62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
ECOMORFOLOGIA DE PEIXES LITORÂNEOS DA PRAIA DA BARRA DE TABATINGA/RN
Mayara Cristina Moura Silva dos Prazeres 1
Aline da Costa Bonfim 1
Janes Lucas da Costa Lima 1
Waldir Miron Berbel Filho 1
Liana de Figueiredo Mendes 1, 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
O ambiente recifal disponibiliza grande quantidade de locais a serem explorados e ocupados, o que conseqüentemente é refletido na diversidade de formas, hábitos e riqueza dos peixes encontrados neste habitat. As variações corpóreas e comportamentais podem ser relacionadas aos habitats que os peixes ocupam nos recifes, em decorrência de adaptações ocorridas durante a evolução das espécies. Adaptações tratam-se de estruturas desenvolvidas através de seleção natural, que permanecem com o tempo, caracterizando uma melhoria para a espécie e sua interação com o meio. A ecomorfologia avalia a forma dos animais relacionada a aspectos ecológicos e deste modo, a análise das formas corporais e o estudo das diferentes condições do habitat podem fornecer informações de como as adaptações auxiliaram as espécies na exploração dos recursos do meio. Neste trabalho foi analisada a ecomorfologia de 17 espécies de peixes recifais coletados nas poças de maré e arredores, na região litorânea, com o objetivo de descrever as relações forma-habitat, e também discutir se os padrões ecomorfológicos refletem ou não a filogenia das espécies. O local de coleta foi a Praia de Barra de Tabatinga, município de Nísia Floresta/RN.
METODOLOGIA:
Foram realizadas sete coletas, entre março e maio de 2009, utilizando puçás, sacos plásticos, peneira e pesca com linha e anzol. Obteve-se um total de 95 indivíduos das seguintes espécies: Abudefduf saxatilis; Acanthurus bahianus; Acanthurus chirurgus; Anisotremus moricandi; Anisotremus surinamensis; Bathygobius soporator; Diapterus spp.; Epinephelus adscensionis; Eucinostomus melanopterus; Haemulon aurolineatum; Haemulon plumieri; Halichoeres brasiliensis; Hemiramphus brasiliensis; Labrisomus nuchipinnis; Lutjanus griseus; Stegastes fuscus e Thalassophryne nattereri. Após a coleta, os peixes foram fixados em formol 10% e, após três dias, transferidos para álcool 70 %. Para estudo ecomorfológico foram tomadas medidas e calculados índices usualmente utilizados para peixes. As medidas dos peixes foram tomadas com paquímetros manuais de precisão 1,00 mm. Os dados foram descritos utilizando a análise de componentes principais (PCA), análise discriminante e de similaridade, sendo o primeiro desenvolvido com o programa PC-Ord (1999) e os últimos pelo SYSTAT® 12 Statistics-I (2007). Todas as médias foram calculadas a partir do programa Microsoft Office Excel (2007).
RESULTADOS:
Os resultados demonstraram que peixes bentônicos apresentam a forma do corpo diferenciada dos peixes de coluna d'água, enquanto que os demersais ficaram agrupados com formas de corpo semelhante. O grupo de peixes demersais inlcuem: Abudefduf saxatilis; Acanthurus bahianus; Acanthurus chirurgus; Anisotremus moricandi; Anisotremus surinamensis; Diapterus spp.; Eucinostomus melanopterus; Haemulon aurolineatum; Haemulon plumieri; Halichoeres brasiliensis; Lutjanus griseus e Stegastes fuscus. Os bentônicos: Bathygobius soporator; Epinephelus adscensionis e Thalassophryne nattereri e de coluna d'água: Hemiramphus brasiliensis. Estudos afirmam que espécies filogeneticamente próximas tendem a exibir morfologia próxima. Contudo, no presente trabalho nota-se que alguns casos de semelhanças morfológicas independem da relação de parentesco. Nas relações estabelecidas entre as 17 espécies estudadas, foram verificados três casos em que as espécies são mais próximas em termos ecomorfológicos e por outro lado, distantes filogenticamente. Por exemplo, a relação entre Bathygobius soporator (Gobiidae) e Thalassophryne nattereri (Batrachoididae), que apresentam alta similaridade morfológica e mesmo hábitos espaciais e são distantes filogeneticamente.
CONCLUSÃO:
Logo, após estas análises pode-se concluir que os nichos ecológicos distintos influenciam nos hábitos dos peixes e nas características adaptativas, pois independente da proximidade de parentesco nota-se que algumas espécies foram agrupadas por proximidade ecológica. Dessa forma a hipótese ecomorfológica foi confirmada através dos casos em que a filogenia não foi refletida nos agrupamentos e sim as adaptações ao meio.
Palavras-chave: Ecomorfologia, Ictiofauna recifal, Adaptação.