Espécies reativas de oxigênio (ERO), subprodutos gerados por reações biológicas ou fatores exógenos, podem causar grande número de desordens celulares ao reagir com lipídeos, proteínas, carboidratos e ácidos nucléicos. Dessa forma, têm-se buscado novas fontes vegetais de substâncias antioxidantes, capazes de prevenir ou repararem esses danos. Dentre as classes de substâncias antioxidantes de ocorrência natural, os compostos fenólicos se destacam por inibirem in vitro a peroxidação lipídica e a lipooxigenase. A atividade antioxidante destes compostos deve-se às suas propriedades redutoras com um papel importante na neutralização e seqüestro de radicais livres. A família Malpighiaceae possui distribuição pantropical, incluindo cerca de 66 gêneros e 1.200 espécies, das quais aproximadamente 85 % são neotropicais. No Brasil, ocorrem 34 gêneros e cerca de 300 espécies, distribuídas em formações vegetais diversas como caatingas. Diversos estudos vêm relacionando plantas dessa família como produtoras de substâncias antioxidantes. Neste contexto, a proposta do presente trabalho foi verificar o teor de compostos fenólicos totais dos extratos aquoso e metanólico de folhas de Stigmaphyllon paralias (EAFS e EMFS), bem como avaliar o potencial antioxidante dessas amostras.

Folhas de S. paralias foram coletadas no Vale do Catimbal-PE em outubro de 2009, transportadas para o Departamento de Bioquímica Universidade Federal de Pernambuco e suas exsicatas depositadas no Herbário Dárdano de Andrade-Lima do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). O material vegetal foi seco em temperatura ambiente e moído em moinho de bancada. Os extratos metanólico (EMFS) e aquoso (EAFS), foram concentrados em evaporador rotativo e liofilizados. O teor de fenóis totais dos EAFS e EMFS foi determinado por espectroscopia utilizando o método de Folin-Ciocalteu, usando a curva de calibração construída com padrões de ácido gálico (10 a 300 µg/mL), sendo os resultados expressos como μg de equivalentes de acido gálico (EAG) por μg de extrato. A avaliação da habilidade de sequestrar o radical DPPH (2,2-Difenilpicrilhidrazil), foi mensurada na faixa de concentração de 100 a 1000 µg, monitorando-se o decréscimo da absorbância. Estas medidas foram realizadas em espectrofotômetro UV-Vis no comprimento de onda 517 nm (controle positivo: ácido ascórbico - AA). A partir das porcentagens de inibição foram calculadas as IC50 de cada extrato (concentração em µg/ml inibitória de 50% da formação do radical DPPH). As análises foram realizadas em triplicata para cálculo do desvio padrão.

O conteúdo de compostos fenólicos (µg de ácido gálico/ µg de amostra) foi maior para o EMFS (45,33 µg EAG) do que para EAFS (29,49 µg EAG). Na avaliação da habilidade de sequestrar o radical DPPH foi encontrado um efeito de inibição dose-dependente para ambos os extratos. É valido destacar que, na concentração de 100 µg/ml, foram encontrados elevados índices de inibição: 70,93% (± 0,29) e 65,49% (± 1,77), respectivamente para EMFS e EAFS; valores próximos ao observado na inibição com o ácido ascórbico 75,97 (± 0,17). Ao comparar os resultados do total de polifenóis e atividade antioxidante dos extratos é possível observar que o maior conteúdo de fenóis em EMSF resultou em um aumento da capacidade antioxidante a qual apresentou um IC50 de 84,86 µg/ml (IC50 AA = 26.68).

Nossos resultados demonstram o potencial de S. paralias como fonte de compostos fenólicos com elevada capacidade antioxidante in vitro. Outras metodologias devem ser aplicadas para isolamento e caracterização dessas biomoléculas, representando uma aplicação sustentável desses recursos naturais da Caatinga.