62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
Significado da Dança Para Jovens Integrantes Dos Grupos De Dança Da Periferia Urbana Na Zona Norte De Natal-RN.
Maria Dilliany Lima Urbano 1
Karenine de Oliveira Porpino 2, 3
1. Departamento de Educação Física -Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UF
2. Departamento de Artes _ Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte- UFRN
3. Profa. Dra./Orientadora:
INTRODUÇÃO:

Essa pesquisa tem como objetivo caracterizar e contextualizar os grupos de dança da periferia urbana natalense, bem como analisar o significado da dança para os dançarinos. O contexto onde estão situados tais grupos é a Zona Norte da cidade, região na qual identificamos um considerável número de grupos de dança que costumam se formar nas comunidades em que residem geralmente para tentar atender a alguma necessidade do contexto. De maioria jovem, os grupos são compostos por estudantes, com faixa etária entre oito e vinte sete anos de idade. Apropriam-se do conhecimento em dança através de diversos meios de comunicação, por meio de amigos, teatros, participação em concursos e feiras culturais. Ressaltamos a importância de nos aproximarmos dessa realidade de produção em dança como forma de conhecer suas dificuldades, características, produções e sentidos por eles compartilhados, bem como compreendê-la como produção cultural que precisa ser reconhecida e refletida pelas instituições educativas locais tendo como base o fato da dança se constituir um conteúdo presente nos PCN de Educação Física e Arte.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada a partir do contato com os componentes grupos de dança citados para registro fotográfico e em vídeo e realização de entrevistas com os coordenadores (para catalogação dos grupos) e com os dançarinos (a fim de entrar em contado com suas compreensões de dança). As entrevistas foram realizadas com a utilização de aparelho digital, as respostas foram transcritas para o computador. As entrevistas realizadas com os bailarinos foram analisadas com base na Análise de Conteúdo Bardin (2004), na perspectiva de uma análise temática. Para a realização da análise foram consideradas palavras chaves das respostas dos dançarinos quanto sua compreensão sobre dança. Essas palavras foram agrupadas em blocos temáticos de acordo com a presença, a freqüência e os significados das mesmas nas falas dos sujeitos. Assim os blocos foram formados: EMOÇÃO, EXPRESSÃO DE SENTIMENTOS, E PRAZER; VIDA; ARTE; ESPORTE; CULTURA; PRÁTICAS PARA JOVENS E VELHOS; LAZER; ESTÉTICA, PRÁTICA SOCIAL QUE TIRA JOVENS DAS RUAS E PRÁTICA CORPORAL PARA A SAÚDE. Durante a realização da pesquisa identificamos 15 grupos, no entanto conseguimos manter contato sistemático para a realização da pesquisa com 7 deles, realizando entrevistas com seus coordenadores e entrevistando ao todo 32 dançarinos.

RESULTADOS:

A maior incidência de significados da dança foi a compreensão de que a dança significa emoção, expressão de sentimentos, e prazer. Outro bloco temático trata do fato de que dança é vida, ao menos três sujeitos assumem esse ponto. A dança também é tratada como esporte pelos dançarinos, seria um esporte que estaria cada vez mais representando respostas não planejadas, e em vários níveis de complexibilidade, em um equilíbrio entre prazer e restrição.
Dança também é arte e cultura, citada dessa forma por 14 dançarinos. Como uma manifestação social, a dança é ainda fenômeno estético, cultural e simbólico que expressa e constrói sentidos através dos movimentos corporais. Dança também aparece entre os dançarinos como sendo uma prática para jovens e velhos, essa abordagem é interessante por serem grupos de dança compostos por jovens, porém que reconhecem a atividade da dança para o idoso. Outra concepção é a de que dança é lazer, e mostra-se assim por estar situada no tempo livre das pessoas e criar atalhos para a alegria, satisfação e euforia. A dança possui outros sentidos, também presentes com menor freqüência como educação, estética e prática social.

CONCLUSÃO:

A partir das entrevistas aplicadas aos coordenadores foi possível caracterizar os grupos quanto ao nome, locais de ensaios, dias e horários dos encontros, número de componentes, bem como escolaridade, média de idade, profissão, função que os mesmo desempenhavam em suas comunidades, formas de acesso a informações sobre dança e processos de composição coreográfica. Registramos também o tempo de atividade dos grupos, tipos de dança vividos, assim como seus principais objetivos, imediatos e em longo prazo. A partir das entrevistas realizadas com os dançarinos percebemos que os significados da dança são diversos e estão ligados a forma como os grupos atuam em suas comunidades e ao tipo de informação a que os mesmos tem acesso. A dança nas diversas faces em que se apresenta para os jovens da periferia urbana da zona norte de Natal vem contribuindo não só para ocupar o tempo desses jovens, mas também para sua formação como sujeito, onde os mesmos buscam uma percepção subjetiva do que sentem na dança, insistindo em construir uma prática em dança mesmo longe dos meios institucionalizados.

Instituição de Fomento: PIBIC
Palavras-chave: Dança, Periferia, Natal- RN.