A exodontia de terceiros molares inferiores é o ato cirúrgico mais executado na odontologia, por motivos de prevenção de infecções loco-regionais, como pericoronarite e periodontite, para evitar a absorção de osso na distal ou a própria raiz do segundo molar inferior. A cirurgia também é justificada quando o dente encontra-se impactado, não oferecendo oclusão para seu antagonista, ou ainda para evitar a alocação de colônias bacterianas na região óssea e subgengival a fim de prevenir contaminação dos tecidos adjacentes. Assim, a determinação do correto procedimento cirúrgico a ser utilizado para a exodontia de terceiros molares inferiores é de fundamental importância para garantir um transoperatório seguro e levar a um prognóstico satisfatório para o paciente. O planejamento desta exodontia consiste basicamente em anamnese bem elaborada, exame local e sistêmico bem feito, e análise da radiografia panorâmica do paciente. Esta é de fundamental importância para determinar a inclinação, segundo a classificação de Winter, e a posição do dente, segundo as classificações de Pell & Gregory. Tais classificações auxiliam o cirurgião-dentista a predizer o grau de dificuldade da cirurgia, assim como se haverá necessidade de realização de ostectomias e seccionamento dentário.

Este estudo se propôs a estudar a relação existente entre as classificações de Pell&Gregory e de Winter e a necessidade de execução de odontosecção, após análise de traçados radiográficos realizados a partir das radiografias panorâmicas, em 50 cirurgias de extração de terceiros molares inferiores.

Foi encontrada relação estatisticamente significativa entre a classificação ântero-posterior (1, 2 e 3) de Pell & Gregory e a necessidade de odontossecção (p<0,05). Portanto, quanto mais posterior está o terceiro molar em relação ao bordo anterior do ramo da mandíbula, maior a probabilidade de ser necessária a execução da odontossecção. Ocorreu ainda relação significativa (p<0,05) entre o terceiro molar em questão ainda ser um germe dentário e a necessidade da secção deste dente, uma vez que todos os germes extraídos tiveram de ser seccionados. Além disso, ocorreu forte relação com a inclinação do dente, segundo a classificação de Winter, e a necessidade de odontossecção, já que a inclinação horizontal apresentou maior prevalência (87,5%). Por fim, o estudo mostrou tendência para a maior prevalência de odontossecção em função da maior profundidade da impacção óssea, segundo a classificação ápico-oclusal (A, B e C) de Pell & Gregory, sendo a classificação C a mais prevalente (69,23%).

Foi possível concluir que existe considerável relação entre a inclinação e posição do terceiro molar inferior com a necessidade de realização de seccionamento do mesmo, o que pode predizer maior trauma cirúrgico nas exodontias destes dentes.