62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS SOBRE ADESÃO AO TRATAMENTO
Simone Karine da Costa Mesquita 1
Regina Célia Damasceno 1
Jocelly de Araújo Ferreira 1
Rosana Lúcia Alves de Vilar 2
Rejane Millions Viana 2
1. Depto. de enfermagem, Universidade Federal d Rio Grande do Norte - UFRN
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de enfermagem, Universidade Federal d Rio Grand
INTRODUÇÃO:

Com o surgimento do Sistema Único de Saúde que surgiu a partir da Constituição de 1988, foram implementadas várias políticas entre elas a Estratégia Saúde da Família para o nível da atenção primária se propondo a ofertar um modelo de atenção integral a saúde articulando ações, promocionais, preventivas e de recuperação da saúde. Esta política, facilitando o acesso aos serviços de saúde; fortalecendo o vínculo com o usuário, família e comunidade; e estimulando o autocuidado a partir do reconhecimento dos problemas que afetam parte da população. Entre estes problemas destacam-se as doenças crônicas tais como a Hipertensão Arterial Sistêmica representando um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares e principal causa de mortalidade da população brasileira. Vale salientar que cerca de 60 a 80% dos casos podem ser tratados no nível primário da atenção, sendo fundamental a adesão e manutenção do tratamento. Diante da magnitude desta problemática, o presente estudo objetiva: identificar os fatores que facilitam e dificultam a adesão ao tratamento da hipertensão a partir da percepção dos usuários. 

METODOLOGIA:

A pesquisa caracterizou-se como um estudo exploratório descritivo, realizada em uma Unidade Saúde da Família do município de Natal-RN, tendo como universo populacional 156 hipertensos, cuja amostra correspondeu a 60 hipertensos. Os dados foram coletados através de fontes primárias e secundárias, com a utilização do Sistema de Informação da Atenção Básica vigente e aplicação de um questionário semi-estruturado e validado. Os dados foram analisados com a utilização de uma abordagem quantitativa e qualitativa revelando informações mensuráveis e subjetivas.

RESULTADOS:
A maioria dos hipertensos estudados não considerou a hipertensão como doença e 60% deles não referiram preocupação, por não trazer sintomas, nem limitações à vida cotidiana. Apesar desse não reconhecimento destacou como incômodos mais freqüentes as dores de cabeça, falta de ar, vertigens e tontura. Referiram como recurso terapêutico importante as atividades desenvolvidas em grupo que contribuem para o resgate da auto-estima. Quanto ao tratamento medicamentoso, todos os entrevistados referiram que estão fazendo uso do medicamento, contudo 59% não fazem uso em horários regulares por esquecimento. Foi também constatado expressivo contingente que interrompe freqüentemente o tratamento, reduze a dose prescrita e costuma usar apenas na presença de mal estar. Dentre os motivos do referido comportamento destacaram-se o receio de misturar as drogas com álcool, o medo de se tornarem dependentes das mesmas e a incerteza quanto à necessidade de usar medicamentos, já que se sentiam bem. Foi observado que alguns usuários do grupo se sentiam inseguros quanto à eficiência dos medicamentos.
CONCLUSÃO:
A pesquisa constatou que o sujeito associa o estado de adoecimento a dores físicas ou psíquicas, o que coincide como o não reconhecimento da hipertensão arterial como doença, refletindo na não adesão ao tratamento. Foi também observado no conjunto dos depoimentos prestados que é e grande importância para todos estar bem alicerçado nas suas necessidades de ordem socioeconômica, ter acesso aos serviços de saúde, e exercitarem práticas de autocuidado. No tocante a dimensão dos hábitos de vida, a ênfase do cuidado anunciado refere-se ao processo de escuta e de socialização, contribuindo assim para a  adesão ao tratamento e conseqüentemente a diminuição dos níveis pressóricos. Os fatores que dificultam a adesão estão relacionados à incorporação do uso de medicamento na vida cotidiana e, sobretudo a mudança nos hábitos de vida. Todavia acreditaram que a maior dificuldade para adesão é de ordem emocional, portanto  de caráter individual. Tais impressões apontam para a necessidade de um novo tipo de intervenção dos serviços que se baseia na lógica prescritiva para um modelo dialógico, como elemento de encontro terapêutico; essa mudança pode ser um facilitador da adesão ao cuidado no caso da hipertensão arterial.
Palavras-chave: Hipertensão, Processo de Cuidado, Adesão.