62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
EFETIVIDADE DA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM GRUPO, EM PORTADORES DE SÍNDROMES DOLOROSAS CRÔNICAS
Flávio Emanoel Souza de Melo 1
Íria Lúcia Duarte Pinheiro 1
Ingrid Ferreira de Lima 1
Mariana Agostinho de Araujo 1
Andreza Pereira de Araújo 1
Wouber Hérickson de Brito Vieira 2
1. Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
2. Prof. Dr./Orientador, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
INTRODUÇÃO:
Síndromes dolorosas crônicas são entidades complexas e cada vez mais freqüentes acometendo 20% da população mundial segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde. Estas síndromes ocasionam um impacto negativo nas esferas físico-psico-sociais, comprometendo a qualidade de vida dos indivíduos ao induzir quadros de fadiga, restrições funcionais e laborais, stress, ansiedade e/ou depressão, distúrbios do sono, comportamentos anti-sociais, dentre outros. Diante disso, há um custo muito alto aos cofres públicos para o manejo dessas conseqüências, sendo necessárias novas estratégias de prevenção e tratamento a fim de reduzir tal impacto econômico. Sendo assim, a intervenção multidisciplinar em grupo é uma das modalidades de tratamento que mais vem surtindo resultados positivos, restaurando a capacidade física e psicossocial do paciente (Dysvik et al., 2009). Concomitantemente, a prática de atividade física regular é uma importante estratégia terapêutica para indivíduos com dor crônica, produzindo benefícios na qualidade de vida dos mesmos. Diante do exposto, esse estudo teve o objetivo de investigar os efeitos da intervenção fisioterapêutica em grupo na qualidade de vida e dor/desconforto de pacientes portadores de síndromes dolorosas crônicas.
METODOLOGIA:
Esse estudo foi do tipo quase experimental, no qual participaram cinco indivíduos, na faixa etária entre 55 e 70 anos, com diagnóstico clínico de patologia músculo-esquelética crônica, e portanto, portadores de dor crônica por mais de três meses. Os voluntários foram submetidos a avaliações pré e pós-período de treinamento da qualidade de vida e dor/desconforto corporal e a um programa de exercício físico, uma vez por semana durante três meses. Os instrumentos utilizados foram: SF-36 (Medical Outcomes Short Form 36) a fim de avaliar a qualidade de vida e o questionário modificado de Zabel e McGrew (1997) para a avaliação dos locais e intensidade da tensão/desconforto corporal. Cada sessão teve a duração de 40 minutos iniciando com 5 minutos de aquecimento e finalizando com 5 minutos de relaxamento. As sessões contemplavam atividades de força, resistência, potência e equilíbrio corporal. Todas as sessões foram supervisionadas por cinco instrutores devidamente habilitados, no entanto, somente um avaliador realizou a coleta e análise dos dados. Foram utilizados os testes Shapiro-Wilks e t de student pareado para avaliar a distribuição dos dados e comparação entre os momentos pré e pós-intervenção, respectivamente. Considerou-se um p-valor de 0,05 como significância estatística.
RESULTADOS:
Os dados obtidos pela aplicação do questionário SF-36 nos momentos pré e pós-intervenção foram calculados e separados em 8 domínios que variam de 0 a 100, sendo este ultimo o melhor resultado possível. Assim, pode-se observar que houve melhoras em todos os domínios após o período de intervenção, sobretudo, nos seguintes: limitação por componente emocional (de 33,32 para 73,32), limitações por aspectos físicos (de 33,32 para 73,32), vitalidade (de 33,32 para 73,32) e estado geral da saúde (de 33,32 para 73,32). No entanto, sem diferenças estatisticamente significante (p >0,05). Com relação aos dados de dor/desconforto corporal pode-se observar que os locais mais referidos pelos pacientes foram joelho e coluna lombar. Entretanto, não houve diferenças significativas entre as avaliações pré e pós-intervenção no que se refere a redução dos níveis de dor. Apesar de não ter sido observada diferença estatisticamente significante, os resultados observados nesse estudo apontam para a importância clínica do trabalho em grupo já que todas as variáveis apresentaram um comportamento semelhante de melhora em seus índices. O tamanho amostral pequeno pode ter contribuído para o resultado estatístico encontrado.
CONCLUSÃO:
A intervenção fisioterapêutica em grupo não se mostrou efetiva em modificar a qualidade de vida e dor/desconforto corporal dos indivíduos, apesar de todas as variáveis estudadas terem apresentado melhora após o período de intervenção. Por outro lado, os efeitos positivos da intervenção fisioterapêutica em grupo do ponto de vista clínico pode ser observado nesse estudo. Como limitação do estudo destaca-se o pequeno tamanho amostral o que pode ter contribuído para os resultados estatísticos encontrado. Sugere-se a realização de mais estudos devidamente controlados para corroborar os resultados encontrados em outros estudos que apontam para a efetividade dessa técnica na melhora da qualidade de vida de portadores de dor crônica.
Palavras-chave: Dor crônica, Grupo, Qualidade de vida.