62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
SEDIMENTOLOGIA DA UNIDADE PSAMO-PELITO-CARBONATADA DO GRUPO PARANOÁ
Jessica Bogossian 1
José Elói Guimarães Campos 1
1. Universidade de Brasília
INTRODUÇÃO:
Os principais controles da deposição carbonática incluem presença de águas limpas, quentes e com ausência de suprimento de depósitos terrígenos, uma vez que o aporte de sedimentos terrígenos causa a diminuição da produção orgânica e consequente redução da sedimentação orgânica. Em outras palavras a sedimentação carbonática é inibida quando há o aumento da proporção de terrígenos na bacia. Entretanto, a presença de sedimentação mista em plataformas carbonáticas-siliciclásticas é relativamente comum no registro geológico. O objetivo do presente trabalho é estudar a Unidade Psamo-Pelito-Carbonatada do Grupo Paranoá e a Formação Sete Lagoas do Grupo Bambuí, na Faixa Brasília e determinar os controles e mecanismos da deposição simultânea de sedimentos terrígenos e carbonáticos. A área de estudo inclui a porção noroeste do Distrito Federal e seu prolongamento para norte no estado de Goiás, além das exposições da base do Grupo Bambuí sobre o Cráton São Francisco.
METODOLOGIA:
Para a realização das atividades realizadas no trabalho foram feitos levantamentos de campo realizados em outubro de 2008, etapa que constituiu parte de levantamento de dados de campo da pesquisa. Esta etapa foi responsável pela amostragem coletada em campo e posterior confecção de lâminas delgadas para observação petrográfica em microscópio de luz polarizada transmitida. Com base nos dados obtidos em campo e referências bibliográficas, foi possível montar um esquema com os principais tipos de plataformas e ambientes tectônicos em que a sedimentação mista ocorre.
RESULTADOS:
A sedimentação simultânea de carbonatos e siliciclásticos se dá em diferentes condições de lâminas d'água, em condições tectônicas contrastantes, em épocas cronestratigráficas distintas (desde o proterozóico até o fanerozóico), em diferentes condições de energia de deposição e por diferentes processos deposicionais (suspensão, tração, fluxo de detritos, construção orgânica e precipitação química). Outro contraste importante é o fato do sedimento terrígeno ser produzido por intemperismo e erosão na área fonte, é transportado até a bacia de deposição e então depositado em distintos ambientes. O material que origina os estratos carbonáticos é produzido na própria bacia de deposição em grande parte controlado pela atividade biológica (acumulação direta de carapaças ou a partir do metabolismo de microrganismos e invertebrados). Existem vários tipos de plataformas e ambientes tectônicos em que se desenvolve sedimentação mista. Os macro-controles da sedimentação simultânea carbonática-siliciclástica incluem: paleografia da embasamento da bacia, variações eustáticas em diferentes escalas de tempo, tectônica sin-deposicional e posicionamento e distribuição da zona fótica. A faciologia de sucessões carbonáticas associadas a plataformas mistas mostra que os calcários podem ser depositados por distintos processos em diferentes ambientes, desde porções internas da plataforma e fácies transicionais deltaicas, dominadas por marés (Spalletti et al. 2000) até em porções externas de plataformas sob domínio de tempestades (Rowe 2002). UNIDADES DETRITO-CARBONATADAS Topo do Grupo Paranoá A Unidade Psamo-pelito-carbonatada do Grupo Paranoá apresenta contato transicional com a unidade sotoposta, sendo marcada pelo aumento progressivo dos metargilitos sobre os quartzitos e metassiltitos. Esta unidade se distribui na porção norte do Distrito Federal e persiste de forma contínua em direção a norte (Freitas-Silva & Campos 1998). Representada por metalamitos siltosos, quartzitos médios, grossos a conglomeráticos, mal selecionados, preto a cinza escuros (película de matéria orgânica) e carbonatos interdigitados com rochas pelíticas e quartzíticas. Base do Grupo Bambuí A unidade basal do Grupo Bambuí ocorre na porção norte do Distrito Federal e de forma mais contínua nas margens do Cráton São Francisco, sendo composta predominante por material pelítico interdigitado vertical e lateralmente com lentes de rochas carbonáticas. Os pelitos são representados por folhelhos e siltitos. Calcários micríticos maciços ou estratficados, com contribuição de calcarenitos e calcilutitos compõem as fácies carbonáticas. Nas interdigitações ocorre um ritmito com intercalações de calcários micríticos puros e margas pelíticas.
CONCLUSÃO:
Em síntese a deposição da unidade de topo do Grupo Paranoá se processou em rampa mista controlada pela paleogeografia (presença de altos fundos) em margem passiva sob ciclo regressivo. Na sedimentação do Grupo Bambuí é considerada uma plataforma mista com baixos de marés e zonas elevadas ocupadas por carbonatos inclusive submetidos a exposições subaéreas ocasionais (presença de gretas de ressecamento, brechas lamelares e tee pees), cujo contexto deposicional se processou sob condições transgressivas pós glaciogênicas. O relevo com altos fundos coincide com a superfície erosiva (discordância) que limita os grupos Paranoá e Bambuí.
Palavras-chave: Plataforma carbonática-siliciclástica, Grupo Paranoá, Grupo Bambuí.