62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
PROJETO INFORMÁTICA PARA A COMUNIDADE: UMA PERSPECTIVA DE INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL SOB O OLHAR DOS ALUNOS PARTICIPANTES
Maria Neuza Pedrosa Chagas 1
Maria Auxiliadora Soares Padilha 2
1. Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica - UFPE
2. Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica - UFPE
INTRODUÇÃO:

A motivação para este estudo partiu da observação de que surgem a cada dia diversos projetos de inclusão digital propostos pelo governo, seja federal, estadual ou municipal, numa tentativa de ampliar as possibilidades de acesso às tecnologias da informação e comunicação para a população menos privilegiada. Contudo, compreendemos que fazer a leitura de linguagens midiáticas requer dos usuários muito mais do que simples acesso a recursos tecnológicos, é preciso ressignificá-los, entendê-los para fazer uso deles de forma crítica, criativa e propositiva. Sabendo que o público mais atingido pelos programas e projetos de inclusão digital são os jovens, temos o interesse em procurar compreender como a participação dos alunos em um projeto de inclusão digital (Informática Para a Comunidade) dentro da escola pública do Recife contribui para a sua formação escolar, cidadã e profissional, ou seja, para sua inclusão social. Portanto, o estudo teve como objetivo compreender o impacto das ações do Projeto Informática para a Comunidade, para a Inclusão digital e social dos alunos na percepção dos mesmos. Para esta tarefa optou-se pela realização de um estudo de caso em uma escola pública estadual que se destaca na oferta do projeto, tomando os alunos como sujeitos da pesquisa.

METODOLOGIA:

A pesquisa enquadra-se na metodologia de estudo de caso definida por Yin (1989) por tratar-se de uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real. Os alunos matriculados no projeto foram os nossos sujeitos da pesquisa, no intento de verificar as contribuições propiciadas pelo projeto Informática para a Comunidade segundo os mesmos. Todavia, sentimos a necessidade de ter a participação do professor e do coordenador do projeto. Com o professor buscamos compreender como as ações do projeto contribuem para a formação geral dos alunos, enquanto que os encontros com o coordenador tiveram o objetivo de fazer um levantamento inicial das ações do projeto. Nosso campo empírico foi uma escola pública estadual que se destacou com o referido projeto. A coleta dos dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas com alunos participantes do projeto. A entrevista teve como objetivo compreender a percepção dos alunos sobre a possibilidade de serem incluídos digitalmente e quais as suas concepções sobre esse conceito. Os dados coletados foram analisados à luz da Análise de Conteúdo dos discursos dos sujeitos entrevistados.

RESULTADOS:
Os primeiros resultados do estudo apontam que as concepções demonstradas pelos entrevistados até o momento convergem para uma perspectiva técnica de inclusão digital evidenciando a necessidade do Projeto Informática para a Comunidade rever suas diretrizes para alcançar uma dimensão social. A dimensão técnica no projeto foi a concepção que mais se destacou na fala dos alunos entrevistados, como podemos ver na fala desta aluna, quando questionamos sobre o papel do projeto na inclusão digital dos participantes: (...) como mexer mais com o teclado, descobrir coisas que eu nunca vi. E é isso, essas coisas que eu acho. Muitas pessoas já adultas não sabem mexer no computador e logo cedo eu estou aprendendo. Essa visão técnica é compreensível, porém, na concepção de alguns autores permanecer apenas nesta dimensão não se constitui uma inclusão digital na sua plenitude, visto que é necessário considerar outras dimensões, como: política, cultural, econômica, cognitiva.
CONCLUSÃO:
O projeto Informática para a Comunidade encaminha uma excelente maneira de se conseguir uma inclusão social, cidadã, profissional, via inclusão digital, porém, se as diretrizes traçadas ficarem apenas em nível técnico alcançará apenas uma das dimensões apontadas por alguns autores (Ferreira e Dudziak, 2004; Lemos, 2002; Lèvy, 1999; Bonilla, 2002) que é apenas a digital ou técnica, voltada para a empregabilidade, contribuindo somente para redução estatística de analfabetos digitais. E, ainda podemos afirmar que estes poderão ser chamados de alfabetizados digitais funcionais. Entretanto, segundo o coordenador, o projeto encontra-se em reformulação, logo, espera-se que as mudanças venham a modificar também a concepção de inclusão digital posta no momento deste estudo.
Instituição de Fomento: Fundação de Amaro à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - FACEPE
Palavras-chave: Alunos, Inclusão digital e social, Projeto Informática para a Comunidade.