quadro de violência acarreta conseqüências sociais e individuais sem precedentes. A escola não se vê isenta dessa problemática. A violência escolar alcançou dimensões alarmantes em toda a sociedade,  sendo que os estudos nesse campo se concentram nas relações inter-pessoais agressivas, envolvendo os atores da comunidade escolar.

De modo geral, a violência se confunde, se interpenetra, se inter- relaciona com agressão e/ou indisciplina quando se manifesta na esfera escolar. Diante das dificuldades de adequar o conceito à diferentes realidades e ao grande número de estudos realizados, a violência escolar também pode ser denominada: conduta anti-social, distúrbio de conduta e bullying

Apesar do bullying ocorrer em diversos outros contextos, é no ambiente escolar que esse tipo de comportamento é mais detectado. Nesse sentido, buscamos entender como se dá as relações de sociabilidade entre as crianças e procuramos identificar os tipos de comportamentos mais freqüentes que possam ser caracterizados como bullying.

METODOLOGIA:

A metodologia utilizada para a realização da pesquisa foi a observação direta e entrevistas semi-estruturadas durante a hora do recreio dos alunos da Escola Municipal Professora Ernestina Rodrigues. Além da aplicação de quarenta e sete questionários entre os alunos de três turmas de quarta série do ensino fundamental da mesma escola, buscando os tipos de comportamento agressivos mais recorrentes como apelidar, encarnar, excluir, perseguir, bater, ofender, isolar, chutar, humilhar, provocar briga, agredir, ferir, entre outros.

 

RESULTADOS:

Quando perguntados se já tinham praticado qualquer dos comportamentos, 76,5% dos alunos alegaram ter apelidado alguém, sendo que 88,8% são meninos e 69% de meninas. Essa tendência é quase absoluta, pois, em quase todas as agressões os meninos lideram o índice de prática, com exceção para a "Discriminou", cujo índice de meninas é maior, equivalendo à 13,7%, em contrapartida com o índice masculino, que é de apenas 5,5%.

Quanto às agressões sofridas os meninos lideram a maioria dos índices, com destaque para "Dominado", "Intimidado" e "Encarnado", cujos índices são 50%, 55,5% e 83,3% respectivamente. Quanto às meninas os índices correspondem à 17,2%, 27,5% e  58,6% respectivamente. Do índice total de agressões sofridas, as que são sentidas com mais freqüência é "ser apelidado" e "ofendido", correspondendo a 80,8% e 74,4% do total de alunos respectivamente.

Quanto à freqüência das agressões muitos informaram que xingamentos e agressões físicas, além da prática de colocar apelidos nos colegas é constante na escola e que os desentendimentos mais graves também acontecem, mas não com tanta freqüência.

CONCLUSÃO:

É preciso considerar que o bullying não pode ser confundido com brincadeirinhas de crianças, nem admitido como situação corriqueira e natural. O outro, em situação de vulnerabilidade, é, por força deste tipo de violência, vitimizado e impelido ao isolamento, e ainda que todos partilhem de um mesmo padrão de práticas como "apelidar" "e "encarnar", isso não significa que as mesmas não possam ofender e chegar a um nível mais sério de agressão.

Assim sendo, é imperioso considerar que o fator de igualdade de condições entre os estudantes que viabiliza a socialização, é o fato de todos estarem envolvidos (como agressores, alvos ou testemunhas) em práticas de violência, especialmente essa violência sutil, na qual, em suas inúmeras expressões e em inúmeros aspectos, todos estão envolvidos ou vivem tal fenômeno.

Diante da constatação do bullying no ambiente escolar e de como tal prática influi no processo de sociabilidade, é mister pensarmos em estratégias de prevenção e conscientização de pais, alunos, professores e demais profissionais envolvidos para o combate dessa manifestação de violência, cujas conseqüências podem acarretar  problemas no desenvolvimento físico e psicológico dos indivíduos envolvidos
Palavras-chave: Bullying, Sociabilidade, Ambiente escolar.