62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 2. Oceanografia Física
CONDIÇÕES METEO-OCEANOGRÁFICAS NA PLATAFORMA CONTINENTAL ADJACENTE AO ESTUÁRIO DO RIO ITAJAÍ-AÇU, SC, DURANTE UM PERÍODO DE PRIMAVERA.
Eliane Cristina Truccolo 1
Carlos Augusto França Schettini 1
1. Lab. Oceanografia Física - Univ. Federal do Ceará - Instituto de Ciências do Mar
INTRODUÇÃO:
Os processos que controlam a hidrodinâmica da plataforma continental são decorrentes da atuação do vento, maré, ondas de contorno oeste, e dependendo da localização geográfica, da descarga de estuários. A plataforma continental adjacente ao estuário do rio Itajaí-açu caracteriza-se por ter uma orientação da linha de costa na direção norte-sul, ser relativamente larga e ter isóbatas alinhadas paralelamente à costa. Estas características permitem a alteração do campo de correntes e geração de significativas elevações do nível do mar devido a atuação de ventos norte-sul, local e remoto, podendo estas propagar-se para o interior do sistema estuarino e causar inundações, salinização de corpos de água doce, entre outros. O objetivo deste estudo é apresentar as condições meteo-oceanográficas na plataforma continental adjacente ao estuário do rio Itajaí-açu durante um período de primavera, caracterizando o campo de correntes e oscilações do nível do mar durante este período.
METODOLOGIA:
A hidrodinâmica da plataforma continental foi estudada a partir de séries temporais de correntes, nível do mar, ventos, pressão atmosférica e descarga fluvial durante 52 dias em condição de primavera (11/10 a 31/11/02). Os valores de nível do mar e correntes foram adquiridos a aproximadamente 4 km da costa (26°54'35"S e 48°37'29"W). Dados de velocidade e direção de correntes foram registrados a cada 1 m numa coluna de água de 10 m através de um perfilador acústico de correntes por efeito Doppler. Os dados foram registrados em intervalos horários a partir de médias de 3 minutos de aquisição contínua a 2 Hz. Os valores de pressão atmosférica e velocidade e direção de ventos foram cedidos pelo Climerh (Epagri) sendo obtidos junto a costa. Dados diários de descarga fluvial para o rio Itajaí-açu foram obtidos junto a Agência Nacional de Águas (ANA), para a estação fluviométrica de Indaial. As séries de correntes e ventos foram decompostas em componentes longitudinais e transversais de acordo com a linha de costa. Para obtenção do sinal em freqüência submareal (FSubM) foi aplicado o filtro de Lanczos. Análises estatísticas no domínio do tempo e freqüência, combinadamente com estudo de casos, foram realizadas sobre as bases de dados.
RESULTADOS:
As oscilações no nível de água estão relacionadas à maré astronômica. Os valores máximos e mínimos foram de 1 m. Em FSubM os valores máximos foram de 0,5 m associados a passagens de sistemas frontais. A corrente longitudinal apresentou direções predominantes no eixo norte-sul e com maior energia em FSubM, indicando uma relação às inversões do vento e menor influência da maré oceânica. As máximas velocidades foram na superfície: 60 cms-1 e de 25 cms-1 em FSubM. As componentes transversais de sentido leste apresentaram máximas velocidades de 57 cms-1 na superfície, e de sentido oeste de 20 cms-1 no fundo. A partir dos resultados e estudo de casos foi possível observar um padrão de variação similar das séries temporais: um aumento da tensão do vento proveniente de sul teve um correspondente aumento do nível do mar e similar resposta na componente longitudinal da corrente superficial (de sul para norte). O desnível produz um gradiente de pressão barotrópico entre a plataforma e a costa, e fluxos transversais com a inversão da corrente transversal passando de leste para oeste ocorrem. Com resultados obtidos com ondeletas foi possível verificar também a influência da pluma estuarina, no sentido paralelo a costa, na componente superficial da corrente longitudinal.
CONCLUSÃO:
Enquanto nas flutuações do nível do mar predominam os efeitos astronômicos, no campo de correntes longitudinais o efeito do vento local é o mais importante. As variações de nível do mar e correntes em FSubM foram diretamente relacionadas ao efeito local do vento longitudinal à costa, a partir do mecanismo de transporte transversal de Ekman. Com a origem de gradientes de pressões a partir dos desníveis do nível do mar, houve fluxo transversal a costa, principalmente em profundidades intermediárias da coluna de água. Porém, na superfície, a influência da dispersão da pluma é observada alterando a corrente longitudinal, evidenciando o efeito do estuário do rio Itajaí-açu na hidrodinâmica da plataforma continental adjacente.
Instituição de Fomento: Fundação Catarinense de Apoio a Pesquisa (FAPESC).
Palavras-chave: Hidrodinâmica costeira, Plataforma continental , Estuário do rio Itajaí-açu .