É comum dizer que o aprendizado da matemática depende de uma gama de fatores que torna seu ensino mais complicado.  Machado (1994; 9-17)  considera que as dificuldades que se apresentam como empecilhos no ensino desta disciplina esteja atrelada a falta de clareza  com relação ao papel que a Matemática desempenha e a visão difundida entre leigos  e especialistas de que a matemática possui características de precisão, de rigor, de neutralidade, que o universalizam.  Somos sabedores que o ensino da matemática não é somente a simples transmissão sistemática onde se vai obter quaisquer resultados fixos, é bem mais que isso. É uma busca de aprendizagem que leva a pratica da lógica e do raciocínio. Sabemos também que ela é um objeto próprio, e isso é um argumento para se trabalhar com recursos criativos. Com o uso dos jogos o professor vai proporcionar essa criatividade ao aluno e criar um meio mais agradável para a aprendizagem. Com base nessas discussões é que se buscou realizar o presente estudo.  A partir da  experiência vivenciada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Manoel Estanislau de Araújo, durante a disciplina de Estagio I, ofertado pelo Curso de Licenciatura Especifica em Matemática, através da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), foi possível  visualizar o jogo como estratégia de ensino. Dessa forma, essa pesquisa tem como objetivo analisar o uso de jogos pedagógicos como subsidio para ensinar  o conceito de divisibilidade.

A pesquisa ocorreu em dois momentos. No primeiro consistiu na observação da sala de aula com o professor em sala de aula utilizando  como recurso didático somente o livro didático, giz e a lousa. A técnica consistiu na explicação de conceitos e resolução de exercícios de fixação para fixação dos conceitos aplicados. Em quase todos os momentos, atividades eram copiadas diretamente da lousa. As anotações sobre o desenvolvimento das aulas foram anotadas no diário de campo para serem analisadas após a aplicação do jogo.  O segundo momento foi apresentado o jogo Fatorando, onde o tabuleiro que se formasse quatro equipes formada cada uma por cinco jogadores. Cada aluno recebeu uma folha para registrar os procedimentos realizados durante o jogo. Essa folha deveria ser entregue ao professor logo que o grupo concluísse as atividades. Esse material permitiu verificar quais as dificuldades apresentadas pelos alunos no desenvolvimento do jogo envolvendo o conceito de divisibilidade.  Dessa  forma participaram da pesquisa 20 alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. A pesquisa de campo ocorreu no período de 02 a  13 de novembro de 2009.

PRIMEIRO  MOMENTO : Durante as aulas havia uma boa participação, que ia se perdendo no decorrer da aula, muitos vão ficando dispersos, desatentos às explicações; o que tornou comum o surgimento de conversas paralelas, sendo necessário nossa intervenção; muitos resistiram em copiar e resolver as atividades em sala, dizendo que seria melhor resolvê-las em casa; mesmo usando a velha desculpa de que resolver em casa é melhor alguns dos alunos não os fizeram. Ao indagarmos qual o motivo de não fazer o exercício, foi muito comum dizer que não lembraram ou que não sabiam como resolvê-las. SEGUNDO MOMENTO: Durante o processo de aplicação do jogo foi possível verificar que os alunos mostraram-se interessados, a ponto de discutirem e trocarem idéias sobre o assunto. O jogo exigia que se tivessem alguns conceito de divisibilidade  o que dificultava o jogo em algumas das suas etapas. Com isso alguns dos alunos recorriam a nós para tirar as dúvidas, enquanto outros, mesmo com dificuldade procuravam resolvê-los utilizando o algoritmo  da divisão e discutindo com o colega da turma vizinha.  Sobre o registro realizado pelos alunos durante o jogo foi possível verificar que os alunos realizaram diferente estratégias para resolver as atividades propostas no jogo. Porém o que mais nos chamou atenção foi o fato de não haver desistência, ou seja, apesar das dificuldades enfrentadas  no conceito de divisibilidade os alunos permaneceram no jogo e se permitiram tirar dúvidas com os seus colegas e com o professor. No entanto, foi possível verificar que o sentimento de competição atrapalhou a finalização das atividades, pois alguns alunos com o intuito de concluir logo o jogo, terminaram por entregar as questões incompletas.

Na presente pesquisa pode-se constatar que muitos autores falam sobre a utilização de jogos matemáticos como auxiliador no ensino de matemática. Há muitos questionamentos e pontos de vistas diferentes no que se refere à aplicação desta técnica de ensino. Levando em conta o comportamento dos alunos durante a aplicação do jogo fatorando, que trabalha principalmente com divisão, como também analisando o desempenho dos mesmos após o jogo, conclui-se inicialmente que o jogo traz distração para as aulas, aumenta a participação da turma, desenvolve o trabalho em grupo e eleva o espírito de competição entre os alunos. Sendo assim, observou-se que o professor deve ter uma atenção especial ao jogo que envolve competição, pois se não trabalhado de forma correta, este excesso de competição atrapalha no auxilio da aprendizagem. Analisando o grau de funcionalidade do jogo no ensino de divisão, verificou-se que o desempenho dos alunos teve  avanços.  Assim sendo, o jogo no ensino da divisão tem caráter complementar, servindo apenas como apoio no entendimento das operações e não podendo ser usado como único método de ensino do conteúdo.  Sendo assim, o jogo fatorando é uma ferramenta útil, porém limitada. Acredita-se que esta ferramenta deve ser utilizada, mas não pode ser vista como a solução para os problemas de aprendizagem deste conteúdo matemático. A aplicação deste material serve principalmente para aumentar  o campo de visão dos alunos, que passam a relacionar divisão a fatoração.