62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
AVALIAÇÃO DA REGENERAÇÃO NATURAL E DO PLANTIO DE MUDAS FLORESTAIS EM UM TRABALHO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA REALIZADO NO MUNICÍPIO DE ÁGUA DOCE, SC
Paulo Cesar Duarte da Silva 1
Cilmar Antônio Dalmaso 2
Tony Thomas Sartori 2
Soraya Moreno Montoya 1
1. Curso de Engenharia Ambiental, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe - UNIARP
2. Ciências Florestais, Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
INTRODUÇÃO:

A vegetação secundária conhecida como aquela resultante dos processos naturais de sucessão tem um papel fundamental para a cobertura do solo no processo de recuperação de áreas degradadas. A cobertura vegetal é importante para a preservação e fertilidade dos solos e pelas interações ecológicas entre fauna/flora criando um cenário favorável ao processo de restauração/regeneração. Este trabalho teve o objetivo de avaliar quantitativamente e qualitativamente o processo inicial de recomposição florestal promovido pela regeneração natural e plantio de mudas em um Plano de Recuperação de Área Degradada desenvolvido no município de Água Doce, SC. A regeneração natural foi avaliada pelo processo de inventário por amostragem aleatória e analisada pela classificação botânica das espécies e percentual de cobertura vegetal do solo.  As mudas introduzidas por plantio foram avaliadas quanto ao índice de mortalidades dos diferentes grupos ecológicos das espécies. Os resultados encontrados permitem concluir uma rápida e eficiente proporção de cobertura do solo com espécies principalmente herbáceas, porém com expressiva participação da espécie arbórea pioneira Mimosa scabrella  Benth. Todas os grupos ecológicos das espécies apresentaram índice de mortalidade menor do que 10% no plantio.

METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido na fitofisionomia da Floresta Ombrófila Mista na região do Meio Oeste Catarinense, município de Água Doce, SC em uma de área degradada de 4000 m². O local sofreu impacto pela atividade de supressão de vegetação secundária em estágio médio de regeneração natural e ainda recebeu pisoteio de animais domésticos (bovinos) ocasionando a compactação do solo e erosão laminar. Com o objetivo de promover a revegetação foi realizado o plantio de mudas de espécies arbóreas nativas de diferentes grupos ecológicos e aplicado técnicas de favorecimento da regeneração natural. Após seis meses da intervenção, foi avaliado a regeneração pela quantificação da cobertura do solo identificação das espécies colonizadoras. A quantificação da cobertura do solo foi realizada por meio da técnica de quadriculas em unidades amostrais de 4 m² divididas em quadriculas de 0.5x0.5m distribuídas aleatóriamente na área. A avaliação florística foi realizado pelo método de caminhamento e amostragem nas referidas parcelas das unidades amostrais. A classificação botânica das espécies colonizadoras compreendeu a distribuição dos indivíduos por espécies, gêneros e famílias botânicas. As espécies arbóreas implantadas foram avaliadas quanto a mortalidade e analisadas pelo índice de sobrevivência.
RESULTADOS:

Os resultados das avaliações em 10 parcelas, totalizando 400 m² de área amostral, demonstraram uma cobertura pela vegetação espontânea de 88% das quadriculas com destacada densidade e diversidade de espécies herbáceas cumprindo esta função. Na avaliação florística foi identificado 2 espécies de gramíneas (família botânica Poaceae), 22 espécies herbáceas e arbustivas com destaque para as família Asteraceae e Verbenaceae respectivamente com 6 e 5 espécies cada. Outras famílias como  Poligonaceae e Phytolacaceae também foram importantes pela quantidade de indivíduos regenerados. As espécies arbóreas e arborescentes identificadas foram Solanum mauritianum Scop., Acacia sp. e com predominância Mimosa scabrella  Benth. (bracatinga) com uma densidade de 9375 indivíduos por hectare indicando que havia um ótimo banco de sementes desta espécie no solo. A regeneração de Solanum mauritianum também foi avaliada como importante, principalmente para acelerar a recomposição florestal nas fases posteriores, devido sua característica de atração a fauna. Na avaliação do plantio de 150 mudas de espécies pioneiras o índice de sobrevivência foi de 88% e para o mesmo número de indivíduos de espécies não pioneiras o índice manteve-se satisfatório com percentual de sobrevivência de 80%.

CONCLUSÃO:
Considerando o curto espaço de tempo do projeto e da avaliação da recuperação da área degradada é possível concluir que houve uma rápida e eficiente cobertura do solo pela vegetação espontânea e que os grupos de espécies pioneiras e não pioneiras introduzidas pelo plantio de mudas apresentaram índices de sobrevivência satisfatório.  Ambos os resultados foram importantes como indicadores do processo de recuperação e recomposição florestal, visto que indicaram, para o caso, a eficiência das técnicas aplicadas (técnicas de plantio de mudas e favorecimento da regeneração natural). No entanto, sabe-se que um processo de recuperação ambiental é bastante longo e que esta avaliação não é suficiente para avaliação dos resultados finais esperados. A alta densidade de Mimosa scabrella encontrada na regeneração natural indica que a espécie desenvolve um banco de sementes que é bastante promissor quando utilizado técnicas aplicadas de favorecimento da regeneração natural.
Palavras-chave: Regeneração florestal, Áreas degradas, Indicadores ambientais.