62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
NÍVEL de saúde eM ADULTOS com deficiência visual NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB  
Cibely Freire de Oliveira 1
Alexsandro Silva Coura 2
Giovanna Karinny Pereira Cruz 1
Jossana de Paiva Sales 1
Juliana Raquel Silva Souza 1
Inacia Sátiro Xavier de França 3
1. Depto. de Enfermagem, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Mestrado em Saúde Pública - UEPB
3. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Enfermagem - UEPB
INTRODUÇÃO:

As pessoas com Deficiência Visual-DV enfrentam dificuldades concernentes as perdas sensoriais e aos aspectos socioeconômicos, levando a maioria desses indivíduos a viverem em situação de pobreza e desigualdade social e com precário acesso aos serviços de saúde. Tais condições repercutem na qualidade de vida dessa população. O profissional que presta assistência às pessoas com DV precisa considerar as especificidades inerentes a esses indivíduos, pois, eles carecem de outros tipos de serviços além daqueles comuns à sociedade plural. Nessa perspectiva, o estudo é relevante, pois fornece dados sobre o nível de saúde das pessoas com DV na cidade de Campina Grande-PB, disponibilizando informações para o próprio segmento, que poderá fazer uso destas para embasar as demandas das entidades de classe, bem como subsidiar análises mais amplas sobre as questões inerentes a saúde dos indivíduos com DV. O objetivo da pesquisa foi verificar o nível de saúde de adultos com DV que residem no município campinense em áreas acompanhadas pela Estratégia Saúde da Família.

METODOLOGIA:

Estudo epidemiológico, transversal e quantitativo, realizado no ano de 2009 nas Unidades Básicas de Saúde da Família-UBSF existentes em Campina Grande, cidade localizada no Agreste da Borborema, com 383.764 habitantes e PIB per capta de 8.349 reais. A população foi composta por todos deficientes visuais adscritos às 62 UBSF existentes. A amostra foi formada por 108 sujeitos, com 18 anos ou mais, DV e função cognitiva normal, residentes na zona urbana da cidade e que aceitaram participar da pesquisa. Utilizou-se um questionário preenchido pelo pesquisador de acordo com as respostas dos participantes, destinado a investigação do nível de saúde - doenças e sinais/sintomas auto-referidos, valores pressóricos e de glicemia capilar pré-prandial, acesso a serviços de saúde e uso de medicamentos. Para aproximação dos sujeitos e coleta de dados utilizou-se a visita domiciliar, com o acompanhamento do Agente Comunitário de Saúde. Os dados foram tratados pelo programa Epi Info versão 3.5.1 e apresentados em tabelas e gráficos. A resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde foi plenamente respeitada.

RESULTADOS:

Com utilização da estatística descritiva, verificou-se que 42,6% dos participantes encontravam-se em hipertensão, 18,5% em hipotensão e 38,9% em normotensão. No tocante à glicemia capilar, 62% apresentaram-se nos padrões de normalidade, 5,5% em hipoglicemia e 32,5% em hiperglicemia. As doenças e sinais/sintomas auto-referidos foram: hipertensão arterial sistêmica (45,4%), diabetes mellitus (25%), cálculo renal (2,78%), dor (47,3%), constipação (27,8%), incontinência urinária (10,2%) e alteração na sexualidade/fertilidade (3,7%). No concernente à utilização de medicamentos, 64,8% tomam regularmente e 35,2% não utilizam. Para a aquisição destes, 86,1% não encontram dificuldades e 13,9% encontram algum obstáculo. Com relação à procura por serviços de saúde, 78,7% costumam procurar um médico para tratar da saúde, enquanto 21,3% não procuram. O resultados corroboram com a literatura, pois para além dos danos sociais, econômicos e educacionais, a saúde dessa população é prejudicada, uma vez que os percalços de acesso, a falta de informação, bem como a dificuldade no relacionamento dos profissionais-pacientes, impossibilita a assistência necessária e específica para esses indivíduos.

CONCLUSÃO:

Pode-se concluir que o nível de saúde dos participantes investigados não é bom; Que doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus apresentam grande prevalência na população com DV; E que apesar de quase metade da amostra relatar o sintoma da dor, considerável parcela dos sujeitos estudados, provavelmente, não fazem consultas e exames clínicos preventivos. Sugere-se o desenvolvimento de políticas públicas e de programas de saúde que considerem as questões culturais, espirituais e sociais das pessoas com deficiência de modo a contribuir com uma melhor qualidade de vida e de saúde desses indivíduos.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Pessoas com Deficiência Visual, Nível de Saúde, Sinais e Sintomas.