62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
ESTUDO FARMACOGNÓSTICO DAS FOLHAS DE Hibiscus sabdariffa L. (MALVACEAE)
Klinger Antonio da Franca Rodrigues 1
Clarice Noleto Dias 1
Rayanne Rocha Pereira 1
Gilvan de Oliveira Costa Dias 2
Flávia Maria Mendonça do Amaral 3
Denise Fernandes Coutinho Moraes 4
1. Departamento de Farmácia - UFMA
2. Prof. Dr. - Departamento de Química - UFMA
3. Profa. Dra. - Departamento de Farmácia - UFMA
4. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Farmácia - UFMA
INTRODUÇÃO:

A espécie Hibiscus sabdariffa L., pertencente à família Malvaceae, é um arbusto anual, ereto, podendo chegar até 3,5m de altura, de folhas verdes, caule de cor roxeado, flores de corola vermelho-amareladas, solitárias, axilares e cálice vermelho e persistente. É originária da Índia, Sudão e Malásia, e largamente cultivada na América Central e Ocidental. No Brasil, é conhecida pelos sinonímios vulgares de vinagreira, quiabo-azedo, caruru-azedo e azedinha. Suas folhas são fonte de vitaminas A, B e C, ferro e fósforo e o cálice contém carboidratros, ferro, ácido ascórbico e β-caroteno. É amplamente utilizada na medicina popular, possuindo inúmeras propriedades terapêuticas já comprovadas cientificamente como antioxidante, anti-hipertensivo, antirreumático, diurético e antimicrobiano. O objetivo desse trabalho foi descrever as características anatômicas e realizar a prospecção fitoquímica das folhas de H. sabdariffa como contribuição ao estudo farmacognóstico da espécie, fornecendo parâmetros de identificação botânica e de autenticidade e integridade para o controle de qualidade, uma vez que a espécie é utilizada como medicinal e na alimentação.

 

 

METODOLOGIA:

As folhas de H. sabdariffa foram coletadas em agosto de 2009 no horto medicinal do Herbário Ático Seabra da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís - Ma. Foi depositada uma exsicata no mesmo herbário e identificada sob o número de registro 1020. Para o estudo anatômico, foram realizadas secções transversais na região mediana do limbo foliar, a mão livre com auxílio de lâmina de aço inoxidável, bem como secções paradérmicas nas duas faces da epiderme para observação frontal de suas características. As secções foram coradas com azul de astra e fucsina básica e montadas entre lâmina e lamínula, utilizando-se glicerina 50%. As análises foram realizadas em microscópio óptico acoplado à câmera fotográfica. As folhas frescas e fragmentadas foram submetidas ao processo de turboextração, utilizando-se etanol 70% como solvente, e deixados em maceração por 15 dias, sob agitação constante, obtendo-se o extrato hidroalcoólico (EH) que foi submetido a testes fitoquímicos, segundo a metodologia proposta por Matos (1997) para os seguintes grupos de metabólitos secundários: fenóis, taninos, flavonóides, alcalóides, resinas, esteróides, triterpenos e saponinas.

RESULTADOS:

Na análise anatômica, a epiderme, em vista frontal, apresenta células com paredes anticlinais retas à levemente onduladas, com estômatos anisocíticos e tricomas glandulares nas duas faces. Em secção transversal, observa-se mesofilo dorsiventral, com uma camada de tecido paliçádico e de 8 a 10 camadas de tecido esponjoso denso, com drusas de oxalato de cálcio localizadas no limite entre os tecidos paliçádico e esponjoso. Células secretoras são encontradas na face adaxial e algumas bolsas secretoras são encontradas aderidas a face abaxial da epiderme. A nervura principal apresenta formato biconvexo com convexidade superior discreta, epiderme uniestratificada e coberta por cutícula espessada. Na região central dessa nervura, há apenas um único feixe vascular do tipo colateral em forma de arco, com floema voltado para a face abaxial. A presença de tricoma glandular, estômatos anisocíticos, mesofilo dorsiventral com bolsas e células secretoras podem ser utilizados como parâmetros de identificação. Os resultados do perfil fitoquímico demonstraram a presença de fenóis, taninos condensados, flavonóides das classes flavonas, flavonóis e xantonas, triterpenos, saponinas, e alcalóides. A presença de algumas dessas substâncias podem justificar algumas das propriedades medicinais já citadas.

CONCLUSÃO:

O presente trabalho contribuiu com a informação de estruturas anatômicas e metabólitos secundários úteis à caracterização farmacognóstica da espécie, podendo ser utilizados na identificação botânica, e também no controle de qualidade no que diz respeito à autenticidade e integridade.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Hibiscus sabdariffa L., Anatomia foliar, Prospecção fitoquímica.