62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 3. Biologia Geral
Anguilliformes da Plataforma Continental Externa e Bancos Oceânicos do Nordeste do BrasiL
Dinalva de Souza Guedes 1
Antonio de Lemos Vasconcelos Filho 2
Simone Ferreira Teixeira 3
1. Departamento de Pesca e Aquicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco
2. Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco
3. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
O conhecimento acerca da ictiofauna demersal marinha no Brasil vem aumentando progressivamente, contudo ainda há uma escassez de informações a respeito deste grupo (Caires et al., 2008), especialmente em profundidades maiores. O presente estudo aborda os peixes da ordem Anguilliformes coletados na plataforma continental externa, entre a foz do Rio Parnaíba (PI) e Salvador (BA), e nos bancos oceânicos da Cadeia Norte do Brasil e de Fernando de Noronha (PE), contribuindo com informações em relação à ampliação batimétrica de algumas espécies.
METODOLOGIA:
As amostras da ictiofauna foram coletadas durante prospecções realizadas pelo Navio Oceanográfico "Antares", da Marinha do Brasil (DHN), dentro do programa REVIZEE (Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva)-Score/NE, durante as Comissões Nordeste I (1995), II (1997), III (1998) e IV (2000). As mesmas foram realizadas com auxílio de uma draga retangular de ferro, com capacidade aproximada de 70 litros de sedimento, revestida internamente com malha de 0,5 mm. O material coletado foi lavado em um jogo de peneiras com malhas sequenciadas de 2,1 a 0,5 mm de abertura. Após a lavagem, foi realizada uma triagem para a retirada dos peixes, os quais foram imediatamente fixados em formol neutro a 4% para posterior identificação em laboratório, por meio de bibliografia especializada (Cervigón, 1991; Böhlke & Chaplin, 1993; Carpenter, 2002; Menezes et al., 2003).
RESULTADOS:
Foram coletados 184 peixes, pertencentes a oito ordens, dos quais 83 (45,1%) eram da ordem Anguilliformes. Com relação a esta ordem, a família Muraenidae foi a mais representativa com 79 (42,9%) exemplares do total de peixes amostrados, seguida de Ophichthidae com 2 (1,1%) e de Chlopsidae e Congridae com 1 (0,5%) exemplar cada. Para Muraenidae foram registradas as espécies Anarchias similis, Enchelycore nigricans, Gymnothorax funebris, Gymnothorax moringa, Gymnothorax ocellatus, Uropterygius macularius e Uropterygius sp; de Ophichthidae Apterichtus ansp; de Chlopsidae Chilorhinus suensonii; e, de Congridae, Heteroconger longissimus. Estas espécies apresentam ampla distribuição no Atlântico Oeste, sendo que C. suensonii, E. nigricans e U. macularius estão distribuídas dos Estados Unidos ao nordeste do Brasil e, as demais ocorrem até o sudeste ou sul do Brasil (Carpenter, 2002; Menezes et al., 2003). Com relação às espécies da ordem Anguilliformes, a que apresentou maior número de indivíduos do total de peixes amostrados, foi Uropterygius macularius com 44 (23,9%), seguida de Anarchias similis com 21 (11,4%) e Enchelycore nigricans com 6 (3,3%). Foi observada a ampliação da distribuição batimétrica de Chilorhinus suensonii de 8 m (Böhlke & Chaplin, 1993) para 40 m de profundidade.
CONCLUSÃO:

No Brasil, estudos a respeito da ictiofauna demersal, na plataforma continental externa e bancos oceânicos, provem de pesquisas esporádicas, devido ao seu alto custo. Entretanto, são fundamentais para a ampliação do conhecimento acerca da diversidade deste grupo de peixes. No presente estudo, as mesmas espécies observadas na plataforma continental interna ocorreram na plataforma continental externa e bancos oceânicos, tendo sido registrada a presença de Chilorhinus suensonii em maior profundidade.

Instituição de Fomento: PETROBRAS S.A.
Palavras-chave: peixes demersais, moréias, Atlântico Oeste.