62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE MOBILIDADE E DESTINO DOS AGROTÓXICOS NA REGIÃO DA BACIA DO RIO JAGUARIBE - CE
Danielle Monteiro de Lima 1
Diógenes Passos Fontenele 1
Rivelino Martins Cavalcante 1
1. Instituto de Ciências do Mar - LABOMAR - UFC
INTRODUÇÃO:
A Chapada do Apodi possui um relevo dominante bastante regular, plano, uniforme, com declividade muito suave apesar da altura aproximadamente de 100m. Aliado a esse relevo, a disponibilidade de água proveniente dos açudes, Orós e Castanhão, torna a Chapada um dos maiores pólos frutícolas do país. Com o aumento da população mundial e a demanda crescente de alimentos o modelo de produção agrícola empregado baseia-se na utilização de agrotóxicos com o intuito de assegurar uma maior produtividade. O solo desempenha uma função importante no destino dos agrotóxicos na área agrícola, pois dependendo das propriedades físico-químicas dos agrotóxicos (solubilidade, pressão de vapor, coeficiente de partição octanol/água e coeficiente de sorção), os mesmos podem ser adsorvidos pelos constituintes do solo (matéria orgânica, conteúdo argiloso, minerais), bem como sofrer mobilidade (lixiviação), alcançando assim o lençol freático, governando o destino dos mesmos no ambiente. O objetivo desse trabalho é avaliar o potencial de mobilidade e destino de agrotóxicos na região da bacia do rio Jaguaribe.
METODOLOGIA:
15 Amostras de solos foram coletadas em diferentes localidades da Chapada do Apodi e nas margens do rio Jaguaribe entre os municípios de Limoeiro do Norte, Russas e Jaguaruana, de acordo com o método da EMBRAPA (1997). Atrazina, Aldicarb, Carbofuran, Lindane e Diuron foram os agrotóxicos escolhidos por serem utilizados na cultura da banana, a qual se destaca por possuir a maior área cultivada e maior valor econômico na região. As propriedades físico-químicas dos agrotóxicos foram retiradas da literatura, sendo o coeficiente de sorção obtido a partir da correlação entre modelos de previsão para cada agrotóxico em estudo e valores de pH, % matéria orgânica e teor de finos. A análise granulométrica, determinação do carbono orgânico e o pH foram determinados segundo metodologia da EMBRAPA (1997). O coeficiente de adsorção foi obtido pela relação entre coeficiente de sorção e teor de carbono orgânico. A partir dessas propriedades foram calculados os potenciais de lixiviação dos agrotóxicos por meio dos índices LIX, GUS e critério da EPA e avaliado seu comportamento ambiental.
RESULTADOS:
Os valores do coeficiente de adsorção variaram de 83,74 a 165,51 cm3/g para Atrazina, de 0,88 a 36,85 cm3/g para o Aldicarb, de 30,43 a 40,27 cm3/g para o Carbofuran, de 207 a 1060,55 cm3/g para Lindane e 249,11 a 429,82 cm3/g para Diuron. Uma análise geral dos resultados mostrou que Atrazina e Carbofuran apresentaram-se como potencialmente lixiviados nos 15 pontos em estudo, segundo todos os modelos utilizados. Aldicarb seguiu comportamento semelhante à Atrazina e Carbofuran utilizando o índice de LIX e critério da EPA, mas para o índice de GUS, o coeficiente de adsorção elevado em alguns pontos em detrimento de outros, bem como o curto tempo de meia vida classificou esse agrotóxico com uma tendência de lixiviação intermediária. Lindane apresentou-se inconclusivo para o critério da EPA por não apresentar um padrão nos resultados e nos pontos 3, 8, 9 e 10 como potencialmente lixiviados para os índices de GUS e LIX. O Diuron apresentou potencial de lixiviação apenas para o ponto 8 em todos os modelos utilizados. Atrazina e Carbofuran apresentaram baixos valores de coeficiente de adsorção em relação aos outros agrotóxicos, com exceção do Aldicarb, que embora possua um menor coeficiente de adsorção, o curto tempo de meia vida foi o parâmetro mais significativo na sua avaliação.
CONCLUSÃO:
O tempo de meia vida e o coeficiente de adsorção foram os parâmetros físico-químicos de maior influência na avaliação da mobilidade dos agrotóxicos no solo. Dos cinco agrotóxicos estudados, os que apresentaram maior mobilidade no ambiente e, portanto, grande probabilidade de alcançar os recursos hídricos foram a Atrazina e o Carbofuran. Aldicarb evidenciou a importância do tempo de meia vida quando o coeficiente de adsorção não é suficiente para uma conclusão confiável. Os valores dos modelos para Lindane e Diuron foram bastante divergentes, em relação aos outros agrotóxicos, dificultando uma avaliação segura da sua mobilidade. Isso mostra a dificuldade no estudo da dinâmica desses compostos de propriedades físico-químicas tão diferentes. Entretanto, esse trabalho possibilita a geração dados que oriente o correto monitoramento desses compostos no ambiente.
Instituição de Fomento: CNPq ;INCT-TMCOcean ;FUNCAP
Palavras-chave: Bacia do rio Jaguaribe, Coeficiente de adsorção, Mobilidade de agrotóxicos.