O trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa documental realizada nos registros produzidos por grupos de professores e alunos de escolas do campo sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas nessas escolas. Pensar a educação do campo na perspectiva dos sujeitos que aí vivem impõe a necessidade de também repensar o fazer pedagógico das escolas, uma vez que esse trabalho traz implicações na formação desses sujeitos, bem como na forma como a comunidade participa da escola. Isso, por sua vez, oportuniza a ressignificação da escola a partir dos anseios da comunidade onde ela se insere. O objetivo da pesquisa foi analisar a forma como as práticas pedagógicas são trabalhadas nessas escolas e o que as diferem das outras escolas. Os resultados obtidos colaboram para ampliar a  discussão da educação do campo no Estado do Amazonas, bem oferece subsídios para consolidar a proposta de formação de professores do campo desenvolvida Universidade do Estado do Amazonas.

O trabalhou realizado foi uma pesquisa documental e sustentou-se numa abordagem qualitativa. Vários registros foram analisados como cadernos produzidos pelos movimentos que discutem a educação do campo, anais de encontros que relatam experiências de escolas do campo e os registros produzidos em encontros de professores que atuam nas referidas escolas.  Inicialmente foram selecionados os materiais e após a leitura , procedemos à análise da práticas pedagógicas descritas observando os critérios de vinculação dos temas à realidade do campo, o envolvimento dos alunos nas tarefas executadas e os resultados obtidos pela comunidade escolar. Foi produzido um relatório das análises e algumas considerações importantes que, espera-se, contribua para fomentar a discussão aqui apresentada.

Os resultados apontam para uma prática pedagógica amplamente participativa e que traz em seu bojo a interdisciplinaridade como forma de trabalho. Nos registros analisados destacam-se as atividades que trazem implícitos a formação de cidadãos conscientes de seus direitos, a valorização do campo como lugar de vida e trabalho dignos e a afirmação da identidade do homem/mulher do campo. Essas práticas fomentam também a formação de lideranças entre os discentes. O que elas têm em comum é a participação ativa dos alunos como sujeitos da aprendizagem realizada. Todas apresentam uma dinâmica diversificada que envolve desde trabalhos práticos  a produção de textos e outras metodologias. Ressaltamos que essas atividades sempre estão discutindo conteúdos curriculares das diferentes áreas do conhecimento.

O trabalho pedagógico desenvolvido numa escola traz implicações para a comunidade e seus sujeitos. A forma como a aprendizagem é conduzida pelo docente oportuniza uma maior ou menor participação do aluno e essa, por sua vez, possibilita uma maior ou menor apropriação dos saberes trabalhados. Nesse sentido, é importante salientar que as atividades realizadas de forma mais coletiva permitem um maior envolvimento de todos e possibilita uma maior veiculação dos conhecimentos. Para as escolas do campo é necessário pensar práticas pedagógicas que visem a formação dos educandos e garantam a qualidade que se busca. É igualmente importante pensar que a construção da escola se faz nas atividades ali desenvolvidas, portanto, pensá-las comunitariamente imprime ao trabalho uma marca coletiva e garante à comunidade o direito à participação nesse processo.