62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
A MEDIAÇÃO PROFESSOR-TEXTO-ALUNO EM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: O PAPEL DOS CONHECIMENTOS PRÉVIOS E DA INTERTEXTUALIDADE NA COMPREENSÃO TEXTUAL NO DOMÍNIO DISCURSIVO ACADÊMICO.
Maria Prescila Tenório Nascimento de Lima 2, 1
Janaína Fernanda Dias da Silva 2, 1
Sandra Patrícia Ataíde Ferreira 2, 1
1. Universidade federal de Pernambuco (UFPE)
2. Grupo de Estudo e Pesquisa Linguagem Letramento e Leitura (GEPELLL)
INTRODUÇÃO:

Os cursos de formação de professores devem oferecer situações variadas de leitura aos professores e estudantes para que estes através das vivências em sala de aula possam contribuir no processo de produção de sentidos que é a leitura. Para isso, o conhecimento prévio como também a presença da intertextualidade figuram-se como elementos essenciais no processo de compreensão textual. Então, tem-se a leitura como produção de sentidos que se efetua através de um processo de interação entre interlocutores.

E como os estudos sobre a leitura de textos escritos por universitários, no Brasil, têm desconsiderado os contextos e as práticas de leitura vivenciadas por eles nesse tipo de instituição, faz-se importante investigar a formação do professor-leitor em cursos de formação superior visualizando as várias situações de letramento disponibilizadas pela universidade. Assim, objetivou-se: (i) verificar as situações de leitura vivenciadas em sala de aula, em contexto universitário, promovidas pelo docente; (ii) averiguar as estratégias de mediação geradas pelo docente para favorecer a interlocução aluno-leitor/autor; (iii) analisar a intertextualidade e a articulação entre as várias linguagens presentes na produção de sentidos do texto escrito realizada pelo professor e pelos alunos.

METODOLOGIA:

Para alcançar os objetivos pretendidos, foi selecionado pelo critério de conveniência, um professor da UFPE e a respectiva turma em que lecionava no momento da construção dos dados. Este tem aproximadamente 15 anos de experiência como docente no ensino superior e, no momento da construção dos dados, lecionava a disciplina Psicologia da Educação 7, para alunos de licenciaturas diversas. Nessa turma, havia um quantitativo de trinta e nove alunos, freqüentadores assíduos.

Foram realizadas sete observações considerando as aulas que trabalhavam diretamente com as discussões dos textos. Estas ocorriam duas vezes por semana. Para o registro das observações foram utilizados três mp4, lápis e papel para anotações em lócus. Os mp4 ficaram dispostos em lugares estratégicos da sala de aula para que as falas de alunos e do professor fossem registradas em áudio e o papel e caneta foram usados para registrar as notas feitas pelo professor, no quadro, durante a aula; esclarecimentos sobre algum momento da aula que não poderia ser compreendido apenas com o áudio, pois envolvia expressões corporais; relações feitas com aulas passadas, como também, para tentar identificar os participantes por alguma característica momentânea (roupa, acessórios).

RESULTADOS:

Verificou-se que o docente proporciona aos seus alunos a leitura silenciosa dos textos, em grupo, com posterior apresentação oral do que foi compreendido pelos integrantes de cada um destes grupos. Percebeu-se que o professor utiliza-se dessas situações para oferecer aos alunos a oportunidade de lerem os textos. Com esta prática de leitura em sala, o professor favorece a compreensão leitora dos alunos à medida que os mesmos necessitam realizar um resumo/esquema das ideias do texto, como também, possibilita o esclarecimento de possíveis dúvidas sobre o tema estudado no pequeno e grande grupo.

Como estratégia de mediação docente, verificou-se as perguntas/respostas utilizadas pelo professor, que eram tanto de natureza literal como inferencial e favoreciam a reflexão e a compreensão dos alunos sobre o texto lido em classe.

Durante as discussões dos textos foi verificada a presença dos conhecimentos prévios e da intertextualidade, fazendo-se notar a familiaridade com outros gêneros textuais, além de outras linguagens como o cinema e a música.

Dessa forma, professor e alunos, ao utilizarem-se da intertextualidade e articular os conhecimentos prévios das várias linguagens num movimento de paráfrase e polissemia (ORLANDI, 1996), significavam sobre o texto.

CONCLUSÃO:

Percebe-se que a metodologia utilizada pelo professor foi propícia à leitura e discussão dos textos em sala de aula. Com a estratégia de apresentação da produção de pequenos grupos para a turma, ele favoreceu ao aluno a seleção das informações mais relevantes do texto estudado, através da criação do resumo/esquema e da estratégia mediadora de pergunta/resposta, conduzindo os estudantes à reflexão do tema e à avaliação da compreensão textual por si mesmos e por parte do professor.

Através da ativação dos conhecimentos prévios dos participantes percebeu-se a articulação entre esses conhecimentos e o texto de forma a contribuir para a compreensão textual e gerar, assim a produção de novos conhecimentos. Afinal, como diz Kleiman (1997), sem o engajamento desses conhecimentos prévios não há compreensão.

Ao utilizar-se da intertextualidade, tanto o professor quanto os alunos saiam do texto para compreendê-lo melhor, pois, como afirma Marcuschi (2008), o texto monitora os seus leitores para além dele afim de que produza sentido numa atividade colaborativa.

Portanto, ao pensar na multiplicidade de sentidos que são produzidos pelos estudantes universitários, faz-se necessário continuar a investigar o contexto da sala de aula em curso de formação de professores.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - FACEPE, em forma de Auxílio à Pesquisa, e do CNPq, em forma de bolsa PIBIC.
Palavras-chave: Interação professor-texto-aluno, Contexto universitário, Leitura e compreensão textual.