62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
SOBRE O DESENVOLVIMENTO DAS PREFERÊNCIAS NO PROCESSO DE ESCOLHA DE PARCEIROS ROMÂNTICOS
Wallisen Tadashi Hattori 1
Felipe Nalon Castro 1
Maria Emília Yamamoto 1
Fívia de Araújo Lopes 1
1. Departamento de Fisiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
INTRODUÇÃO:
As pesquisas evolucionistas sobre comportamento reprodutivo têm nos fornecido evidências fundamentais, as quais permitem entender de forma mais abrangente a evolução do comportamento humano. Visto que o passo inicial da reprodução é a escolha de parceiros, é de fundamental importância compreender os padrões de seleção de parceiros românticos e suas implicações no sucesso reprodutivo dos indivíduos. A maioria dos estudos tem apresentado resultados com parceiros idealizados em idade adulta. Apresentamos uma comparação entre adolescentes e adultos jovens de ambos os sexos, acrescentando evidência para a compreensão destes padrões comportamentais tanto do ponto de vista do desenvolvimento quanto da evolução do comportamento.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa contou com a participação de 300 estudantes com idade entre 14 e 29 anos, que foram divididos em 4 grupos (média de idade ± DP): 80 mulheres adolescentes (17,22 ± 1,53 anos); 80 mulheres adultas (22,45 ± 2,10 anos); 70 homens adolescentes (17,41 ± 1,51 anos); e 70 homens adolescentes (22,64 ± 2,81 anos). Cada participante respondeu individualmente, de forma anônima, um questionário sobre dados pessoais, auto-avaliação como parceiro romântico e avaliação do parceiro atual ou do último parceiro. Para avaliação sobre qualidade de parceiros românticos, foram utilizadas nove características chave: rosto bonito, corpo bonito, saúde, condição financeira, sociabilidade, ambição/disposição ao trabalho, inteligência, bom humor e sinceridade. Cada característica poderia receber um valor de importância entre zero e cinco pontos. O procedimento foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da UFRN. Comparamos a auto-avaliação dos participantes segundo os grupos de análise divididos segundo o sexo e a faixa etária, utilizando o GLM medidas independentes. Para comparamos a auto-avaliação e a avaliação do parceiro real, utilizamos o GLM medidas repetidas. O nível de significância adotado é de 5%, com correção do alfa para os testes Post hoc (p<0,0056).
RESULTADOS:
Na comparação da auto-avaliação entre os sexos, verificamos que homens e mulheres diferiram na avaliação de algumas características (F(9,288)=3,3; p=0,001). Os traços rosto bonito, saúde, condição financeira e inteligência foram mais bem pontuados na auto-avaliação masculina. Encontramos também diferença entre as auto-avaliações de adolescentes e adultos jovens (F(9,288)=2,64; p=0,006). Observamos maior pontuação por parte dos adultos jovens para característica ambição e disposição ao trabalho. Na comparação entre auto-avaliação e a avaliação do parceiro real, observamos que homens e mulheres diferem na avaliação dos parceiros reais (F(9,288)=0,23; p=0,001). As mulheres julgaram seus parceiros reais, em relação a elas mesmas, como tendo corpo mais bonito, sendo mais saudáveis, mais ambiciosos/trabalhadores e mais bem humorados. Os homens, em média, avaliaram suas parceiras como tendo corpo mais bonito que os deles Entretanto, eles se acham mais bem humorados, mais saudáveis e mais ambiciosos e trabalhadores que suas parceiras reais. Não observamos efeito da faixa etária (F(9,288)=0,44; p=0,910) nem da interação entre sexo e faixa etária (F(9,288)=1,14; p=0,333) na comparação entre auto-avaliação e avaliação de parceiros reais.
CONCLUSÃO:
Na busca pelas universalidades dos padrões comportamentais, comparamos como homens e mulheres jovens e adultos se percebem enquanto parceiros românticos e levamos em consideração essa auto-avaliação, para avaliarmos o parceiro real, o que representava uma escolha já feita. Sugere-se que a maior valorização das características de saúde, ambição e bom humor no parceiro do sexo masculino, tanto por ele mesmo quanto por sua parceira, pode ser indicativo de escolha de parceiros com habilidades sociais e de obtenção recursos. Em contraste, a valorização masculina do corpo feminino, nos indica uma escolha voltada às características reprodutivas da mulher, logo melhores chances de sucesso reprodutivo. De maneira geral, apesar de algumas diferenças na auto-avaliação entre as faixas etárias, observamos que adolescentes e adultos jovens apresentam padrões de preferência bastante semelhantes, sugerindo que as adaptações para o processo de escolha de parceiros acontecem já durante a adolescência.
Instituição de Fomento: UFRN, CNPq, CAPES
Palavras-chave: Seleção sexual, Diferenças sexuais, Diferença de idade.