62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 4. Ciência e Tecnologia de Alimentos
EFEITO DO 1-MCP ASSOCIADO AO USO DA ATMOSFERA MODIFICADA ATIVA NA QUALIDADE PÓS-COLHEITA DO CAJU (Anacardium occidentale L.)
Aline Kelly de Aquino Lima Cipriano 1
Francisca Marta Machado Casado de Araújo 1
Antônio Vitor Machado 2
Gisele Ricelly da Silva 1
1. Depto.de Ciências Biológicas, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN
2. Centro de Tecnologia Agroalimentar, Universidade Federal de Campina Grande/UFCG
INTRODUÇÃO:

O caju (Anacardium occidentale L.) é um fruto tropical, onde seu fruto (castanha) e pseudofruto (pedúnculo hiperatrofiado) são amplamente utilizados na indústria alimentícia. Entretanto, a perecibilidade deste pedúnculo, devido principalmente a sua elevada taxa respiratória, tem dificultado consideravelmente sua comercialização nos mercados mais distantes dos centros de produção, contribuindo desse modo, para o elevado índice de desperdício. Nos frutos, o etileno é o principal hormônio do amadurecimento. O 1-Metilciclopropeno (1-MCP) é um produto que inibe a ação do etileno, em plantas e frutos armazenados, agindo pela fixação preferencial ao receptor de etileno, inibindo, deste modo, os efeitos do hormônio (SISLER & SEREK, 1997). O armazenamento em atmosfera modificada é uma tecnologia versátil que é aplicada para uma grande quantidade de frutos e hortaliças (JIANG et al., 1999). Com base nas informações descritas, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do 1-MCP associado à atmosfera modificada ativa, na conservação pós-colheita do caju, visando estabelecer uma forma possível e eficiente de armazenamento.

METODOLOGIA:

Os frutos foram adquiridos no comércio de Mossoró-RN no estádio de maturação 5 (pedúnculos vermelhos e castanha madura) e transportados ao Laboratório de Biologia II na UERN, onde foram selecionados, sanitizados com 50ppm de hipoclorito de sódio e tratados com 1-MCP (0 e 50ppb/12 horas). Em seguida, acondicionados em sacolas flexíveis de polietileno, seladas em seladora a vácuo com injeção de gases (Atmosfera Modificada Ativa - 2% de O2 + 10% de CO2). Logo após, as embalagens foram acondicionadas em B.O.D. (6°C e UR 85%) e as amostras retiradas para análises a cada 5 dias durante 15 dias de armazenamento. O experimento foi realizado em DIC, com fatorial 2x4, com três repetições. Os fatores consistiram dos tratamentos: AMA sem 1-MCP (controle), AMA + 1-MCP e tempos de armazenamento (0, 5, 10, 15 dias). As variáveis estudadas foram: perda de peso (balança digital), firmeza (penetrômetro com ponteira de 8mm), pH (AOAC, 1992), sólidos solúveis (SS) em °Brix (AOAC, 1992) , acidez total titulável (ATT) em % de ácido málico (AOAC,1992), e vitamina C (titulação com KIO3 e expressa em mg/100ml). Os dados foram analisados através do SISVAR (FERREIRA, 2000) e Teste de Tukey (5%).

RESULTADOS:

A partir do 5º dia de armazenamento, os frutos tratados com 1-MCP apresentaram maior perda de peso quando comparados ao controle. Contudo, essa perda foi significativa apenas no 10º dia (controle - 7%%, AMA+1-MCP - 10%). Quanto ao teor de vitamina C, não houve diferença significativa entre os tratamentos. Porém, ao final do armazenamento, os frutos tratados com 1-MCP conservaram melhor os seus níveis (85,5g/100ml). Para os teores de ácido málico, ocorreram diferenças significativas apenas no 15º dia (controle - 0,6% e AMA+1-MCP - 0,5%). Neves et al. (2003) trabalhando com Kiwis cv. 'Bruno' constatou que através do uso do 1-MCP podem-se diminuir as perdas nos teores de ATT. Durante o armazenamento, os níveis de pH oscilaram e no final  não houve diferença significativa entre os tratamentos, tendo-se em média, pH de  4.7 para todos eles. Os tratamentos não apresentaram diferenças significativas quanto à firmeza, mas os frutos tratados com 1-MCP mostraram melhores resultados no final do armazenamento (controle - 16,3N e AMA+1-MCP - 19,6N). Os teores de SS, para os tratamentos, sofreram uma redução durante o período de armazenamento. No entanto, observou-se que os frutos tratados com 1-MCP apresentaram valores superiores durante todo o experimento, que variaram de 12,1 a 13,4 °Brix.

CONCLUSÃO:
A associação Atmosfera modificada ativa + 1-MCP foi eficiente no que diz respeito à conservação de algumas características importantes para a qualidade comercial do caju (firmeza, vitamina C, sólidos solúveis).
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq/ Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte - FAPERN
Palavras-chave: 1-MCP, Atmosfera Modificada Ativa, Caju.