62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 5. Serviço Social da Saúde
A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL E OS LIMITES À PRÁXIS NO SERVIÇO SOCIAL HOSPITALAR
Elisangela Vieira Macedo 1
Darci Lacerda Pessoa 1
Maria das Graças Miranda Ferreira da Silva 1
1. Universidade Federal da Paraíba/UFPB
INTRODUÇÃO:
A década de 80 do século XX foi marcada pelo desmonte das políticas públicas ampliando o processo de mercantilização, alterando e redimensionando o papel do Estado na regulação das políticas sociais, a partir da quebra dos direitos sociais conquistados democraticamente durante o século XIX. Em consequência da crise do capital, em época welfariana, a globalização do modo de produção, a partir da abertura econômica, expressa-se pelo processo de redirecionamento das relações de produção e reprodução da vida social ao mercado flexível, acentuando a agudização da "questão social" via precarização das relações de trabalho e dos serviços públicos de cunho estatal. Diante das alterações conjunturais, o Serviço Social buscou a partir de uma formação profissional generalista crítica e da perspectiva transformadora, prevista no projeto ético político, firmar compromisso através de um projeto profissional comprometido com o projeto social de protagonismo da classe trabalhadora diante das mudanças impostas pelo sistema capitalista neoliberal. A práxis no Serviço Social funda-se na mediação das contradições histórico-estruturais, a partir da fundamentação teórico-metodológica crítico-dialética que viabilize procedimentos técnico-operativos específicos, sob a ótica ético-política emancipatória.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi fundamentada à luz da perspectiva dialético-crítica, no sentido de abordar os aspectos da realidade estudada em sua totalidade, seguindo o tipo teórico-prático. Os métodos adotados partiram da abordagem quali-quantitativa, com coleta direcionada à análise dos dados obtidos no intuito de quantificar, explicar e analisar os fenômenos que compõem o objeto de estudo. Na fase de coleta dos dados foram utilizadas a entrevista semi-estruturada e a observação sistemática do campo empírico. Na fase de análise dos dados foi utilizada a abordagem quanti-qualitativa a partir da leitura estatística descritiva aos dados quantitativos e em relação às falas dos entrevistados recorreu-se à análise de conteúdo pela técnica da análise categorial de Bardin. A pesquisa foi construída no campo de estágio supervisionado no Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho - HPMGER, na cidade de João Pessoa, estado da Paraíba. Os sujeitos da pesquisa foram os assistentes sociais que atuam no setor de Urgência e Emergência do HPMGER, que possui o universo de 9 (nove) profissionais, compondo um universo relativamente pequeno. Partindo do critério da aceitabilidade voluntária, a amostra foi equivalente a 8 (oito) assistentes sociais que se disponibilizaram a participar da pesquisa.
RESULTADOS:
A hipótese de estudo trabalhada trata dos limites impostos à práxis no Serviço Social hospitalar, intimamente condicionados a realidade contraditória do campo de atuação do assistente social na atual conjuntura capitalista. A maioria dos profissionais entrevistados atua numa perspectiva teórico-metodológica crítico-dialética. Contraditoriamente, enfocaram que a teoria do Serviço Social não se relaciona com a realidade dinâmica da prática. Sobre os reflexos conjunturais contemporâneos à ação do assistente social, a flexibilização do mundo do trabalho os direciona a baixa remuneração e a instabilidade junto às entidades empregadoras. Os entraves à viabilização do atual projeto profissional correspondem nas limitações da prática às normas institucionais e ao desvio de atribuições diante da padronização de atividades pragmáticas direcionadas ao Serviço Social hospitalar. O instrumento técnico-operativo mais utilizado pelos profissionais é a entrevista social, porém, não subsidia uma interpretação crítica da demanda, apenas a identifica estatisticamente e a categoria da mediação é contemplada unilateralmente, apenas como ação mediadora de conflitos. Assim, a autonomia de ação profissional dos entrevistados não se dá de forma satisfatória, descaracterizando a identidade profissional.
CONCLUSÃO:
O desvendamento da relação teórico-prática do Serviço Social e a mediação da realidade contraditória em que a prática é posta, são pressupostos básicos à concretização da práxis na atuação do assistente social, através da instrumentalidade pautada na fundamentação teórico-metodológica crítico-dialética, sob orientação dos princípios ético-políticos, diante das transformações conjunturais da sociedade, assim como das transformações próprias do Serviço Social. É na práxis que a atuação do assistente social viabiliza a transformação do real em um produto concreto da sua intervenção, mediatizando as demandas postas e concretizando-as em resultados específicos capazes de contemplar os propósitos do projeto profissional comprometido com o projeto social da classe dominada pelas contradições excludentes do sistema capitalista vigente. Na especificidade da prática o assistente social encontra os fundamentos que fortalecem a autonomia profissional diante dos limites que a condição assalariada estabelece na atual configuração flexível do mundo do trabalho. É nesse momento que o Serviço Social, se faz necessário enquanto profissional capaz de interpretar a realidade, traduzindo-a em estratégias que viabilizem a concretização dos direitos dos usuários e a promoção da cidadania.
Instituição de Fomento: Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho - HPMGER
Palavras-chave: Assistente Social, Práxis, Serviço Social Hospitalar.