62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A VIDEOCONFERÊNCIA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DAS EQUIPES QUE TRABALHAM NAS SALAS DE CIÊNCIAS DO PROJETO SESCIÊNCIA: O DIÁLOGO SIMULTÂNEO COM TODAS AS REGIÕES DO PAÍS.
Ana Carolina de Souza Gonzalez 1
Andres Salomon Cohen Sebilia 1
Claire da Cunha Beraldo 1
André Souto Witer 2
1. Departamento Nacional do SESC (Gerência de Educação e Ação Social), RJ.
2. Departamento Nacional do SESC (Gerência de Desenvolvimento Técnico), RJ.
INTRODUÇÃO:

O Projeto SESCiência é uma iniciativa do Departamento Nacional do Serviço Social do Comércio (SESC-DN) que desde 1987 desenvolve ações de educação científica em todo o país. Uma de suas atuações é implantar as Salas de Ciências (SC), espaços que funcionam como pequenos Museus de Ciência, onde, com a ajuda de estagiários/mediadores, os visitantes interagem com os equipamentos e constroem um pensamento crítico e reflexivo, com embasamento científico. As 11 SC em funcionamento estão distribuídas por todas as regiões do país e suas implantações aconteceram em diferentes períodos. As equipes locais, essenciais à manutenção da proposta, recebem in loco capacitação específica dos Coordenadores do SESC-DN somente à época da inauguração. Além disso, segundo a legislação vigente, o período de estágio dos monitores é de, no máximo, dois anos, o que implica em constantes renovações. Considerando-se a impossibilidade de realizar ações presenciais de capacitação sempre que os mediadores são substituídos, foi planejada a Ação de Capacitação via videoconferência intitulada "Mediação de Linguagens nas SC: seu Papel Sócio-Cultural e Inclusivo". A referida ação teve como mote proporcionar a necessária formação continuada das equipes, garantindo, assim, o alcance dos objetivos pedagógicos das SC.

METODOLOGIA:

A ação, transmitida a partir do SESC-DN, usou a plataforma IP.TV, implantada em núcleos do SESC nos estados, e foi composta de 6 encontros ocorridos em outubro de 2009. Cada encontro teve duração de 02h15min, com 15min de intervalo e 30min adicionais para interação com os participantes. As trocas de informações aconteceram durante os encontros também via chat ou correio eletrônico. As aulas foram ministradas por 7 assessores convidados, profissionais de referência nacional na área da divulgação científica. Cada um ficou responsável por uma temática específica e sugeriu bibliografia complementar para consulta e estudo. Foram usados materiais de apoio como Power point, vídeos e música. Na última reunião, as equipes debateram entre si e preencheram o formulário de avaliação da ação. Esse documento, além de um espaço para autoavaliação, abordou questões como relevância dos temas, reflexão diante da prática, aplicabilidade, qualidade do material, carga horária e organização do curso. Para cada palestrante, o participante pôde julgar sua exposição, o domínio e a atualização, e a associação da teoria com a prática. Como produto final e desdobramento do processo avaliativo, cada equipe das SC produziu um artigo descrevendo o histórico desses espaços e suas experiências em mediação.

RESULTADOS:
O curso recebeu 100 inscrições em 16 estados. Dessas, 44 foram de servidores dos SESC regionais, 40 de estagiários e 16 de convidados. Esse resultado foi considerado satisfatório, uma vez que as equipes das SC são constituídas de um Coordenador local e 2 estagiários/mediadores por turno. Dos estados que não se inscreveram na ação ou se inscreveram e não participaram, 85% não têm SC implantadas, nem em vias de implantação, o que pode justificar suas ausências. Do total de participantes inscritos, a média diária de audiência foi de 68,4 pessoas e, ao final da ação, 57 responderam às 27 questões do formulário de avaliação. Foram contabilizadas 1541 respostas totais, das quais 988 (64%) apresentaram a avaliação "ótimo", 519 (34%) "bom", 34 (2%) "regular" e nenhuma "ruim". Adicionalmente, 100% desses participantes afirmaram indicar a referida ação a outros funcionários do SESC. Esses resultados traduzem a receptividade positiva da ação e o estabelecimento de um momento importante para estudo e reflexão das práticas. Ressalta-se que apenas 26 participantes apresentaram frequência recomendada para certificação (mais de 70%), o que pode estar relacionado à incompatibilidade do horário dos encontros (manhãs) com as outras atribuições do participante, como os estagiários que têm aulas.
CONCLUSÃO:

Sabe-se que certos tipos de ações presenciais são imprescindíveis quando o que se deseja é uma reflexão in loco a partir de realidades individuais, passíveis de ajustes que levam em conta determinado contexto. Embora ainda em discussão na literatura, as necessidades locais parecem ser melhor detectadas e as correções de possíveis desvios mais eficientemente implementadas quando é estabelecido o vínculo de proximidade. Entretanto, quando são enfocadas a abrangência de atuação das SC, a heterogeneidade das equipes de trabalho e a renovação constante dos estagiários/mediadores, é possível perceber a contribuição que a ferramenta de videoconferência pode dar à formação continuada desses atores. Além disso, seria inviável prover presencialmente todas as SC de uma formação com esses assessores de renome nacional se não fosse por uma metodologia a distância. Ressalta-se ainda que essa ação materializou a possibilidade para que todas as equipes das SC no Brasil se vissem e trocassem impressões e relatos em tempo real. Embora o trabalho das equipes das SC esteja embasado na mesma Proposta Pedagógica, não há um diálogo estabelecido entre esses distintos espaços, caracterizando a videoconferência como um momento privilegiado de compartilhamento de experiências.

Palavras-chave: Museus de Ciência, Capacitação de equipes, Videoconferência.