62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 1. Comunicação Digital
COMPARTILHAMENTO DE MÚSICAS NA REDE, CRISE DA INDÚSTRIA FONOGRÁFICA E CONFLITOS ENTRE NANOS E POPS STARS
Paula Falcão 1
Fabio Malini 1
1. Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
INTRODUÇÃO:
A queda mundial nas vendas de discos, seguida de perto pelo aumento progressivo no número de downloads de músicas na internet, é uma amostra de que a indústria fonográfica tradicional está em colapso. A geração século XXI já nasceu consumindo os produtos que a internet disponibiliza. Este trabalho busca identificar os principais fatores que levaram a essa democracia na troca de informações e conteúdos. Inicialmente, localizando os avanços tecnológicos que culminaram na alteração de valores do mercado da música em todo mundo - com destaque para o surgimento, em 1999, do Napster, programa que possibilitou os downloads em rede p2p. Para, em seguida, entender que mudanças foram essas e quais suas conseqüências no que tange o consumo de música. Entender os mecanismos que levaram à revolução digital que vem alterando cada vez mais o cenário da produção musical é o primeiro passo dado em direção ao, ainda incerto, futuro da música. Conhecer os protagonistas dessa revolução, seus ideais e atividades é o primeiro passo dado em direção ao entendimento de nosso papel enquanto cidadãos e consumidores na atualidade.
METODOLOGIA:
A fim de traçar uma comparação na maneira como os artistas pop e nano star utilizam as mídias sociais, especificamente o twitter, foram analisados 30 perfis de twitter - 15 considerados pop star, 15 nano star. Disponibilizar ou não seu trabalho para download gratuito na internet. Este foi o princípio básico para a separação dos artistas nessa categorização, segundo a qual pop stars são artistas que disponibilizam seu trabalho de maneira tradicional: venda de discos. Já os nano stars disponibilizam seus discos para download gratuito. Categorizados pop star: @ZCLOFICIAL, @ivetesangalo, @MROFICIAL, @skankoficial, @zdoficial, @chxoficial, wanessaoficial, @gilbertogil, @ClaudiaLeitte, @zecapagodinho, @SandyLeah, @RoupaNovaOFCIAL, @nando_reis, @oficialkellykey e @otto_oficial. Categorizados nano star: @graveola, @solnagarganta, @forfunoficial, @mombojo, @projetoxy, @seucuca, tonotuiter, @madamesaatan, @moveis, @oteatromagico, @sugarkanerock, @Macacobong, @bandasolana, @oficialdance e @Pedra_leticia. Os perfis foram comparados de acordo com campos de análise, como direcionamento de links, conteúdo dos tweets e RTs, divulgação de outros artistas, interação com fãs, tweet-propaganda, tweet-militância, principais usos da ferramenta twitter, autoria dos tweets e curiosidades em geral.
RESULTADOS:
Os principais usos do twitter são os mesmos para nanos e pops: divulgar agenda de shows, resultado de shows, aparições na mídia, notícias sobre trabalhos e atividades dos artistas, interagir com fãs. A diferença está na maneira com que utilizam o twitter para estes fins. A análise dos perfis leva a uma evidência: pop divulga pop e nano divulga nano. E o hábito de divulgar trabalhos alheios é muito mais comum nos nano. Os tweets dos pop são circulares: funcionam como vitrines para eles próprios. Já os dos nano formam uma rede de divulgação mútua: são vitrines para muitos artistas. A autoria dos tweets dos nano é de responsabilidade dos próprios artistas. Já nos pop, além dos artistas postarem, produtores também atualizam. Tanto nanos quanto pops interagem com os fãs por meio de perguntas, respostas e RTs. Porém, o ato de pedir opiniões ao público por meio de perguntas é característica dos nanos. Enquanto os links dos pop direcionam para sites oficiais, os dos nanos direcionam para redes sociais, como facebook, myspace e blog.. Enquanto nanos divulgam links para download de discos, pops divulgam lojas online. A divulgação de links que direcionam para a grande mídia é muito mais recorrente nos perfis pop. Nanos e pops divulgam vídeos no youtube e fotos de shows, bastidores e cotidiano.
CONCLUSÃO:
A geração século XXI foi a principal engrenagem da máquina que promoveu significativa mudança na relação obra-consumidor e, por que não dizer, artista-fã. Se a população não tivesse optado por usufruir dessa ferramenta, talvez a indústria fonográfica ainda fosse, até hoje, a única detentora dos poderes sob as obras produzidas pelos artistas. Apesar de sofrerem redução em seu faturamento, os empresários da indústria fonográfica continuam vendo suas contas bancárias crescerem cada dia mais. Eles escolheram travar uma batalha contra a pirataria e a livre circulação de bens artísticos na rede, afinal, quem fatura bilhões com a produção artística alheia não quer faturar milhões. O grande problema para a maioria dos artistas é o anonimato, não a pirataria. Quem mais sofre com o monopólio são os artistas ignorados pela indústria tradicional. Conscientes de que não podem depender das grandes gravadoras para conquistar visibilidade e, ainda, de que não querem se submeter às condições de criação dessa indústria, esses artistas utilizam a internet como a maior e melhor vitrine para seu trabalho. Uma vitrine construída com peças dos mais variados estilos, em que as trocas acontecem a cada minuto, numa espécie de loja na qual reinam dois princípios básicos: a colaboração e a permutação.
Palavras-chave: Redes sociais, Rede p2p, Mercado fonográfico.