62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DA HERPETOFAUNA NA ILHA DO ARAPUJÁ (ALTAMIRA - PA)
Celina Sousa Martins 1
Elciomar Araújo de Oliveira 1
Joyce Celerino de Carvalho 1
Marcos Diones Ferreira Santana 1
Dilailson Araujo de Souza 1
Hermes Fonseca de Medeiros 1
1. Universidade Federal do Pará/UFPA
INTRODUÇÃO:
A herpetofauna é o conjunto de espécies de répteis e anfíbios que habitam uma região. Os anfíbios são melhores bioindicadores do que os répteis, devido à maior sensibilidade a variáveis ambientais. Apesar disto, o estudo da herpetofauna como um todo permite maior poder de interpretação dos padrões observados. A altíssima diversidade da herpetofauna brasileira ainda é pouco conhecida, quanto a vários aspectos. Dentre estes se destaca a distribuição das espécies em diferentes escalas, desde a escala geográfica até os microhábitats utilizados. Este conhecimento é necessário para que o táxon possa ser empregado como bioindicador fornecendo embasamento para decisões quanto a intervenções nos ecossistemas. Neste trabalho são apresentados os resultados de um levantamento da herpetofauna da Ilha do Arapujá, uma pequena ilha do Rio Xingu (PA-Brasil). A bacia do Rio Xingu como um todo é pouco estudada. Estudos prévios detectaram a presença de números de espécies de répteis e anfíbios nesta região semelhantes ou maiores do que os encontrados em outras regiões mais bem estudadas, evidenciando a importância da área como abrigo para a diversidade biológica. Existe urgência na ampliação do conhecimento sobre esta bacia, pois está ameaçada por grandes projetos de hidrelétricas.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na Ilha do Arapujá, localizada no município de Altamira, (PA-Brasil), 3º13' S e 52º11'w, a menos de 800 metros do Campus Universitário de Altamira - UFPA. As coletas foram realizadas com o método de busca ativa, visual e auditiva, de dia e de noite. Os coletores se deslocaram em ritmo lento, vistoriando o ambiente, incluindo microhábitats que pudessem esconder anfíbios ou répteis. No momento da captura, foram anotados à hora, o local e o microhábitat onde o animal se encontrava. Indivíduos avistados e não coletados foram contabilizados separadamente, sempre que possível. O esforço de coletas foi quantificado de forma que para cada expedição o número de horas de busca era multiplicado pelo número de coletores. Os indivíduos coletados, ainda no campo eram introduzidos em sacos plásticos umedecidos, levados ao laboratório da FCB, fixados em formol á 10% e armazenados em vidros com álcool 70%. Todos os indivíduos foram separados em morfoespécie e identificados até, pelo menos, o nível de família. Foram calculados os valores de densidade de indivíduos e de morfoespécies por hora/coletor, assim como foi produzida a curva do coletor. Os dados foram comparados com os apresentados em trabalhos publicados que aplicaram o mesmo método.
RESULTADOS:
Foram realizadas 9 expedições de outubro de 2009 a março de 2010, totalizando 169 horas de amostragem. Foram coletados 29 animais e 11 morfoespécies. Contabilizando os animais não coletados (por ter sido possível a identificação em campo ou por dificuldade de captura), foram registradas 43 espécimes e 14 morfoespécies. Dentre os anuros, são mais freqüentemente encontrados exemplares da família Leptodactylidae, próximo a corpos de água. Dentre os répteis, são mais freqüentes Uranoscodon superciliosus (Tropiduridae) na vegetação de corpos de água, Gonatodes sp. (Gekkonidae) em partes baixas de troncos e espécimes da família Teiidae nas áreas desmatadas. O rendimento das coletas em números de indivíduos e de espécies foi inferior ao obtido em outros sítios já estudados da mesma região, onde foi aplicado o mesmo método. Os resultados obtidos com a coleta ativa, predominantemente visual, são corroborados pela baixa incidência de vocalizações de anuros na ilha. Os dados indicam que a herpetofauna da Ilha tem baixa densidade e diversidade. Este resultado pode ser atribuído a fatores naturais, como as enchentes anuais do Rio Xingu, assim como a fatores antrópogênicos, como incêndios e a eliminação de serpentes.
CONCLUSÃO:
Os dados até o momento obtidos indicam que a Ilha do Arapujá tem valores de densidade e diversidade da herpetofauna menores do que áreas próximas já estudadas. É possível que a ação humana tenha contribuído de forma relevante para o empobrecimento da herpetofauna desta ilha, mas não é possível no momento descartar a hipótese de que este padrão seja devido a causas naturais.
Instituição de Fomento: CNPq/PIBIC/AF
Palavras-chave: Inventário, Xingu, Biodiversidade.