62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
Inibição do burst respiratório por micotoxinas
Rubens Ferracini Junior 1
Fernanda Ancona Tardelli 1
Virna Aina Mankievich 1
Aristeu Gomes da Costa 1
1. Lab II Microbiologia - Curso Farmácia - Centro Universitário Barão de Mauá - CBM
INTRODUÇÃO:
A "explosão" respiratória, é fenômeno celular comum em macrófagos, quando são produzidas formas reativas do oxigênio, de ação microbicida. O mais abundante destes é o peróxido de hidrogênio (H2O2). A produção destes metabólitos é importante para a conclusão do processo fagocitário, e a eliminação de microganimos fagocitados. Sua produção porém, é afetada por substâncias que interferirem nas vias do ácido araquidônico e tromboxano, essenciais no funcionamento imune. Micotoxicoses devem-se ao consumo de alimentos intensamente contaminados por micotoxinas, subprodutos do metabolismo fungico que interferem com metabolismo lipídico. Estas estão em todo alimento vegetal, e muitos de origem animal. As formas ditas naturais, encontradas nos vegetais, compreendem vários grupos de moléculas presentes em sementes de espécies como amendoin, milho, soja, feijão e outras leguminosas. Entre estas moléculas temos as aflatoxinas, ocratoxinas, fumonisinas, zearalenonas, produzidas por espécies de Aspergillus, Penicillium, Fusarium, Verticillium. Este trabalho estuda a influência de micotoxinas obtidos de Fusarium solani, Fusarium moniliforme e Fusarium oxysporum, sobre a produção de H2O2 por macrófagos murinos.
METODOLOGIA:
Este trabalho estuda a influência de micotoxinas obtidos de três espécies do gênero Fusarium (Fusarium solani, Fusarium moniliforme e Fusarium oxysporum), sobre a produção de H2O2 por macrófagos murinos. O gênero Fusarium concentra grande número de espécies produtoras de micotoxinas, algumas comportando-se como fungos endofíticos. Neste estudo, cepas dos três fungos foram cultivadas a 30ºC por 30 dias em Caldo Batata-Dextrose. Inativadas em presença de formoaldeído, foram filtradas em Whatman 40 inicialmente e membranas filtrantes num segundo momento. Em seguida foram concentradas em evaporador rotativo e dializadas contra água destilada estéril. Cada dializado foi seco e fracionado, e os componentes identificados como micotoxinas em cromatografia em camada delgada. Depois, foram inoculados em camundongos suíços, que após 72 horas foram sacrificados e realizada a lavagem intraperitoneal. Células do lavado, ressuspensas em solução salina tamponada, e realizada a contagem de células migratórias no peritôneo murino. Também foram coradas com azul de metileno para determinaçao do percentual de células ativadas. Finalmente, foram submetidas à reação de PRS, para determinação de H2O2 produzido. Controles não tratados ou tratados lipopolissacáride bacteriano correram simultâneos.
RESULTADOS:

Com todas as preparações de micotoxinas utilizadas houve redução nos níveis de H2O2. Essa redução  teve resultados mais expressivos em células de animais tratados com micotoxinas de F.solani. Médias de produção de H2O2, por micotoxina utilizado, foram: 4,55 nM F. solani, 6,01 nMs F. oxysporum e 7,55 nM F. moniliforme. O controle negativo apresentou um valor médio de 2,96 nM, e o controle positivo um valor médio de 17,75 nM. Esta redução na produção de peróxido de hidrogênio foi acompanhada de ineficiência no processo fagocitário  e na mobilidade celular. Os resultados obtidos indicam que micotoxinas, podem ser um fator modulador da atividade imune, influenciando eventualmente o desenvolvimento de infecções.

CONCLUSÃO:
As micotoxinas de espécies de Fusarium, podem ser um importante elemento modulador da atividade imunológica, uma vez que apresentaram capacidade de prejudicar a cinética do processo inflamatório, por interferir com uma célula chave nesta atividade, que é o macrófago. O processo de produção de metabóitos reativos do oxigênio não é exclusivo dos macrófagos, sendo também observado em neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Em muitas linhagens de macrófagos, a atividade já é observada em fases precoces de desenvolvimento, quando são ainda monócitos circulantes. É de se considerar portanto, que micotoxinas possam por um lado comportar-se como imunossupressores se ingeridas em freqüencia, mas também poderiam ser utilizadas como medicamentos anti-inflamatórios. 
Instituição de Fomento: Centro Universitário Barão de Mauá
Palavras-chave: Fusarium, micotoxinas, burst respiratório.