62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DE UM ARGISSOLO BRUNO-ACINZENTADO LOCALIZADO NA SERRA DA JUREMA, GUARABIRA - PB
Renaly Fernandes da Silva 1
Edileuza do Nascimento Oliveira 1
Annely Ferreira de Melo 1
Carlos Antônio Belarmino Alves 1
Luciene Vieira de Arruda 2
1. Depto de Geo-História - Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Prof. Drª/ Orientadora - Depto de Geo-História - UEPB
INTRODUÇÃO:

Para conhecer a diversidade dos solos na paisagem é necessário realizar levantamentos pedológicos, conhecer suas características e propriedades e classificá-los de acordo com um sistema taxonômico vigente. O Objetivo do presente trabalho foi classificar e caracterizar um perfil de Argissolo, de acordo com suas características físicas, químicas e com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS, 2006). O município de Guarabira situa-se no Agreste Paraibano, entre a vertente oriental do Planalto da Borborema e o Litoral Paraibano (Moreira,1988; IBGE, 2000; Arruda, 2008). A Serra da Jurema ocupa a porção noroeste de Guarabira, com altitudes até 360 m e compreende as unidades litoestratigráficas do Mesoproterozóico, representadas pela Suíte Granítica-migmatítica Peraluminosa Recanto/Riacho do Forno e pelo Complexo São Caetano, o relevo é marcado por elevações residuais, cristas e/ou outeiros, lombas alongadas, com vertentes dissecadas por vales fluviais estreitos e médias pluviométricas mais elevadas do que o entorno (1.325 mm/ano) (CPRM, 2002). Classificar os solos de uma determinada região é importante, pois tais conhecimentos permitirão mapear e caracterizar pontos de amostragens de solos, propor formas de manejo e conservação desses solos (Oliveira 1992).

METODOLOGIA:

Foi realizado o reconhecimento da área de estudo e  aberta uma trincheira para proceder-se a descrição morfológica, seguindo-se a metodologia de Santos et al. (2005). Posteriormente fez-se a distinção dos horizontes e a coleta de solo, totalizando cinco amostras, que foram analisadas em suas características físicas e químicas nos laboratórios de Física do Solo e de Química e Fertilidade do Solo do Departamento de Solos e Engenharia Rural do CCA/UFPB, conforme Embrapa (1997). As análises físicas consistiram na granulometria e classificação textural, argila dispersa em água (método da pipeta), grau de floculação, relação silte/argila, densidade do solo (método do anel volumétrico) e porosidade total. As análises químicas foram as rotineiras de fertilidade, com a determinação do pH em água, Fósforo, Potássio, Sódio, Cálcio, Magnésio, Acidez Potencial (H + Al), e Carbono orgânico. Descritas as características morfológicas do perfil de solo e as análises físicas e químicas, procedeu-se a classificação seguindo-se as chaves propostas pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBICS, 2006), até o 4ª nível categórico (sub-grupo).

RESULTADOS:

O solo estudado foi classificado na ordem dos Argissolos (SiBCS, 2006), por ser constituído por material mineral, areia, silte e argila. A profundidade do sólum (horiz. A + horiz B) registrada nesse perfil foi de 180+ cm, sendo influenciado pelas condições topográficas locais. Para o segundo nível categórico (subordem) a cor é o principal critério para classificar os solos. Dessa maneira, o solo analisado foi classificado em Argissolo Bruno-Acinzentado, por apresentar a parte superior do horizonte B pouco mais escurecida (bruno-escuro ou bruno-avermelhado-escuro) em relação aos outros subhorizontes inferiores, matiz 5YR ou mais amarelo, valor 3 a 4 e croma menor ou igual a 4, sendo que a espessura do solum ficou entre 60 e 100 cm. Com relação às outras chaves (grande grupo e subgrupo), o solo em estudo não possui classificação por não apresentar caráter alítico (SiBCS, 2006). Os níveis de pH influenciam indiretamente no desenvolvimento das culturas, considerando que a faixa ideal de pH para o cultivo seja de 5,5 a 6,5 (Malavolta, 2006). De acordo com os resultados encontrados, o solo em estudo possui bons níveis de pH, variando de 5,4 a 6,3, e apresentou altos percentuais de Ca2+ e Mg2 +, alta CTC e média saturação por bases (V%). 

CONCLUSÃO:

De acordo com as características morfológicas, físicas e químicas, o perfil foi classificado como Argissolo Bruno-Acinzentado, textura franco-argilosa, fase não pedregosa. Possui bons níveis de pH, uma boa disponibilidade de nutrientes e matéria orgânica, porém é um solo bastante susceptível à erosão e de difícil mecanização, por estar localizado em uma área de relevo forte-ondulado a montanhoso.Trata-se de um solo que não deve ser utilizado para culturas, sendo mais apropriado para a preservação da flora e fauna local, entretanto, no topo da Serra da Jurema existem pequenas áreas de relevo suave-ondulado que podem ser utilizadas com lavouras tradicionais e pastagem. O Argissolo em estudo no momento está ocupado com vegetação secundária, mas ameaçada pela prática do turismo religioso na área. Conhecer, caracterizar e classificar os solos de uma determinada região permite utilizar tais resultados como suporte para orientação técnica aos agricultores na decisão do que produzir, levando em consideração primeiramente a aptidão agrícola da terra e não a vocação do produtor, procurando minimizar as limitações do solo e maximizar a produção.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Levantamento Pedológico, Características morfológicas, Serra da Jurema.