62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
NÚMERO-ÍNDICE: UMA ABORDAGEM BÁSICA PARA AS CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Alonso Barros da Silva Júnior 1
Samuel de Souza França 1
Kellyane Pereira dos Anjos 2
Frederico Monteiro Feijó 1
José Jeferson da Conceição Silva 2
André Maia Gomes Lages 3
1. CECA-Universidade Federal de Alagoas/UFAL
2. FEAC-Universidade Federal de Alagoas/UFAL
3. Orientador-FEAC-Universidade Federal de Alagoas/UFAL
INTRODUÇÃO:
Existem nas ciências agrárias o hábito de desprezarem certos detalhes pertinentes à parte metodológica, que muitas vezes passam despercebidos. Trata-se das diferenciações de preços nominais e reais, quando do uso de série de dados temporais. Em verdade, a utilização e precisão dos dados requerem a utilização de métodos de séries mais específicos, dadas as singularidades das culturas agrícolas, assim como na pecuária, no que diz respeito à sazonalidade da atividade econômica. Por outro lado e de forma diferente, acorre um problema muito grave: confundir as utilizações de valores reais e nominais; isso quer dizer, por exemplo, que não se faz a correção dos valores monetários dentro de períodos longos de tempo, desconsiderando o fenômeno da inflação ou mesmo da deflação, já que este é bem-comum. O presente trabalho teve como objetivo: (i) indicar o uso de certos indicadores e sua função dentro da análise econômica da atividade agropecuária, sem pretender esgotar o tema. (ii) revelar alguns dos passos básicos para fazer um trabalho nesse sentido com farto uso de dados atuais. (iii) ajudar a difundir o uso desses indicadores desconhecidos a boa parte dos produtores rurais brasileiros, principalmente aos estados mais pobres, como é o caso de Alagoas
METODOLOGIA:
Este estudo foi realizado com base na cotação diária de preços adquiridos para os produtos de arroz com variedades longofino TP2 e longo TP2, e feijão nas variedades mulatinho e carioquinha nos ano de 2007 a 2008, sendo aproveitados os dados encontrados no Instituto de Desenvolvimento Rural de Alagoas (IDERAL) http://www.ideral.al.gov.br/, fornecidos pela Central de Abastecimento de Alagoas S/A - CEASA/AL. Quanto aos dados referentes aos deflatores foram coletados no site da FGV, http://www.fgv.br/conjuntura_economica, especificamente na parte referente à tradicional publicação Conjuntura Econômica. Ali foram encontrados dados do Índice Geral de Preços IGP e IPA, no período que vai desde janeiro de 2007 a dezembro de 2008. Primeiramente, os dados foram todos trabalhados no Excel 2007, onde foram transformados os dados diários do CEASA em dados mensais, somando todos os preços e dividindo-os pela quantidade de dias úteis de cada mês, a partir disto foram feitos os cálculos para determinar os Índices selecionados; sendo o primeiro deles o índice de Sauerbeck. Para fim de efeito de cálculo de valores deflacionados com base no IGP-DI e no IPA-DI, foi realizada a mudança de base para permitir uma melhor compreensão dos valores corrigidos de forma que fiquem mais atualizados.
RESULTADOS:
Os resultados são referentes a dois produtos bastante comuns à mesa de um brasileiro: arroz e feijão; para os anos de 2007 e 2008. A seleção dos anos foi em função da especificidade de 2008, quando houve a crise alimentar mundial, momento este, em que cada pesquisador apontou uma causa, o que terminou não se chegando a um verdadeiro consenso predominante. Os resultados trabalhados comparam os resultados entre 2007 e 2008 em três facetas do mesmo problema. O cálculo do índice de inflação por Índice de Sauerbeck, comparado com valores reais relativos ao deflacionamento dos dados do Ideral a nível de atacado pelos deflatores IGP-DI e IPA-DI. Os resultados mostram diferenças relevantes entre 2007 e 2008. Neste último ano, apesar da relativa estabilidade, teve o maior pico em julho-junho, com aumento significativo dos preços do arroz. No caso do feijão, os dados apontam também para problemas no ano de 2008. Novamente, a mais forte oscilação foi justamente entre julho-junho. Deve ser acrescentada a esse caso a ocorrência de uma quebra de safra no Brasil nesse período, em uma das principais regiões produtores, localizada no interior da Bahia.
CONCLUSÃO:
Como resultado, pode-se fazer algumas ponderações. Primeiro o Índice de Sauerbeck é uma média aritmética simples, embora absorva os pesos de cada produto para formação de seu resultado. Apesar disso, não permite uma aferição rigorosa dos resultados por conta do próprio método ser passível de críticas. A vantagem do método é a facilidade de sua aplicação para medir uma inflação de um período qualquer, considerando o peso da variação do preço de cada produto. A desvantagem é que não serve como forma de deflacionamento e por isso tem um espaço de uso limitado. A desvantagem do uso do IGP-DI é a inadequação para fins agropecuários. O melhor indicador a conseguir captar melhor a crise nacional de preços desses dois produtos no segundo semestre de 2008 foi o IPA-DI, devido sua proximidade com as culturas trabalhadas e pela referência de trabalhar com preços de atacado. Do ponto de vista da economia rural, isso significaria para o produtor a necessidade real de aumento da oferta desses produtos, fato que poderia ser distorcido aos olhos do produtor, o uso de dados nominais; porque ele seria enganado pela chamada ilusão monetária, quando os preços crescem não necessariamente por causa da escassez de oferta, mas pelo próprio processo autônomo de crescimento do nível de preços.
Palavras-chave: Valores reais, Sazonalidade, Deflação.