O abusivo consumo de drogas, na sociedade pós-moderna, tem atraído a atenção da maioria dos países por suas repercussões sociais, físicas, biológicas e psicológicas no indivíduo e no meio familiar; constituindo-se num considerável problema de saúde pública. Em resposta a essa complexa situação, a partir de 2004, começou a ser implementada no Brasil a política ministerial específica para atenção integral a usuários de álcool e outras drogas que se utiliza de dispositivos, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), para, principalmente, buscar integrar o usuário a um ambiente social e cultural concreto- espaço da cidade onde se desenvolve a vida cotidiana deles e dos familiares. O objetivo do presente estudo é traçar o perfil sócio-demográfico de usuários que estão sob tratamento nos CAPS ad de Fortaleza-CE, achados que podem potencializar as ações deste serviço.

Estudo do tipo descritivo de abordagem quantitativa, desenvolvido com 63 usuários de Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas no município de Fortaleza, Ceará. A inclusão dos sujeitos obedeceram aos seguintes critérios: ter idade igual ou maior a 18 anos, estar integrado às atividades propostas pelo CAPSad, apresentar condições físicas e emocionais para participar e consentir  sua participação no estudo. A coleta ocorreu após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, através de uma  entrevista seguindo um roteiro estruturado. Os dados foram coletados em janeiro de 2010. As informações coletadas foram registradas manualmente pelo entrevistador. Os dados foram agrupados e organizados em categorias com base nas informações coletadas junto aos usuários. A pesquisa foi realizada de acordo com os preceitos éticos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos. Este estudo faz parte de outro mais amplo, aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa-COMEP-UFC.

A caracterização sócio-demográfica dos usuários dos Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas, realizada com 63 participantes, evidenciou que: 39,6% dos usuários tem idade entre 18 a 31 anos, o que remete ao inicio cedo do uso de drogas; sexo masculino, 93%, todavia, historicamente, com as mudanças no papel social da mulher esse índice vem diminuindo; religião católica 52,3%; tem o Ensino Fundamental Incompleto, 39,6%, o que pode significar um desprezo aos estudos devido ao envolvimento como uso de drogas; residem em moradias próprias, 58,7%, todavia, 69,8% moram com familiares; 46% não têm renda pessoal, que pode decorrer da saída do emprego devido a consequências do uso de drogas, ou o uso de drogas ter sido utilizado como mecanismo de fuga desta situação social; são solteiros, 46%, pode esta relacionado a serem adultos jovens ou não conseguirem estabelecer laços sociais duráveis; e não tem filhos, 33,3%.

A dependência química é um fenômeno histórico, social e cultural, que pode acarretar conseqüências psicopatológicas. Os achados encontrados colaboram para uma melhor identificação do uso de drogas por jovens no meio sócio-cultural que estão inseridos. Traçar esse perfil do drogadito é importante para o conhecimento do fenômeno da dependência química, subsidiando políticas públicas e práticas de atenção integrais. Como faceta de uma realidade, podem ser interpretados e utilizados para a realização de ações de promoção da saúde, que busquem intervenções educativas, capacitação profissional e ações intersetoriais para minorar esse perfil.