62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
SALA DE AULA NATURAL: ANTROPIZAÇÃO E DIVERSIDADE BIOLÓGICA EM ECOSSISTEMAS COSTEIROS (BRAGANÇA-PA).
Paula Cristina Reale Bastos Rosa 1
Eliane Brabo de Sousa 1
Waldinézia Avelar Pamplona Martins 1
1. Fundação C. de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Prof. Eidorfe More
INTRODUÇÃO:

As práticas educacionais que visam à análise do ambiente natural estão entre as primeiras ações para tomada da consciência ecológica pelo homem. Neste sentido, a observação in loco dos problemas e/ou interações ecológicas dos sistemas naturais facilita o entendimento, pelos alunos, dos conteúdos ministrados em sala de aula, aproximando a escola a sua realidade. Este trabalho apresenta os resultados de uma aula de campo realizada no ambiente costeiro localizado em Bragança (nordeste paraense), durante as disciplinas Ecologia e Poluição Ambiental ministradas no curso Médio-Técnico em Meio Ambiente da Fundação Escola Bosque- FUNBOSQUE. A aula de campo teve os seguintes objetivos: a observação dos processos de antropização do referido ambiente; a identificação das características dos complexos ecológicos e sua importância sócio-econômica local; e a contextualização com os conteúdos ministrados em sala de aula.

METODOLOGIA:
Em maio de 2009, a aula de campo foi realizada nos ambientes costeiros (praia e manguezal) de Bragança a 220 km de distância de Belém (Pará). Nesta ocasião, foram realizados pelos alunos observações, discussão e registros fotográficos dos aspectos naturais, físiográficos e antrópicos dos locais, bem como a coleta de fitoplâncton, produtor primário aquático, utilizando uma rede planctônica de 64 µm de abertura de malha, sendo posteriormente fixadas com formol neutro a 4%. Paralelamente, foram mensurados a temperatura e o pH da superfície da água, utilizando, respectivamente um termômetro portátil e fita de pH. Em laboratório, os organismos fitoplanctônicos foram identificados pelos alunos, mediados pelo professor, sendo solicitada aos alunos a confecção de relatórios individuais, a partir dos quais foram baseados os resultados deste trabalho.
RESULTADOS:

 

Nos manguezais os alunos identificaram alguns processos de antropização tais como a construção da estrada Bragança-Ajuruteua que interrompeu o fluxo de água que alimentava os manguezais; a presença de resíduos sólidos nas margens e dentro dos manguezais como garrafas PET's e linhas de nylon. Na praia de Ajuruteua foram citadas as presenças de urubus mortos, resíduos sólidos, excrementos, construções irregulares de casas, bares e pousadas sobre a areia. No aspecto biológico foram reconhecidos os espécimes de mangue, tais como a Rhizophora mangle, Avicennia sp. e Laguncularia sp. e suas  respectivas características adaptativas; bem como a fauna associada a este ambiente: turus (Neoteredo reynei), caranguejos (Ucides cordatus) e guarás (Eudocimus ruber). As praias foram classificadas como arenosas e areno-argilosa e as águas como claras, alcalinas (8) e quentes (29º C), sendo valores próximos aos registrados em trabalhos realizados na área. Em laboratório foram identificados os produtores aquáticos de Ajuruteua constituídos por 45 táxons distribuídos nas divisões Bacillariophyta (42 táxons) e Dinophyta (3 táxons). Entretanto, os alunos não mencionaram a importância do ambiente como fonte de subsistência para as populações pesqueiras locais.

CONCLUSÃO:

As aulas de campo constituem um instrumento pedagógico importante por permitir que em áreas naturais sejam criadas verdadeiras salas de aula ao ar livre promovendo o interesse, a curiosidade e a descoberta dos alunos e, sobretudo diferenciando-se do aprendizado tradicional. O conhecimento sobre a importância ecológica e sócio-econômica dos ambientes costeiros é de fundamental importância para a sua valorização e conservação.

Instituição de Fomento: Fundação Escola Bosque - FUNBOSQUE
Palavras-chave: Ecologia, Práticas pedagógicas, Interdisciplinaridade.