62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 4. Produção Animal
CARACTERIZAÇÃO DE PROPRIEDADES LEITEIRAS PARTICIPANTES DO SISTEMA AGROPECUÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA NA REGIÃO AGRESTE DO RIO GRANDE DO NORTE
Juliana Paula Felipe de Oliveira 1
Viviane Maia de Araújo 1
Mayara Leilane de Jesus Barreto 1
Cynthia Gabriela Fernandes de Araújo 1
Mirela Gurgel Guerra 1
Adriano Henrique do Nascimento Rangel 1
1. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias - UFRN
INTRODUÇÃO:
A qualidade e segurança dos alimentos são itens que cada vez mais os consumidores estão exigindo. Tendo em vista isto, as boas práticas agropecuárias passam a ser peça fundamental em todos os elos da cadeia produtiva, em especial na fase primária que é onde inicia toda a cadeia. Existem diversas iniciativas no sentido de valorização do leite que tenha qualidade. Há décadas os produtores almejam um sistema que premie o leite de melhor qualidade (Züge & Cortada, 2008). A certificação entra como um fator chave nesse processo, garantindo a conformidade do produto em relação aos padrões estabelecidos e permitindo ao consumidor conhecer a origem dos mesmos e de que maneira foram produzidos (Züge et al, 2003). A elaboração e validação da norma SAPI leite coordenada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) será publicada pelo Ministério da Agricultura (MAPA). Propriedades rurais que estejam de acordo com os requisitos da norma poderão passar pelo processo de auditoria e posterior certificação do leite (Züge, 2009). Objetivou-se caracterizar as propriedades leiteiras da região agreste do Rio Grande do Norte quanto aos procedimentos do setor de ordenha e qualidade do leite cru nas normas do sistema agropecuário de produção integrada.
METODOLOGIA:
No período de janeiro a março de 2010, foram coletadas amostras de leite cru de tanques de resfriamento em 10 propriedades localizadas na região agreste do Rio Grande do Norte. As amostras foram encaminhadas para o laboratório da Clínica do Leite (ESALQ/USP) para análises da contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT). O procedimento de coleta foi realizado segundo recomendações do laboratório. Em cada propriedade, aplicou-se um questionário para diagnosticar a atual situação do sistema de produção. No setor de ordenha os itens contemplados foi o tipo de equipamento de ordenha utilizado (balde ao pé; canalizada linha média; canalizada linha baixa), a limpeza realizada no equipamento (enxágue; limpeza alcalina-clorada; limpeza ácida; sanitização), o funcionamento do tanque (leite resfriado a 4°C no período de três horas após ordenha), a limpeza realizada no tanque e o procedimento de ordenha (teste da caneca, uso de papel toalha descartável, pré e pós-dipping). Os resultados da CCS e CBT foram agrupados em três classes, sendo considerado para CCS (1) < 300; (2) 301 a 750; (3) >750 (x mil céls./mL) e para CBT (1) < 50; (2) 51 a 750; (3) >750 (x mil ufc/mL). Para caracterização das propriedades, os dados foram analisados por meio da estatística descritiva.
RESULTADOS:
Das propriedades analisadas todas utilizam ordenha mecânica (duas canalizadas linha baixa, cinco canalizadas linha média e três balde ao pé). Dentre os procedimentos de limpeza do equipamento de ordenha, apenas duas apresentaram não conformidade. Todas possuem tanque de resfriamento em bom estado de funcionamento e adequado procedimento de limpeza, com exceção de uma propriedade. O item que mais apresentou não conformidade foi o procedimento de ordenha higiênica, que apesar de ser uma premissa básica, ainda necessita de treinamento da mão de obra. Quanto a CCS, apenas duas propriedades apresentaram-se na primeira classe com média inferior a 300 mil céls./mL de leite, considerado o limite máximo estabelecido para a certificação. Sete apresentam níveis inferiores a 750 mil céls./mL, enquadrando-se na Instrução Normativa Nº51(IN51) (BRASIL, 2002). Em relação à CBT, 50% das propriedades apresentaram níveis superiores a 750 mil ufc/mL, excedendo o limite máximo estabelecido pela IN51. Indicativo de que trabalhos de capacitação, principalmente, no setor de ordenha necessitam ser realizados. Em contrapartida, três propriedades apresentaram níveis inferiores a 50 mil ufc/mL, considerado o limite máximo estabelecido para a certificação.
CONCLUSÃO:
As propriedades necessitam de adequações nos procedimentos do setor de ordenha e na qualidade do leite cru. Ainda não atenderam as normas do sistema agropecuário de produção integrada de leite.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: certificação, ordenha, qualidade do leite .