62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
ALIMENTAÇÃO E FORMAÇÃO DE HÁBITOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DESENVOLVENDO O PENSAMENTO, CONSTRUINDO APRENDIZAGENS.  
Simone Rodrigues de Lima Costa 1
Aiene Fernandes Rebouças 1
Maria da Paz Siqueira 1
1. Escola Municipal Professor Arnaldo Monteiro Bezerra, SME - Natal/RN
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho é um recorte do projeto intitulado "Crianças e frutas: um delicioso festival de cores, sabores e saberes" desenvolvido no terceiro trimestre do ano de 2008, na turma de Educação Infantil do turno matutino da Escola Municipal Professor Arnaldo Monteiro Bezerra, constituída por vinte e duas crianças na faixa etária de quatro a cinco anos e duas professoras. Estudo este que surgiu a partir da pesquisa que teve como temática "As plantas no ambiente". Neste trabalho, percebemos que as partes das plantas que servem de alimento chamaram muito a atenção das crianças, em especial, às frutas. Tendo em vista que muitas delas apresentavam o hábito de já chegarem à escola com balas, salgadinhos, bolachas recheadas, refrigerantes dentre outras guloseimas a serem degustadas na hora da merenda, decidimos aprofundar mais o tema com o objetivo de desenvolver a formação de hábitos alimentares mais saudáveis, incentivando a inclusão das frutas na sua rotina nutricional, buscando valorizar atitudes relacionadas com a higiene, tendo a preocupação de respeitar as práticas sociais e culturais de cada criança, bem como as suas preferências e necessidades. Dessa forma, buscamos aproximar cultura, linguagem, cognição e afetividade em clima de liberdade e segurança.

METODOLOGIA:

Ao reconhecermos que as experiências das crianças com a alimentação estão intimamente ligadas à experimentação, priorizamos atividades nas quais atuassem na coletividade, estabelecendo relações e conexões entre os diversos sabores, cheiros, consistências e cores das frutas, construindo conhecimentos nas diversas linguagens de forma lúdica e prazerosa. Ao longo do estudo, as rodas de conversas e discussões sobre o assunto, a manipulação de frutas diversas em sala de aula, os registros através de desenhos e escrita, a aula de campo pelos arredores da escola, a realização de piquenique de frutas, a efetivação de jogos e brincadeiras diversas no pátio da escola, a visita ao mercadinho do bairro, as leituras de histórias infantis e textos diversos, a concretização de culinárias, a modelagem de frutas com massinha e as comilanças no refeitório, foram os procedimentos e estratégias empregadas para envolver a turma e atingir aos objetivos propostos. Para realizar tais atividades utilizamos materiais e equipamentos diversos como: água, sabão, facas, pratos, vasilhames, liquidificador, palito de churrasco, papel, câmera fotográfica, dentre outros. Vale salientar que o envolvimento e apoio dos pais e das merendeiras da escola foram de grande importância durante este processo.

RESULTADOS:

Através do projeto, as crianças descobriram a importância nutricional das frutas para a manutenção da saúde e, no decorrer do processo, foram substituindo os salgados e doces por bananas, maçãs, laranjas, etc. Durante as experiências vivenciadas, experimentaram frutas que antes da realização deste estudo, segundo os pais, mesmo sem nunca tê-las degustado, não aceitavam. Consideramos que este trabalho foi desenvolvido em um ambiente favorável à interação adulto/criança e criança/criança, rico em situações que provocaram a atividade e inúmeras descobertas, o prazer ao estimular o paladar, o conforto ao saciar a fome, a socialização nas muitas explorações e trocas de ideias, a afetividade nos diferentes rituais vivenciados com os companheiros e a formação moral e ética ao estimularmos atitudes de solidariedade e respeito para com os outros, particularmente durante a partilha das frutas que traziam de casa na hora de degustá-las. Cabe destacar que a satisfação foi o sentimento que acompanhou as atividades propostas e que o projeto foi desenvolvido de forma interdisciplinar com várias áreas do conhecimento (ciências naturais e sociais, linguagem oral e escrita, matemática e artes) e tornou-se fonte do desenvolvimento do pensamento e de inúmeras oportunidades de aprendizagem.

CONCLUSÃO:

Constatamos, com base nos resultados obtidos, que a reconstrução de hábitos alimentares é um processo cultural, formado na vida social, na experiência cotidiana das crianças, sendo a pré-escola local privilegiado para esta tarefa, já que neste ambiente deve haver tanto um planejamento maior em termos de fortalecimento de redes de significação, quanto um trabalho que propicie às crianças mecanismos internos de desenvolvimento e de compreensão sobre o que ocorre a sua volta pela mediação do educador. Temos a consciência de que a criança, para construir conhecimentos e modificar hábitos, precisa agir, perguntar, ler o mundo, criar relações, testar hipóteses e refletir sobre o que faz, de modo a reestruturar o pensamento permanentemente. Desta forma, consideramos ser necessário que a educação da criança em espaços coletivos de ensino continue avançando e que seja exercido o cumprimento de sua função: cuidar e educar com qualidade para facilitar a apropriação e a reconstrução de hábitos e conhecimentos, sendo imprescindível nesse processo, que a instituição encontre "[...] um ponto de equilíbrio entre a criança como futuro adulto e a criança como atualmente criança. Uma criança que desejo que seja feliz em suas qualidades de jovem, a começar pelo seu presente escolar". (SNYDERS, 2005, p.27).

Palavras-chave: Projeto, Desenvolvimento do pensamento, Aprendizagens..