62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
EDUCAÇÃO SEXUAL E TRANSVERSALIDADE NA PERSPECTIVA DOS ALUNOS
Altem Nascimento Pontes 1, 2
Verena Melo da Costa 2
Nariane Quaresma Vilhena 2
Kamila Satie Shimomaebara Sato 2
Jadir Jomar de Souza 2
1. Universidade Federal do Pará
2. Universidade do Estado do Pará
INTRODUÇÃO:
A educação ou orientação sexual é um tema transversal que compõe os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998). Transversal porque a educação sexual não é uma disciplina da matriz curricular do ensino fundamental ou médio, mas deveria permear todas as matérias dos referidos currículos (YUS, 1998). Para Egypto (2003), a orientação sexual "quando utilizada na área de educação, deriva do conceito pedagógico de orientação educacional, definindo-se como o processo de intervenção sistemática na área de sexualidade, realizado principalmente em escolas". Segundo este autor, a orientação sexual abrange o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, autoestima e relações de gênero. Acontece que apesar de todas as diretrizes que regem a educação sexual no país, observam-se inúmeras inconformidades principalmente na implementação de ações transversais nas disciplinas da matriz curricular. A falta de informação sobre educação sexual tem contribuído para o aumento no número de casos de gravidez na adolescência, de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), entre outros. Diante do exposto, o presente trabalho avaliou a postura de alunos de ensino médio, pertencentes a escolas públicas, sobre temas voltados à educação sexual.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada no mês de março de 2010, nas instalações do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA), com 60 estudantes do ensino médio, sendo 20 do primeiro ano, 20 do segundo e 20 do terceiro, que participavam de atividades de extensão - um cursinho pré-vestibular -, ofertado pela UEPA, de forma gratuita, tendo como público-alvo alunos de escolas públicas da cidade de Belém-PA. Destes, 33 (55,0%) eram do gênero feminino e 27 (45,0%) do masculino. Quanto à renda familiar, 18 (30,0%) detinham renda de até 1 salário mínimo; 14 (23,3%) apresentavam renda de até 2 salários; 5 (8,3%) viviam com até 3 salários; 4 (6,7%) possuíam renda acima de três salários e 19 (31,7%) não informaram. Em relação à idade, 10 (16,7%) tinham de 13 a 15 anos; 22 (36,7%) possuíam de 16 a 18 anos; 8 (13,3%) apresentavam idade entre 19 a 21 anos; 9 (15,0%) estavam com idade acima de 22 anos e 11 (18,3%) não responderam. Para coleta de dados, utilizou-se, como instrumento de pesquisa, um questionário, com perguntas fechadas e previamente testadas. Na análise dos resultados provenientes da coleta de dados, foram empregadas estatísticas descritivas para o estabelecimento de frequências e determinação de médias.
RESULTADOS:
Quando questionados sobre a partir de que idade deveriam ter aulas de educação sexual, 32 (53,3%) afirmaram que entre 12 a 15 anos; 17 (28,4%), assinalaram que entre 8 e11 anos; 5 (8,3%) acreditam ser entre 4 e 7 anos; 1 (1,7%) informou que é entre 0 a 3 anos e 5 (8,3%) não responderam. Se estas respostas prevalecessem aumentariam os casos de gravidez na adolescência, uma vez que nessa idade a mulher está no início de sua atividade reprodutiva. Na questão, com quem você mais aprende sobre sexo? 26 (43,3%) informaram que é com amigos; 18 (30,0%) disseram que é com a família; 9 (15,0%) aprendem sozinhos (por meio de revistas, TV, filmes, internet); 5 (8,3%) responderam que aprendem na escola e 2 (3,4%) não responderam. Aqui, constata-se a pouca eficácia da escola quando o assunto é orientação sexual. Na pergunta, há casos de gravidez na adolescência em sua família? 29 (48,3%), responderam que sim; 29 (48,3%), que não e 2 (3,4%) não responderam. Estas respostas reforçam a necessidade de se efetivar a educação sexual nas escolas. Se você tivesse uma infecção sexualmente transmissível, o que você faria? 40 (66,5%), procurariam um médico; 13 (22,6%), falariam para seus pais; 5 (8,3%), falariam para seu parceiro e 2 (3,6%) contariam para sua(eu) amiga(o). Aqui, verifica-se que o diálogo entre pais e filhos é incipiente quando o foco é a sexualidade.
CONCLUSÃO:
Nos últimos anos temos observado um número crescente de publicações que tratam da sexualidade e a forma de promover a educação sexual como elemento transversal nos currículos das escolas. É consenso entre os especialistas da área e das autoridades governamentais, que a escola é o ambiente ideal para se promover a educação sexual, tendo a família como principal aliada nesse processo. No entanto, diversos paradigmas existentes entre os protagonistas desta história precisam ser modificados. A escola precisa assumir o papel que lhe foi delegado pelos parâmetros vigentes e realmente liderar as transformações que se fizerem necessárias. O que não pode é continuar como estar, em que prevalece a desinformação tanto por parte da escola quanto da família, e assim se sucedem os casos de gravidez, de ISTs, tendo como consequência a desestruturação familiar, além do aumento dos gastos do sistema público de saúde. A inconsequência no trato desse tema, tem contribuído, também, para a perda, por morte, de muitas adolescentes que diante de um problema ocasional vão buscar as respostas com o(a) amigo(a) que, muitas vezes, não é a pessoa ideal para responder a esta demanda. Enquanto a escola continuar tratando a educação sexual de forma superficial, a questão da sexualidade para os estudantes será meramente circunstancial.
Instituição de Fomento: Universidade do Estado do Pará
Palavras-chave: Educação Sexual, Transversalidade, Alunos de Escolas Públicas.